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segunda-feira, 30 de junho de 2008

Indomável – Uma Luta pela Liberdade

Indomável – Uma Luta pela Liberdade
Wangari Maathai, Bizâncio - Lisboa, 2007

“Indomável – Uma Luta pela Liberdade” é um livro surpreendente e verdadeiro sobre a vida de Wangari Maathai (Prémio Nobel da Paz em 2004).
No dia um de Abril de 1940 nasce esta voz de esperança mundial, num lugar recôndito das terras altas centrais do Quénia. Nesse tempo as árvores eram frondosas, a terra ainda era verde, fértil e fonte de subsistência. O solo era rico e húmido. Havia extensos campos de milho, feijão, trigo e legumes. A fome era praticamente desconhecida. É por esta terra verde que Wangari vai lutar toda a vida.
Para os locais, o Monte Quénia, conhecido como o Sítio da Claridade, o segundo mais alto do Quénia, era um local sagrado. Tudo o que era bom provinha de lá: as chuvas, os rios, os riachos, água potável. A vida era protegida pelos deuses do Monte Quénia. Mas este mundo começa a desaparecer ainda na infância de Wangari.
Os europeus tinham chegado ao Quénia no tempo dos seus avós, finais do século XIX. A Grã-Bretanha adquiriu o Quénia e os colonos recebiam títulos de propriedade para se instalarem nas terras de cultivo de trigo, milho, café, chá e de criação de gado. Muitas populações foram desalojadas e os nativos que se recusavam a ceder as terras eram levados pelos colonos para outros sítios. O tipo de economia assentava agora no dinheiro e os naturais vêem-se obrigados a trabalhar para poderem pagar os impostos. É neste contexto que se passa a primeira infância de Wangari. Os pais trabalham numa fazenda de Britânicos. As primeiras memórias da criança ocorrem a ajudar a mãe na fazenda a semear, a mondar e a fazer a colheita. Gostava sobretudo de “espreitar” as sementes para observar a germinação.
Por volta de 1947, uma transformação profunda começou a ocorrer. O governo colonial decidiu penetrar na floresta e estabelecer plantações de árvores exógenas – pinheiros, acácias predominantemente. Wangari recorda-se de enormes queimadas que destruíam as florestas naturais. Nas décadas seguintes os recursos hídricos do subsolo decresceram e por fim, os rios e os cursos de água secaram.
Wangari era uma criança mas quando regressava da escola não havia nada mais belo do que ver as sementes a germinar, as plantas a crescer até à maturação na fazenda onde os pais trabalhavam. Ficava encantada com a germinação do milho.
A capacidade de trabalho, organização e determinação levaram os pais a inscrevê-la numa escola dirigida pelas Irmãs da Consolata de Itália. Neste tempo poucas crianças tinham acesso à educação e foi com o maior gosto e facilidade que Wangari aprendeu a ler e escrever. Aprendeu inglês, geografia, história e matemática. Estes conhecimentos abriram-lhe os horizontes para a vida. Teve muitos bons resultados nos exames finais e em 1956 foi estudar para a Escola Secundária de Loreto, perto de Nairobi, capital do Quénia. Quando concluiu os estudos secundários em 1959, estava no fim a era colonial e foi necessário preparar jovens para cargos públicos e governamentais. É neste espírito que Wangari vai estudar para os Estados Unidos, ao abrigo de programas financiados por este país. Uma fundação dirigida pelo senador Kennedy responsabilizou-se por dar estudos superiores a vários jovens do Quénia. Wangari fazia parte destes jovens. Termina os estudos superiores e uma pós-graduação na área da biologia e regressa ao Quénia.
A estadia na América transformou Wangari. Começa uma nova fase. Para além do trabalho na Universidade de Nairobi, estava envolvida em organizações cívicas, entre elas, a Cruz Vermelha e o Centro de Ligação Ambiental. Gradualmente crescia nela uma consciência ambiental e a necessidade de agir urgentemente na sociedade civil.
Quando se deslocava ao campo, já não via os regatos da sua infância mas poças de lama e lodo. Os solos estavam em erosão. A vegetação era escassa, e as pessoas estavam desnutridas. Os deslizamentos de terra começavam a tornar-se frequentes e as fontes de água potável eram cada vez mais raras. Tal como na infância via as plantas a germinar, germinou na sua cabeça uma ideia: PLANTAR ÁRVORES. Sim, plantar árvores. Fundou o Movimento Green Belt. Ensinou as mulheres dos campos a plantarem árvores. Nem tudo foi fácil no inicio. Teve que lutar contra a ignorância, a ganância e a corrupção. Mais tarde surgiram apoios da ONU e estabeleceu parcerias com a Suécia.
Hoje este movimento está em acção em muitos países de África. Wangari e o movimento Green Belt plantaram trinta milhões de árvores. Cada árvore representa a luta de uma mulher que sempre viu no fracasso um desafio para seguir em frente. Esteve presa por contestar o projecto de construção de arranha-céus na maior cintura verde de Nairobi. Conseguiu evitar este erro imobiliário e devolveu, com a sua persistência, o parque às populações.
O seu lema é: “Levanta-te e Caminha”. Hoje continua a vestir a Terra “nua” mas não está sozinha. Pelo mundo fora muitas pessoas preocupadas com o planeta seguem-lhe os passos.
Pela sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, democracia e paz, a Academia Sueca reconheceu o trabalho ímpar desta mulher e do Movimento Green Belt, atribuindo-lhe o Prémio Nobel da Paz em 2004.
Hoje continua a intervir activamente nos problemas sociais, políticos e ambientais de África e de todo o Planeta.
A árvore é um símbolo de paz em África. Wangari quando soube que lhe tinham atribuído o Prémio Nobel da Paz, fez o que melhor sabe fazer: Plantou uma árvore.
O livro que acabei de resumir é a biografia desta força da Natureza que não desiste perante as adversidades da vida.
Leiam este livro e divulguem-no, desta forma estão a contribuir para a construção de um Mundo Melhor.
Isabel Laranjeira, docente de Filosofia da Escola Frei Rosa Viterbo - Sátão

sábado, 28 de junho de 2008

Há um tempo para ficar em silêncio e há um tempo para falar.
Kierkegaard

quarta-feira, 25 de junho de 2008


A recordação não tem apenas que ser exacta; tem de ser também feliz; é preciso que o aroma do vivido esteja preservado, antes de selar-se a garrafa da recordação. Tal como a uva não dever ser pisada em qualquer altura, tal como o tempo que faz no momento de esmagá-la tem grande influência no vinho, também o que foi vivido não está em qualquer momento ou em qualquer circunstância pronto para ser recordado ou pronto para dar entrada na interioridade da recordação.

Kierkegaard

quinta-feira, 19 de junho de 2008

FACTOS E FITAS

Foi publicado mais um número do jornal da EB2,3/S de Oliveira de Frades, "Factos e Fitas".

sexta-feira, 13 de junho de 2008

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Substituir pessoas será possível?

Hoje fala-se muito de clonagem, das suas vantagens e das suas desvantagens, mas será mesmo possível substituir alguém? Ainda não foi completamente demonstrado que sim e, na minha opinião, o homem não devia interferir dessa maneira no curso da vida. Clonar alguém é, de certa maneira, um roubo da identidade de uma determinada pessoa. Só o simples pensamento de encontrar alguém com o mesmo aspecto que o meu, mas evidentemente mais jovem, é algo muito chocante pois não seria eu, mas alguém com o meu aspecto, em tudo parecida comigo, mas ao mesmo tempo completamente diferente. Alguém com a sua própria personalidade, com os seus problemas, com os seus conflitos e batalhas. O homem não deve ter o poder de criar uma vida pelas suas próprias mãos, porque ele é um simples peão e não lhe compete ter esse poder extraordinário. É algo que nos ultrapassa, não podemos simplesmente dizer: “Hoje vou clonar a mesma pessoa”. Não temos esse direito.
Mas outra face da clonagem tem a vantagem de produzir órgãos a fim de substituir os doentes. É algo maravilhoso e nesse sentido, podemos afirmar que a descoberta da clonagem, apesar de todas as imperfeições que apresenta, é uma das maiores descobertas de sempre. Para mim, a clonagem só deverá ser permitida nesse caso, quando a pessoa envolvida precisa de um órgão saudável, que lhe permita salvar a vida. Esta é a minha opinião, a única vantagem da clonagem. Pelo simples facto de se clonar um indivíduo chamado XPTO por exemplo, que está morto, não faz com que ele regresse à vida; trata-se de uma “pessoa” com o mesmo aspecto, mas com uma personalidade própria, porque o ser Humano não é substituível.
Agora respondendo às perguntas, “Uma pessoa que sai pela última vez da mesa de operações após várias trocas de várias partes do corpo, quem é? Quem se deita na mesa de operações será o mesmo que sai?”:
Sai exactamente a mesma pessoa, não muda nada em termos psicológicos, na personalidade, na maneira de pensar, na maneira de ser ou de estar. O que muda é a parte do seu aspecto físico, mas a pessoa continua a ser exactamente a mesma. É basicamente como quando ainda somos crianças e os nossos dentes de leite caiem ou são extraídos, depois passamos a possuir outros, é claro que esses foram gerados por nós sem a intervenção do meio externo ou de terceiros (em ambos os casos existe uma perda). A única diferença para a mesa de operações é que os órgãos (por exemplo) não são nossos ou melhor não são gerados por nós e a única consequência disso é uma rejeição da parte do nosso corpo. Mas nós continuamos exactamente a mesma pessoa a nível psicológico; é claro que a nível físico poderá existir uma pequena diferença, mas a nossa personalidade não muda.

Sofia Almeida nº 6 12º A

Somos por natureza egoístas ou altruístas?

É errado dizermos que somos por natureza egoístas, ou simplesmente altruístas.
Na minha opinião, somos muito influenciados pelos momentos da nossa vida. Faz parte de nós sermos egoístas quando queremos a atenção só para nós. Mas o ser humano tem sentimentos, e é por norma um ser carente. Somos egoístas quando pensamos muito em nós. Mas há momentos em que temos que parar e olhar um bocadinho para a nossa vida, porque às vezes ninguém o faz no nosso lugar.
Sim, por vezes somos egoístas. Esquecemo-nos dos outros, e esquecemo-nos que não somos únicos no mundo. Agimos por nós e para nós. Queremos o melhor, queremos atenção, queremos tudo e todos e não queremos dar porque é nosso. E pergunto eu: Não será normal haver fases da vida em que temos que ser egoístas? Passamos a vida a ouvir dizer “tens que partilhar”, “tens que pensar no outro”, “não podes olhar só para ti”, e muito mais. Mas pensando bem, se não somos nós a pensar em nós de vez em quando, quem será? Alguém que está ocupado a fazer outra coisa? Vamos ser prudentes, não nos podemos dar ao luxo de ter sempre alguém disponível a pensar por nós. E porque temos que dar sempre um pouco de nós? Se nem sempre dão algo por nós? Não será importante para o ser humano, por vezes, querer tudo para ele, sentir-se bem e pensar que tem tudo de bom na vida?
Sei que estou a ser egoísta ao pensar assim, mas também não estou a referir que temos que ser sempre egoístas. Temos é que dividir bem as coisas: há alturas em que devemos pôr o nosso bem-estar de lado e pensar nos outros; por outro lado, há alturas em que não devemos esquecermo-nos de nós.
Para mim não faz sentido dizer que se as pessoas são egoístas não são altruístas. E vice-versa. É por isso que digo que é errado dizermos que somos por natureza egoístas, ou simplesmente altruístas. Talvez porque somos as duas coisas.
Tenho consciência que faz de nós melhores pessoas quando pensamos nos outros. E nós somos assim. Nós sabemos ver quando alguém precisa de nós. Não somos egoístas ao ponto de não repararmos em quem precisa. Há sempre alturas em que nos lembramos dos outros, nem que seja do nosso amigo. Que nos lembramos que ele existe e que precisa de nós. Damos sempre um pouco de nós. Nem que seja um sorriso quando alguém não está bem.
Somos seres carentes e ao mesmo tempo humildes. Falo por mim. Há coisas que não gosto de dividir, como por exemplo os amigos. Quero muito a atenção dos meus amigos, e quero sempre que eles sejam “os meus amigos”. Por outro lado, sou muito humilde e penso muito nos outros. Esqueço-me muitas vezes de mim porque os ponho sempre em primeiro.
Ou seja, para mim não é errado dizer-mos que às vezes temos que ser egoístas. Faz parte de cada um.
Portanto, pensamos em nós quando sentimos falta de alguma coisa e pensamos nos outros nas alturas certas.

Sara Oliveira
12ºA
Nº22

Terá o homem deixado de ser animal?

À pergunta quem é o homem, a resposta leva-nos directamente ao centro do problema. Se o homem fosse uma coisa então nós poderíamos perguntar o que ele é e defini-lo como definimos um objecto da natureza, ou então, um produto industrial. Mas o homem não é uma coisa e não pode ser definido do mesmo modo que definimos um objecto. Apesar disso, o homem normalmente é visto como uma coisa, É descrito como um operário, um gerente de fábrica, um médico, etc. Mas tais descrições dizem-nos apenas qual é a função social de um indivíduo. Por outras palavras: o homem é definido em termos de seu lugar na sociedade.
O homem não é uma coisa; é um ser vivo envolvido num processo contínuo de desenvolvimento. Em cada momento da sua vida, ele ainda não é o que pode ser e o que ainda pode vir a ser.
Relativamente à questão:”o homem será um produto da razão ou um produto do desejo?”, sou levado a responder que o homem é um produto da razão e um produto do desejo. Esta minha convicção assenta essencialmente no seguinte:
O desejo consistirá neste caso numa vivência sexual realizada, de sentir vontade de tocar e ser tocado por quem nos sentimos atraídos. Contudo entre o desejo e a acção existem motivações, vontades e intenções. O homem, ao contrário dos outros animais, leva a cabo as acções com base em objectivos e decisões. O homem empenha-se para manter a ligação entre a intenção e a acção que executa. Para o homem, o outro homem, seu descendente é, normalmente, produto de uma vontade de reflexão, de análise de consequências, em suma, de uma intencionalidade. O homem é um ser consciente e dado a esse facto, preocupa-se pela organização das suas próprias sensações, dispões da faculdade de projectar as consequências dos seus actos num futuro mais ou menos próximo, contudo, o homem pode em determinadas circunstâncias não ponderar devidamente os seus actos, não ponderar devidamente a consequência dos seus actos deixar que a força da emoção supere a da razão e acontecer que um homem seja produto do desejo. Em boa verdade o homem por mais que tenha evoluído não deixou e provavelmente nunca deixará de pertencer ao reino animal. Esta origem poderá contribuir para que o homem seja um produto consciente do desejo e é esta convicção que me leva a crer que o homem será sempre razão e desejo.

Luís Carvalho nº11 12ºC

MANUAIS ESCOLARES

Apresentamos os manuais das várias disciplinas leccionadas pelos professores do Agrupamento de Filosofia.

Filosofia 10º ano
Aires Almeida, Célia Teixeira, Desidério Murcho, Paula Mateus e Pedro Galvão, A Arte de Pensar – Filosofia 10º ano. Lisboa: Didáctica Editora. 2 volumes, ISBN 978-972-650-761-1. Preço: 21,53€. Oferta do caderno do estudante. O manual está adoptado por um período de 6 anos (até ao ano lectivo 2012/2013)



Filosofia 11º ano
No presente ano lectivo foi adoptado novo manual de filosofia para o 11º ano Aires Almeida, Célia Teixeira, Desidério Murcho, Paula Mateus e Pedro Galvão, A Arte de Pensar – Filosofia 11º ano. Lisboa: Didáctica Editora. ISBN 978 – 972-650-800-7. Preço: 27,48€. Oferta do caderno do estudante. O manual está adoptado por um período de 6 anos (até ao ano lectivo 2013/2014)


Psicologia B 12º ano
Manuela Matos Monteiro e Pedro Tavares Ferreira, Ser Humano – Psicologia B – 12º ano. Porto: Porto Editora. 2 volumes. ISBN 978-972-0-43297-1. Preço: 32,16€. Para o próximo ano lectivo far-se-á nova adopção.






Área de Integração
Elsa Silva e Rosa Moinhos, Área de Integração. Lisboa: Plátano Editora. 3 volumes (Pessoa, Sociedade e Mundo).

quarta-feira, 11 de junho de 2008

VIDAS FILOSÓFICAS



Daniel Dennett (n. 1942)
Daniel Clement Dennett (nascido em 28 de março de 1942, Boston, EUA) é um proeminente filósofo americano. Dennett estudou em Harvard e Oxford, e ensina hoje na Universidade de Tufts. As pesquisas de Dennet são canalisadas fundamentalmente para a filosofia da mente (relacionada à ciência cognitiva) e da biologia. Dennett é ainda um dos mais proeminentes ateus da actualidade. Para Dennett, os estados interiores de consciência não existem. Por outras palavras, aquilo que ele chama de "teatro cartesiano", isto é, um local no cérebro onde se processaria a consciência, não existe, pois admitir isto seria concordar com uma noção de intencionalidade intrínseca. Para ele a consciência dá-se não numa área específica do cérebro, mas em uma sequência de inputs e outputs que formam uma cadeia por onde a informação se move, a consciência se dá. A sua concepção da compreensão que temos uns dos outros, em termos de tomar uma "postura intencional", útil para a previsão e para a explicação, tem sido muito discutida. O debate diz respeito à questão de saber se é útil tomar essa posição em relação a objectos inanimados, e se a concepção faz verdadeiramente justiça à existência real de estados mentais. Dennett tem sido também um dos maiores exemplos de como a filosofia da mente precisa de estar informada sobre os resultados das ciências que a rodeiam. Algumas das suas obras são Content and Consciousness (1969), Brainstorms (1978), Elbow Room (1984), The Intentional Stance (1987) e Consciousness Explained (1991). (In Dicionário de Filosofia, de Simon Blackburn. Gradiva, 1997.)
Tem algumas obras traduzidas em português, das quais se destacam Tipos de Mentes, publicada em 2001 pela Temas e Debates; A Verdade Evolui, publicada em 2005 igualmente pela Temas e Debates e Quebrar o Feitiço, publicada já este ano pela Esfera do Caos Editores.

PROBLEMAS DE LÓGICA

1- Mostre o que está errado com o seguinte argumento:
Todos os grandes artistas são loucos.
Dali é louco.
Logo, Dali é um grande artista.

2- Identifique a seguinte falácia:
O Paulo, coitado, é um rapaz com muitos problemas pessoais; logo, merece passar de ano.

Resolução dos problemas do número anterior
1 – Mostre o que está errado ciom a seguinte definição:
“A maçã é algo vermelho e redondo”.
Uma boa definição deve reefrir todas as características fundamentais do tipo de coisa que queremos definir, de modo a incluir nela todas as coisas desse tipo, sem deixar nenhuma de fora. Por isso não podemos definir mação como algo vermelho e redondo, pois esta definição esquece todas as maçãs que não são vermelhas (definição demasiado exclusiva). Mas com esta definição estamos a incluir objectos redondos e vermelhos (como a bola) que não são maçâs (definição demasiado inclusiva).

2 - Tome-se a seguinte frase: “Esta frase é falsa.” Será esta frase verdadeira?
Este problema resolve-se da mesma forma que se resolveu o paradoxo do mentiroso, apresentado no número um da Katársis.

Poesia


DORES VENCIDAS
Olho para ti – dor.
Os teus olhos vítreos fixam os meus
de verdes, de água vertidos.
Dor…
Não fixes o teu olhar em mim,
não me derrotes já,
o caminho ainda é grande
e a minha vontade, alguma.
Dor…
Não me corrompas a vontade,
não me leves o sorriso
que preciso de contemplar o mar
que preciso beijar a mão de esperança.
Dor…
Não lances o teu manto lúgubre
não semeies o sofrimento nas estrelas
não plantes raízes na lua.
Deixa-me apagar as nuvens escuras,
deixa o sol iluminar,
deixa-me ter esperança.

António Paulo Gomes Rodrigues
05/06/2008

Poesia


SER-AQUI

Olho para trás –como se pudesse olhar.
Que veria? – quereria eu ver?
Só o presente existe.
Só este eterno bocejar do qual eu sou,
só esta partícula de mundo – que reclamo meu,
só a minha inócua existência.
Tudo mais é lembrança – nada foi.
Tudo mais é premonição – nada será.
Tudo o resto é fantasia.
Que alegres que são as crianças!...
E eu só e o presente.

António Paulo Gomes Rodrigues
13/04/1995

terça-feira, 10 de junho de 2008

NETFILOSOFIA


http://hermes-embuscadesophia.blogspot.com/
No dia 6 de Maio último, o grupo de Filosofia da EB2,3/S de Oliveira de Frades criou o blog Em Busca de Sophia. O blog já atingiu algum, relativo, sucesso, pois em menos de um mês foram editados mais de 40 artigos e teve mais de 1500 visitas. Apesar de jogarmos em casa (não há qualquer mal em publicitar o que é nosso) Em Busca de Sophia é a nossa sugestão deste número da Katársis.
Transcrevemos o artigo com que se iniciou o blog:
Em Busca de Sophia, vai ser o blog de Filosofia da Escola EB2,3/S de Oliveira de Frades.
O principal objectivo do presente blog é ser um precioso auxiliar nas aulas de Filosofia e um lugar de interactividade aluno-professor-saber. Com o blog é igualmente nossa pretensão diminuir o gasto da escola em papel, pois todos os documentos de apoio aos manuais adoptados irão estar sempre disponíveis on-line. Por essa razão o blog irá iniciar a sua actividade, de uma forma mais pujante, apenas no próximo ano lectivo, o que não impede que não se inicie já a postagem de algumas mensagens.
Mas não pretendemos que o blog se enclausure dentro da sala de aula de Filosofia. Queremos que ele seja uma janela aberta para a discussão de ideias em toda a comunidade escolar. Por essa razão, no próximo ano lectivo iremos, periodicamente, lançar temas para debate, principalmente na área da Ética Aplicada, esperando que as pessoas não se sintam constrangidas a manifestar a sua opinião fundamentada, publicando os seus comentários neste blog, que pretendemos ser de toda a escola.
No blog publicamos textos de interesse relativo às diversas áreas da filosofia leccionada nos 10º e 11º anos e por isso pretendemos que seja uma ferramenta de trabalhos para os professores e alunos de Filosofia da escola bem como de outras escolas que tenham interesse no blog.
O blog oferece outras funcionalidades: tem uma playlist onde podem ouvir algumas músicas bem como links de páginas da Web e outros blogs de interesse para a Filosofia.

Boas navegações…

LIDO E REGISTADO


LIVRE-ARBÍTRIO E RESPONSABILIDADE
Imagina-te a descer por uma rua, metido na tua própria vida, enquanto és subitamente confrontado por um assaltante. Sem consideração pelos teus desejos, ou sentimentos na questão, ele deita-te ao chão, tira-te a carteira, e afasta-se calmamente enquanto tu ficas a tratar das tuas feridas. Se existe tal coisa como uma acção livre, esta foi uma. Tu não te limitas a condenar o assaltante; tu e outros procurarão puni-lo, e sentir-se-ão zangados e ressentidos enquanto ele estiver livre. Ele é responsável pela tua perda, pelas tuas feridas, e pela ruína da tua paz de espírito: ele agiu deliberadamente ao causar-te sofrimento, e não se importou senão com o seu proveito próprio.
Imagina um caso ligeiramente diferente. Entregaste o teu filho por um dia ao cuidado de um amigo, tendo sido chamado a outro sítio por um trabalho urgente e sendo a criança demasiado pequena para cuidar de si. Sem má intenção, mas bebendo mais do que devia, o teu amigo deixa a criança entregue a si própria, tendo como resultado ela ser atraída até à estrada e ferida por um carro que passa. Nesta circunstância ninguém agiu deliberadamente para causar o ferimento à criança. Mas o teu amigo foi ainda assim responsável. A negligência dele foi o factor chave na catástrofe, uma vez que negligenciando o seu dever tornou o acidente mais provável. Dizer que ele negligenciou o seu dever é dizer que há coisas que ele deveria ter feito e que deixou por fazer. Estás zangado e ressentido, censura-lo; e atribuis-lhe as culpas pelo acidente à sua porta.Imagina ainda um outro caso. Pediste a alguém para olhar pela tua criança, o que essa pessoa faz escrupulosamente até que é subitamente chamada por um grito de aflição vindo da casa da porta ao lado. Enquanto ele está ausente, a ajudar o seu vizinho, que teria morrido sem o seu apoio, a tua criança deambula até à estrada e é ferida. Primeiro declaras a responsabilidade do teu amigo, estás zangado e recriminador; mas ficando a saber de todos os factos, ficas a ter o conhecimento de que ele agiu correctamente, dadas as circunstâncias, e que não é portanto de culpar.
Os três casos ilustram a ideia, fundamental a todas as relações humanas. Mostram que uma pessoa pode ser declarada responsável, não apenas por aquilo que faz deliberadamente, mas também pelas consequências daquilo que não faz. E mostram que a responsabilidade é mitigada por desculpas e aumentada pela negligência ou pela indiferença auto-centrada. Se se estudar a lei da negligência ou o conceito geral da “responsabilidade diminuída”, ver-se-á que a distinção absoluta que podemos ser tentados a desenhar, entre acções livres e não livres, não é mais do que um verniz filosófico numa distinção que não é de todo absoluta, mas uma distinção de grau. As pessoas são a matéria de uma constante contabilidade moral, e as nossas atitudes em direcção a elas são moldadas por isso. Este é o âmago da prática social, o qual confere ao conceito de liberdade o seu sentido.
SCRUTON, Roger, Guia de Filosofia para Pessoas Inteligentes, 2007. Lisboa: Guerra e Paz Editores S.A., pp. 122-123

LEITURAS



APRENDER COM AS COISAS Stéphane Ferret
Em 2007 as edições Asa iniciou a colecção “Ler & Saber” com a publicação do livro de Stéphane Ferret, Aprender com as coisas – uma iniciação à filosofia.
Este é um livro imprescindível para os estudantes de filosofia do 10º e 11º anos. O livro não é a enésima iniciação à filosofia. E também não serve, ao leitor mais apressado, para ficar a conhecer, rapidamente, o pensamento das grandes figuras da filosofia. É sim, essencialmente, um livro de pensamento, de reflexão – mas, afinal, não é isto a filosofia?
Recorrendo a um conjunto de temas principais, o autor convida-nos a uma apaixonante reflexão sobre a dúvida, as coisas, os outros, as espécies, a arte, a identidade pessoal, o espírito, a liberdade, a acção, o bem e o mal, a morte. Numa palavra: aborda toda esta série de temas apaixonantes que, ao longo dos tempos e das sociedades, constituem, o núcleo da matéria-prima de que se serviram homens muito diferentes entre si (os filósofos) para construir um património universal – o de “ler” a vida e o mundo, interpretando-os até, por vezes, ajudando a transformá-los. Todos eles, nos seus aspectos mais abrangentes, são pontos de partida para a filosofia. A originalidade desta obra – francamente inovadora numa área superpovoada por livros que em geral suguem um esquema mais ou menos exausto – é de facto bem visível na sua estrutura geral: após doze capítulos de exposição, sem recurso a quaisquer notas, o leitor é convidado a ler um post-scriptum em que Stéphane Ferret dá a conhecer os pensadores e as obras em que se inspirou.
É um livro pequeno (155 páginas), com uma linguagem muito acessível e por isso de fácil leitura. O livro ainda não existe na biblioteca da escola, mas deve ser uma prioridade a sua aquisição.
Boas leituras…

segunda-feira, 9 de junho de 2008

GLOSSÁRIO DE FILOSOFIA

A priori / A posteriori
1. Uma distinção entre modos de conhecimento. Conhecemos a priori uma dada proposição quando não recorremos à experiência para a conhecer. Por exemplo, uma pessoa sabe a priori que 23 + 12 = 35 quando faz um cálculo mental, não recorrendo à experiência. Conhecemos a posteriori uma dada proposição quando recorremos à experiência para a conhecer. Por exemplo, uma pessoa sabe a posteriori que o céu é azul quando olha para o céu e vê que é azul. Considera-se, tradicionalmente, que a lógica, a matemática e a filosofia são disciplinas a priori porque têm por objecto problemas cuja solução implica recorrer ao pensamento puro. A história, a física e a economia, por exemplo, são disciplinas a posteriori porque têm por objecto de estudo fenómenos que só podem ser conhecidos através da experiência; por exemplo: para saber em que ano Buzz Aldrin e Neil Armstrong foram à Lua é necessário consultar documentos históricos; para saber qual a taxa de inflação em Portugal em 2003 é necessário consultar dados económicos.
2. Diz-se que um argumento é a priori quando todas as suas premissas são conhecíveis a priori; e diz-se que é a posteriori quando pelo menos uma das suas premissas só pode ser conhecida a posteriori. Não se deve confundir o a priori/a posteriori com o analítico/sintético, nem com necessário/contingente.

Agnosticismo
A suspensão da crença em relação à existência de Deus. O agnosticismo forte é a ideia de que nunca poderemos descobrir se Deus existe ou não. Aquele que suspende a crença em relação à existência de Deus: nem acredita que Deus existe nem que Deus não existe.

Ateísmo
A afirmação de que Deus não existe.

Cognitivismo estético
Perspectiva filosófica acerca da arte, segundo a qual ela tem valor na medida em que serve para aumentar o nosso conhecimento. O cognitivismo estético é uma teoria funcionalista (ou instrumentalista), pois reconhece que a arte tem uma função, ao contrário do esteticismo. Um dos mais destacados defensores do cognitivismo estético é o filósofo americano Nelson Goodman.

Confirmação
Num bom argumento indutivo, as premissas confirmam a conclusão num grau elevado. Por exemplo, se observamos muitos corvos e constatamos que não há um único que não seja negro, encontramos assim dados que confirmam a hipótese de que todos os corvos são negros. Obviamente, não podemos ter a certeza de que esta hipótese é verdadeira, mas à medida que vamos observando cada vez mais corvos negros a probabilidade de a hipótese ser verdadeira (isto é, o seu grau de confirmação) vai aumentando.

Teísmo
Concepção acerca da natureza de Deus que defende serem as seguintes as suas características ou atributos: é o único criador do universo, é omnipotente (pode fazer tudo), é omnisciente (sabe tudo), é livre e é infinitamente bom. Esta ideia de Deus está associada às grandes religiões monoteístas e a discussão acerca da existência de Deus tem sido, em grande parte, a discussão acerca da existência de um Deus com estas características. É o Deus teísta que está em causa quando, em filosofia, se discute o argumento ontológico, o argumento cosmológico, o argumento do desígnio, e o problema do mal.

CURIOSIDADES FILOSÓFICAS



PARADOXO DA OMNIPOTÊNCIA
O paradoxo da omnipotência é o problema trivial de determinar se Deus, que pode fazer tudo, pode criar uma pedra tão pesada que não a consiga levantar. Se não a pode criar, não é omnipotente (porque até criaturas tão fracas como nós podem criar coisas que não podem levantar), mas, se a pode criar, também não é omnipotente, já que ao criá-la estaria a dar origem a algo que não poderia fazer (levantar o que tinha criado). Na solução habitual deste paradoxo admite-se que a omnipotência de Deus não se estende à realização do que é logicamente impossível, e faz-se notar que para ele (mas não para nós) é logicamente impossível que exista tal pedra.

SABES...



Sabes…não é propriamente o que eu sonhei, mas foi bom enquanto foi. Agora pergunto-me se não terá sido outro dos muitos erros que cometi e ainda vou cometer…E também me pergunto se me posso descartar disto, ou se preciso de pensar que ainda não acabou para sobreviver.
Pensei que ias ser alguém me que libertaria dos meus medos, alguém que me mostrasse o que é realmente bom para mim, alguém que iria cometer loucuras comigo para me provar que o amor não tem razão! Que é o sentimento mais louco que duas pessoas podem sentir!
Mas como é que eu consegui ver isso em ti? Se calhar não vi, queria ver e acabei por acreditar que era verdade.
Devia ter visto quem realmente lá estava, e não o príncipe com que sonhava, e que queria que fosses tu, mas tu não quiseste ter um papel tão importante na minha vida, ou se calhar queres ter um papel importante, mas não o papel que eu continuo a querer que tenhas.
Achava que tinha força para realizar isto sozinha…sim, porque sei bem que já estava a aguentar isto sozinha há muito tempo, mas também sei que isto é apenas uma ilusão, porque eu tinha um sonho, do qual tu fazias parte, mas que não era o teu. Apesar de tudo, ainda não me mentalizei que já acabou, porque sou uma caçadora de sonhos, luto até ao fim pelos meus sonhos, mas as lágrimas de dor e de raiva tiram-me as forças, tiram-me a espada que preciso de empenhar para vencer.
Mas como é que é possível? Tu fechaste-te numa cela cheia de correntes e impecilhos na fechadura cuja chave está perdida…
Mas começo a ficar verdadeiramente revoltada porque já não encontro razão nem objectivos em nada que tenha a ver contigo.
Sabes o que acho? O que toda a gente acha. Que tu não me mereces.
Ana Carolina – 10º B

Sociedade precária de mão dada com a fome


Numa era de globalização, em pleno século XXI, é difícil de acreditar que ainda exista na nossa sociedade uma pobreza assinalável. Quando pensamos em globalização, pensamos numa maior igualdade, onde todos nos compreendemos e ajudamos e onde todos temos os mesmos direitos e oportunidades.
Porém, tudo não passa de uma utopia, pois é cada vez maior a diferença entre o pobre e o rico, até porque para existirem ricos terá sempre de haver pobres. Na realidade a globalização veio vincar cada vez mais a diferença entre ambos. A economia está cada vez mais viciada, assistimos a uma conjuntura em que nada pode impedir os grandes grupos económicos de praticarem os preços que entenderem, os quais usam e abusam da falta de concorrência provocada pelos mesmos.
É certo que temos uma qualidade de vida bem melhor do que tínhamos à vinte anos atrás, mas será que o excesso de qualidade não põe em causa a nossa liberdade? As pessoas viviam com muito menos qualidade à vinte anos atrás, mas pareciam mais felizes e, será que hoje somos verdadeiramente felizes? Vivemos numa sociedade endividada, e desse grupo, destaca-se a classe média, que se tornou em grande parte escrava do dinheiro, por querer viver acima do que lhes é possível, por querer de alguma forma imitar os verdadeiros ricos com a influência dos “media”, e só consegue viver de algum “luxo” contraindo créditos atrás de créditos.
O mais grave não será o endividamento em si, mas sim o tempo desse mesmo endividamento. Se pensarmos que para comprar casa normalmente pagamos de vinte a quarenta anos, é tempo demais, e assim hipotecamos a nossa liberdade. É certo que temos de pagar, seja alugada ou comprada, mas condiciona a nossa liberdade, pois a responsabilidade é outra. Sabendo os bancos que ao contrair esse crédito por X anos teremos de pagar de uma maneira ou de outra, qual é o impedimento de subirem a taxa de juro sempre que queiram e ao valor que quiserem? Sabendo um patrão que um empregado está endividado e que necessita do vencimento por mais pouco que seja para pagar as suas dívidas, qual será a oportunidade que o empregado terá de negociar um melhor salário e as suas condições?
Então temos os ricos a ficarem cada vez mais ricos, a classe média a fingir que são ricos e caminharem para a pobreza sem o saberem, e os pobres cada vez mais sós neste mundo… uma sociedade global! Penso que não será este tipo de sociedade que queremos ter, não desta forma.
A importância dada ao dinheiro é obcecante… e na realidade o que é que vale? Compra na verdade muita coisa… mas será que compra o mais importante? Será que compra os verdadeiros valores da vida humana? Será que compra a verdadeira amizade? O verdadeiro amor? Será que o dinheiro nos ensina a partilhar?
O que na realidade tem valor é o que é raro…, o escudo já teve valor, e agora que valor tem? O ouro terá sempre valor, a prata, os diamantes… por mais que o mundo se destrua e que se extingue uma moeda, há valores que nunca se perdem, pois são raros. Quero incluir no valor de coisas raras a água e o alimento… não hoje, mas amanhã terá um valor bem mais alto se não tivermos consciência do seu valor hoje. Ainda hei-de ver o sal a ter um valor que já teve outrora. E porquê? Imaginem só um mundo sem electricidade…, lembrem-se dos hospitais, do que conserva a comida (frigoríficos), do que faz funcionar a indústria… e chegamos também à conclusão que a electricidade tem valor! E será que lhe damos o devido valor?
Cada vez mais são os habitantes na terra, cada vez menos são os produtores… com o melhoramento económico de alguns países como a Índia e a China, muitas pessoas desses países, felizmente, atingiram um nível de vida médio, que traz, como é óbvio, uma avidez no consumo, nomeadamente na qualidade alimentar. Só na China, quatrocentos milhões de habitantes atingiram um patamar médio de alimentação… Como chegamos aos supermercados e hipermercados e vemos as prateleiras cheias, nem damos conta de quem produz, e por quanto tempo irá durar a “fartura”… Claro que quem produz está preocupado com a realização de capital… produz-se para render dinheiro… não para alimentar os que passam fome! Então de onde parte o bom senso de combater a fome? De todos nós… racionalizar é preciso… não só para partilhar o que há de “fartura” hoje em dia, mas também para nos preparar para uma eventual escassez alimentar no futuro.
Chegamos então à conclusão que dependemos uns dos outros para (sobre) viver, e se dependemos uns dos outros, temos de aceitar as diferenças que existem entre nós, significa que temos de ser condescendentes uns com os outros, temos de saber perdoar, temos de ter a humildade suficiente para reconhecer quando erramos, pois o erro vive com o ser humano todos os dias. Errar não é grave, pois faz parte do equilíbrio humano. Com o erro aprendemos a não errar, a melhorar o que está mal. Assumir o erro é que se torna mais complicado, principalmente nos dias que correm… em que o erro se tornou o medo de todos, precisamente porque não somos condescendentes.
Quantas pessoas hoje em dia dizem que a vida está boa, que está tudo bem, quando perguntamos como é que a vida corre? Poucas! Para conseguirmos uma sociedade mais justa, temos primeiro de mudar a nossa mentalidade, temos de acreditar mais em nós, acreditar que somos capazes de superar as barreiras que nos são postas, uma vez que só assim avançamos para o nível seguinte…, acreditar que quem está ao nosso lado também consegue o mesmo ou melhor do que conseguimos.
É natural numa sociedade haver ricos e pobres, assim como terão sempre de existir estes dois extremos, haverá sempre o mal para praticarmos o bem, haverá sempre dor para termos prazer, é o ciclo inevitável da natureza, e o que podemos é encurtar os extremos e melhorar o que existe entre eles.
Não podemos mudar o passado, mas podemos melhorar o futuro…, pois compreender os erros do passado dá-nos respostas firmes para enfrentarmos o futuro. Tal como disse anteriormente, dependemos uns dos outros, o rico depende do pobre, o chefe depende do empregado, somos todos dependentes. Como tal, o mundo e a vida humana dependem do que cada um tem para oferecer e, se depender de mim, desejo uma maior dependência de todos nós. Reconhecer a dependência é aceitar e respeitar todos de igual forma, é aprender a viver em harmonia. Acreditem que a vida é bem melhor do que a que vivemos agora, basta acreditarem…

Não morras a pensar no que podias fazer, faz a pensar que vais morrer…

Pedro Lopes 10º Ano NA

A minha vida tem ou não sentido?


Não tenho nenhum propósito especial na vida, nenhum objectivo esclarecido que me faça lutar por algo realmente importante para mim.
No entanto, não sou totalmente conformista em relação vida. Tudo o que penso que está errado nela tento mudar e, lentamente, vejo os resultados desta minha atitude perante esta vida tão cheia de adversidades.
A felicidade para mim não existe. Existe, apenas, um conjunto de momentos felizes que nos fazem viver por vezes com um sorriso; quer no rosto onde qualquer um pode ver, quer no interior onde ninguém pode ver e apenas nós podemos sentir.
Eu sinto todos os dias esse sorriso interior que se manifesta, convertendo a alegria em forças para enfrentar os desafios que me são propostos pela vida. Talvez esta não tenha grande sentido, embora ainda não tenha reflectido o suficiente sobre este problema. Por conseguinte, vivo ao sabor do vento mas não me assusta ter que tomar decisões.
Há quem lhe chame irresponsabilidade, mas no que diz respeito à vida, cada um escolhe o modo como quer viver a sua.

Joana Raquel C. Campos
10º A nº6

domingo, 8 de junho de 2008

“Quem mal anda, mal acaba?”


Todos os dias somos bombardeados com notícias de assaltos, homicídios e desgraças afins provocadas por pessoas que estavam mentalmente perturbadas, ou sob o efeito de qualquer coisa que não deviam ter consumido. E o destino deles? Muitos fogem e não chegam a ser capturados, os outros normalmente, estão presos até ao julgamento, em que se constata que não há provas suficientes para serem condenados. A justiça falha! Por muito que tentem disfarçar e encobrir, é verdade. É verdade que já faz tempo que não assistimos a um castigo exemplar deum qualquer bandido, ou quando assistimos são muitas vezes as pessoas que exercem justiça pelas próprias mãos.
Eu continuo a creditar que o destino de uma pessoa é sempre influenciado pelas suas atitudes. Sou contra a felicidade eterna e a infelicidade para sempre. Até esses indivíduos a que chamam pessoas más conseguem ter ambas as coisas.
Por isso eu continuo com a inocente e convicta certeza de que todos são punidos pelos seus actos, nem que seja no mais infinito cenário, nem que depois da morte tudo se passe tal e qual Gil Vicente imaginou no seu “ Auto da Barca do Inferno”, mas “quem mal anda, mal acaba”.
Francisca Pinhão – 9º A

Estou farta…


“Estou farta…estou cansada” é uma das frases que me foge da boca em qualquer tipo de conversas sobre como foi o meu dia, ou como estão a correr as coisas em qualquer tipo de situação. Mas finjo sempre que este cansaço é simplesmente físico.
“Conforme o comprimento da nossa relação se ia encurtando, ele fingia que falava de rosas como eu, quando só pensava em cravos.”
Aquele espaço onde houveram encontros perigosos e quentes tornou-se também meu, uma parte de mim. Mas nesse espaço tão importante para nós, ou pelo menos para mim, entraram forasteiros, forasteiros que eu não quis que me tirassem do teu peito, aqueles que acabaram por te roubar de mim. Prometeste-me que ias ficar por perto, que ias tomar conta de mim…prometeste-me que eu ia ser diferente das outras. Prometeste-me que se eu saísse contigo me ias acompanhar até à porta de casa, se eu tivesse fome me compravas um lanche…promessas que não cumpriste, e que nunca vais cumprir.
De ti não sei, mas para mim a solidão é a cidade em que vivo, aquela cidade da qual não consigo sair, pois nem no meio de mil pessoas me sentirei bem, porque tu continuas a faltar-me.
E no meio de tantas maldades que me fazes por me quereres ver a sofrer, eu só consigo dizer que estou farta…que estou cansada…sem tomar uma atitude que poderia eventualmente tirar-me desta imensa dor.

Ana Carolina – 10º B

O porquê de sermos morais



Desde pequenos, somos incentivados a agir moralmente, mas nunca descobrimos o porquê de agir assim.
As pessoas mais velhas estão constantemente a fazer -nos acreditar que devemos seguir certos princípios, pois são os mais correctos. Mas, por outro lado, não nos dizem porquê, o que nos faz ficar com dúvidas em relação ao “fazer ou não fazer”, isto é, não sabemos se devemos ou não agir de algumas maneiras, porque não sabemos qual é a verdadeira razão pelo qual devemos seguir esses princípios.
Por exemplo, desde sempre fui ensinado a dizer unicamente a verdade e nunca a mentira, mas existem algumas situações em que penso que o melhor é mesmo mentir. Uma dessas situações é, por exemplo, o acto de sair a noite.
Muitas vezes quero sair com os meus amigos, mas os meus pais não me autorizam e a única maneira de conseguir sair mentindo.
È aí que me deparo com um grande dilema, pois eu tenho sido ensinado que nunca devo mentir, mas nesta situação decido fazê-lo, porque é melhor para mim, visto que fico mais feliz, e também porque não tenho nenhuma justificação para o facto de ter de dizer sempre a verdade.
Então, podemos concluir que a moralidade e difícil de compreender, e em certas situações até é difícil de aceitar, pois não sabemos o porquê de sermos morais.
Daniel Santos nº 10 - 10º B
Carlos Valério nº 8 - 10º B

Editorial

Após termos conseguido realizar os objectivos traçados no início do presente ano lectivo, ou seja, um número da Katársis por período, resolvemos promover uma edição especial desta revista, uma vez que havia ainda muito material para a sua realização e houve alunos mostraram algum descontentamento pelo facto de se terem esforçado na produção de textos e não terem visto os seus trabalhos publicados.
Queríamos aproveitar para agradecer a todos os colegas e alunos que acederam gentilmente a esta proposta do grupo de filosofia e que contribuíram para que ela fosse possível.
Como já devem saber, as revistas anteriores encontram-se on-line no blogue da Katársis, espaço onde poderão comentar os textos poemas e imagens apresentadas. Aproveitamos ainda para divulgar o blogue “
embuscadesophia.blogspot.com”, que se encontra igualmente referenciado na página da nossa escola e que apresenta excertos de livros e comentários, bem como outros assuntos de interesse.
No próximo ano, desenvolveremos esforços para continuar a promover e tentar melhorar as edições da Katársis (já conseguimos a capa a cores) e, nesse sentido, vamos procurar obter patrocínios que nos permitam oferecer prémios aos melhores textos/poemas publicados.
Os temas da revista são abertos pelo que apelamos à participação efectiva de outros colegas de outras áreas, no âmbito da interdisciplinaridade e de um mundo cada vez mais global.

Jorge Marques
António Paulo

quinta-feira, 5 de junho de 2008

EDIÇÃO ESPECIAL



A pedido de muita gente vamos editar mais um número da Katársis 2 este ano lectivo. Esperamos que gostem.