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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

“O ADVOGADO DO DIABO”, REFLEXÃO SOBRE O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO


Kevin Lomax (Keanu Reeves), é um jovem e brilhante advogado que nunca perdeu um caso, mesmo que não acredite na inocência das pessoas que defende. O sucesso é notado e recebe uma tentadora proposta para deixar a província (Gaisville), instalando-se em Nova Iorque numa poderosa firma de advogados dirigida pelo misterioso John Milton (Al Pacino), Mary Ann (Charlize Theron), a mulher de Kevin, é a primeira a insistir que algo está errado, tem estranhas visões demoníacas e gradualmente entra num estado de depressão, mas Kevin não se preocupa muito com isso, apenas pretende vencer caso após caso.
Este filme que fala sobre Direito e Lei funde-se perfeitamente numa esfera de escolhas e decisões, que é o livre-arbítrio tão retratado em diversas situações ao longo do filme.
Como já sabemos, o livre-arbítrio é a capacidade para arbitrar em liberdade. Somos livres quando o que fazemos resulta apenas das nossas deliberações, quando escolhemos que acção está mais de acordo com os nossos desejos, crenças e valores e quando sentimos que podíamos ter agido de modo diferente sendo as causas anteriores iguais. Sabemos também que ao agir livremente, somos moralmente responsáveis por tudo o que fazemos. Deste modo louvamos as pessoas solidárias, que se esforçam para o bem comum e que dão provas de valentia em situações adversas, e censuramos aquelas pessoas, que não respeitam os direitos dos outros, que são cruéis, e que causa sofrimento para satisfazerem os seus desejos e egoísmo. Sendo assim, a liberdade humana está ligada à consciência e por isso inserida em toda a acção intencional e consciente.
John Milton, de temperamento carismático e poderoso, é o homem que abre as portas de um mundo totalmente diferente para o jovem Kevin, um mundo de riqueza, de poder, de luxo, de fama, um mundo de infinitas possibilidades. A sua vida bem como as suas acções são totalmente controladas por John Milton (Diabo), o que coloca em risco a esposa, a felicidade e até a própria alma de Kevin, pois tendo aceitado um emprego, que parecia um paraíso, pode conduzi-lo para o inferno… Mas será que Kevin deixa-se ir pelo diabo?
Na última parte do filme, predomina a luta entre o bem e o mal assim como o livre-arbítrio. Kevin perde a sua mulher e descobre toda a verdade sobre o John Milton, de que ele é seu pai e ao mesmo tempo um demónio. Numa engenhosa conversa, John convence Kevin que ele próprio foi o responsável pela morte da sua esposa, pois sendo seu chefe teria-lhe oferecido várias oportunidades para deixar os casos e cuidar mais da sua mulher doente, porém a sua vaidade e ambição tinham, sido fortes. Outra das acusações que Kevin faz a John Milton, é que ele tinha manipulado os seus sentimentos, mas o diabo responde-lhe que a preocupação consigo próprio tinha sido o foco principal, esquecendo assim de Mary Ann. Kevin Lomax, consciente desta realidade arrepende-se, no entanto, Jonh não pretende o seu arrependimento, mas sim que ele tenha um filho com a sua meia-irmã, Christabella (Connie Nielson), a atraente senhora da empresa de advocacia. No entanto a decisão de Kevin tem de ser de espontânea e de livre vontade. Christabella tenta seduzi-lo com a sua beleza, mas ele recusa, não aceita pois sabe que o pai deseja pôr no mundo o Anti-Cristo. De seguida, olha para o seu pai e mata-se livremente, escolhendo o único caminho após tantos erros. A sua escolha resultou unicamente das suas ponderações. Por conseguinte, podemos dizer que ele foi livre. Entretanto, John mata a sua filha e por sua vez, grita e arde em chamas, transformando-se um anjo.
A cena volta ao início do filme, com Kevin na casa de banho do tribunal da pequena cidade da Florida onde o caso que mudaria a sua vida estava acontecendo. Numa fracção de segundo ele tem a oportunidade de olhar-se no espelho e vislumbrar o destino deste planeta dominado pelo egoísmo, pela vaidade e peça ambição desmedida e num estado de consciência e o alívio de ver Mary Ann, viva como antes, o estimula a tomar a decisão correcta de desistir do caso, uma vez que ele compreendeu que estava a defender o verdadeiro culpado e sai deste modo feliz do tribunal com a sua esposa, escolhendo o caminho do bem. Kevin percebe que durante todo o tempo estava a ser influenciado pelo seu pai, mas quando retrocede no tempo, pretende alterar o seu caminho e a sua vida, optando pelo bem. Quem, senão Deus pode dar uma segunda oportunidade àquele que errou e que manifesta ter optado por um caminho diferente?
Ainda quanto ao problema do livre-arbítrio, ele é considerado por muitos filósofos, um problema em aberto, pois não conseguem persuadir a maioria dos filósofos e consideram que não há qualquer resposta minimamente plausível.
Contudo não podemos viver sem o livre-arbítrio porque a experiência da liberdade é constitutiva da experiência de agir. Agir é pressupor o livre-arbítrio o que nos dá a completa autonomia para decidir a cada momento o que pretendemos realizar ao longo da nossa vida, qualquer decisão tomada por nós é da nossa inteira responsabilidade. Devemos interpretar correctamente o que nos é sugerido pois se dependêssemos somente do diabo e da sua egoísta e sombria visão perante o mundo estaríamos todos no inferno, no mundo do mal!

Viktorya Lizanets 10º C

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O DILEMA DOS PRISIONEIROS


No início da década de 1980, Robert Axelrod, sociólogo americano, fez uma descoberta notável acerca da natureza da cooperação. A verdadeira importância do resultado de Axelrod ainda não foi devidamente valorizada fora de um grupo restrito de especialistas. Encerra a potencialidade de alterar não apenas as nossas vidas pessoais, como também o mundo da política internacional.
Para compreendermos o que Axelrod descobriu, precisamos primeiro de saber algo sobre o problema que o interessou — um bem conhecido quebra-cabeças sobre cooperação chamado Dilema do Prisioneiro. O nome vem da forma como o quebra-cabeças é geralmente apresentado: uma escolha imaginária que se apresenta a um prisioneiro. Há muitas versões. Eis a minha:
O leitor e outro prisioneiro jazem em celas separadas da Esquadra Principal da Polícia da Ruritânia. Os agentes tentam fazer-vos confessar ter conspirado contra o estado. Um interrogador vem até à sua cela, serve um copo de vinho da Ruritânia, dá-lhe um cigarro e, num tom de amizade sedutora, propõe-lhe um acordo.
— Confesse o crime! — exorta ele. — E se o seu amigo na outra cela…O leitor protesta, alegando nunca ter visto antes o prisioneiro que se encontra na outra cela, mas o interrogador ignora a objecção e prossegue:
— Ainda melhor, então, se ele não é seu amigo; pois, como eu estava a dizer, se o senhor confessar, e ele não, usaremos a sua confissão para o engaiolar a ele dez anos. A sua recompensa será a liberdade. Por outro lado, se for estúpido ao ponto de se recusar a confessar, e o seu "amigo" na outra cela confessar, será o senhor a ir para a prisão dez anos, e ele será libertado.
O leitor pensa nisto durante algum tempo e percebe que não tem informação suficiente para decidir, por isso pergunta:
— E se confessarmos ambos?
— Então, e uma vez que não precisamos realmente da sua confissão, não sairá em liberdade. Mas, tendo em conta que estavam a tentar ajudar-nos, passarão os dois oito anos na cadeia.
— E se nenhum de nós confessar?
Uma expressão de desdém perpassa o rosto do interrogador e o leitor receia que ele esteja prestes a golpeá-lo. Mas o homem controla-se e rosna que, então, uma vez que não terão provas para a condenação, não poderão manter-vos lá dentro muito tempo.
Mas acrescenta:
— Não desistimos facilmente. Ainda podemos manter-nos aqui seis meses, a interrogar-vos, antes de os sacanas da Amnistia Internacional conseguirem pressionar o governo para vos tirar daqui. Portanto, pense no assunto: quer o seu colega confesse, quer não, o senhor ficará melhor se confessar do que se não o fizer. E o meu colega vai dizer a mesma coisa ao outro tipo, agora mesmo.
O leitor reflecte no que ele disse e compreende que o guarda tem razão. Faça o que fizer o estranho na outra cela, o leitor ficará melhor se confessar. Se ele confessar, a sua escolha é entre confessar também, e apanhar oito anos de prisão, ou não confessar, e passar dez anos atrás das grades. Por outro lado, se o outro prisioneiro não confessar, a sua escolha é entre confessar, e sair livre, ou não confessar, e passar seis meses na cela. Portanto, parece que o melhor a fazer é confessar. Mas, então, ocorre-lhe outro pensamento. O outro prisioneiro está exactamente na mesma situação. Se, para si, é racional confessar, também será racional para ele confessar. Assim, passarão ambos oito anos na cadeia. Por outro lado, se ninguém confessar, ambos ficarão livres dentro de seis meses. Como pode ser que a escolha que parece racional, para cada um dos dois, individualmente — ou seja, confessar — vos prejudique mais a ambos do que se decidirem não confessar? O que deve fazer?
Não há solução para o Dilema do Prisioneiro. De um ponto de vista puramente do interesse próprio (aquele que não toma em consideração os interesses do outro prisioneiro), é racional, para cada prisioneiro, confessar — e se cada um fizer o que é racional do ponto de vista do interesse próprio, ficarão ambos pior do que ficariam se tivessem escolhido de outro modo. O dilema prova que quando cada um de nós, individualmente, escolhe aquilo que é do seu interesse próprio, pode ficar pior do que ficaria se tivesse sido feita uma escolha que fosse do interesse colectivo.

SINGER, Peter, Como Havemos de Viver – a ética numa época de individualismo, 1ª edição, 2006. Lisboa: Dinalivro, pp. 242-244

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O QUE DIRIA SÓCRATES?


O último volume da colecção Filosofia Aberta da Gradiva intitula-se O que diria Sócrates?
Este é um livro imprescindível para os estudantes de filosofia, mas também para todo e qualquer público que se interesse minimamente por questões mundanas.
Este livro é uma prova admirável de como a filosofia está cada vez mais viva e actual. Nele, o leitor encontrará formuladas e respondidas muitas das questões filosóficas que certamente já se colocou nas situações mais banais e inesperadas da sua vida: por exemplo interrogações acerca do que é certo ou errado fazer em determinadas situações, acerca da morte, do valor da vida, da natureza da arte, do amor, do sexo, da guerra, da verdade, da tolerância, da linguagem. Trata-se de questões que centenas de pessoas comuns dirigiram a filósofos distintos, através do já mundialmente célebre sítio da internet askphilosophers.org, e às quais eles procuram responder de forma muito simples e acessível, mostrando que os filósofos não são aqueles seres esquivos e solitários que quase só falam uns para os outros, como se vivessem num mundo à parte. Tal como Sócrates, também estes filósofos discutem directamente com o cidadão comum, desafiando-o a pensar melhor e a reavaliar as suas ideias.
Que Diria Sócrates? é um livro inteligente e estimulante, que dificilmente deixará decepcionados tanto o leitor comum como o candidato a filósofo, amador ou profissional. Em especial, os professores de filosofia encontrarão aqui um manancial de exemplos interessantes e actuais de muitos dos problemas filosóficos discutidos nas suas aulas.
Em Que Diria Sócrates? são abordados problemas filosóficos tão diferentes como:
Se todas as vidas terminam com a morte, como pode a vida ter algum valor?
O tolerante deve tolerar a intolerância?
Não existe má arte?
É moralmente errado lucrar com os erros ou a estupidez das outras pessoas?
É moralmente errado dizer às crianças que o Pai Natal existe?
Estarei moralmente obrigado a dizer à minha parceira (ou parceiro) sexual se fantasio com outra pessoa quando estou a fazer amor com ela (ou ele)?
O valor da vida de uma pessoa diminui à medida que a idade dela aumenta? Não é verdade que a maior parte das pessoas escolheria salvar um indivíduo de dois anos do que um de sessenta? Há alguma justificação para esta escolha?
Qual a diferença entre um terrorista e um combatente pela liberdade?
As perguntas foram seleccionadas entre as muitas enviadas para o popular sítio da internet askphilosophers.org. Usando não apenas os seus conhecimentos sobre as ideias e os argumentos avançados por pensadores como Aristóteles, Camus, Locke e Sócrates, mas também as suas próprias reflexões, reputados filósofos contemporâneos tratam problemas difíceis num estilo acessível, pessoal e mesmo divertido. São problemas tão antigos e intemporais como a existência de Deus e o sentido da vida, mas também temas quentes da actualidade como a eutanásia, a guerra e a manipulação genética.
Tratando de problemas reais, formulados por pessoas reais de todo o mundo — médicos, advogados, pessoas sem escolaridade, idosos e até crianças — Que Diria Sócrates? dirige-se a quem procura esclarecimento e orientação para pensar criticamente sobre a vida e o mundo. Concorde-se ou não com as respostas — por vezes os próprios filósofos dão respostas discordantes entre si —, este livro recorda-nos as famosas palavras de Sócrates «uma vida não examinada não merece ser vivida» e, ao fazê-lo, encoraja-nos a pensar melhor e mais filosoficamente.
O livro ainda não existe na biblioteca da escola, mas deve ser uma prioridade a sua aquisição.

Boas leituras…

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

ANEDOTAS FILOSÓFICAS


Um homem escreveu uma carta para as finanças onde dizia: “Não consigo dormir sabendo que adulterei a declaração de impostos. Não declarei todo o imposto cobrável e enviei um cheque de 150 dólares. Se as insónias persistirem, enviarei o resto.”

Uma boa anedota acerca do emotivismo.

Morty chega a casa e encontra a mulher com Lou, o seu melhor amigo, nus na cama. No momento em que Morty se prepara para abrir a boca, Lou salta da cama e diz:
- Antes de dizeres alguma coisa, velho amigo, em que é que vais acreditar, em mim ou nos teus olhos?

Quem é que não descobriu que esta piada era sobre o empirismo?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Comentário do filme “I am Sam”


O que é ser deficiente?! O facto de uma pessoa possuir qualquer tipo de atraso mental, não significa que seja menos apta para trabalhar, casar, ter filhos, uma casa, conduzir... São pessoas normais que têm as suas limitações como todos nós temos. Se considerarmos que são deficientes por não conseguirem ter noção do perigo, do bem, do mal, das necessidades de outros, etc. então o nosso mundo está repleto deles. Os bêbedos, os drogados, os surdos, os cegos, os bebés, neste sentido, seriam todos “deficientes”. Talvez a única diferença seja a “doença” destes estar no cérebro. Pois bem, e depois?! São pessoas que têm direito è vida e a tudo de bom e mau que ela nos dá.
O Sam sofre de um atraso mental. Possui corpo de homem e cabeça de criança. Tem a mentalidade de uma criança de sete anos. Tem uma casa, um emprego, amigos e uma filha que acaba de fazer sete anos. Querem tirá-la porque dizem que ele não tem condições para a criar. Mas quais são as condições especiais, além de amor e afecto que mais se precisa?! Eu acho bom ser-se criança. Estas pelo menos dizem a verdade, choram quando o têm de fazer e principalmente são justas.
A vinculação é tudo isto. Cada pai/mãe dá aquilo de que é feito ao seu bebé. O Sam é feito de alegria, brincadeira, amor e preocupação. Talvez seja a perfeição. Mas o mais importante é a mensagem que o Sam irá transmitir à sua filha de nunca desistir das coisas, por muito impossível que pareça há sempre uma saída. O problema da questão é que a sua filha está a regredir na escola porque não quer que o seu pai saiba menos que ela. O pai é um ideal para qualquer filho e como tal, eles tendem a igualar-se. Aqui está o verdadeiro problema. O Sam seria capaz de demonstrar à sua filha que ela é a coisa mais importante e que ficaria orgulhoso em saber que ela é inteligente. Só que o Sam tem a mentalidade de sete anos. Como iria fazer entender-se?! Mas por mais difícil que seja expressarmo-nos alguém adivinha os nossos pensamentos, relação pai e filha.
Tirar um filho a um pai deve ser do pior que há no mundo. Para mim o melhor pai é aquele que percebe a necessidade do filho e sabe responder de forma firme e afectiva à sua necessidade. E acho que nisto o Sam tem todo o mérito.
Para mim não há nada melhor que um filho sentir-se desejado. Isto é raro ver hoje em dia, quando os pais “despejam” os filhos na escola o dia todo. Sendo à noite o único tempo que têm para estar com eles, que muitas vezes é compensado por uma ama. Pelo que vi no filme, o Sam nunca faltou à sua filha. Os médicos aconselham os pais a terem mais do que um filho, para fazerem companhia um ao outro. E o Sam é como um pai/irmão para a sua filha.
A conclusão que tirei é que a sociedade talvez esteja enganada. Porque quem é “deficiente” somos nós, os ditos “normais”. Somos nós que fazemos os filhos para sustentar um casamento, somos nós que os entregamos a não sei quem, somos nós que os enterramos num colégio a tirar um curso que não quer, somos nós que não falamos com eles. Os ditos “deficientes”, esses sim são pessoas “normais”, porque vivem numa sociedade que não é a deles, integram-se e depois ainda têm de se sujeitar a regras que não são para eles. Talvez sejam deficientes porque agem com o coração e não com a cabeça. E o mais importante de tudo, eles valorizam a entre-ajuda. Eis o seu sucesso!

Sara Fernandes 12º B

sábado, 24 de janeiro de 2009

Haverá algo de moralmente errado em abortar?


NÃO
O problema do aborto é controverso, intemporal, religioso e moral. Atravessa gerações, países, classes sociais. Foi tema de conversa no café, de discussão na Assembleia e de votação num referendo. Aborto: haverá algo de moralmente errado em abortar?
Para responder a estas e mais questões, elaborei o presente ensaio que visa argumentar e defender a minha posição face ao problema. A um problema que diz respeito a toda a gente, a um problema sobre o qual a maior parte das pessoas desconhece as leis e as verdades. Um problema onde existirão sempre dois lados, duas opiniões, dois modos de julgar.
Quem vê realmente algo de moralmente errado em abortar recorre, habitualmente, aos seguintes argumentos:
· a afronta que o aborto representa à dignidade da pessoa humana, considerando que, ao feto, é atribuída uma “alma” no momento de concepção, e portanto, abortar é um assassínio, um pôr termo à vida de um ser humano;
· o direito à vida. A maioria dos opositores concorda com o aborto em caso de violação da mulher, por ser a única circunstância em que a responsabilidade da gravidez não é sua.
Eu não acho que haja algo de moralmente errado em abortar. Não me acho capaz de cometer tal acto, mas não censuro quem o comete. Por vezes, acaba por ser melhor não ter uma criança, que sujeitá-la a um mundo onde ela ia sofrer. A mulher, melhor que ninguém, sabe as condições que tem para sustentar e educar aquela criança. Moralmente errado é ter filhos e espancá-los, abusar sexualmente deles, matá-los, explorá-los. Isso sim, é moralmente errado.
Se virmos por exemplo o argumento seguinte defendido pelos opositores - o feto é, em potência, um ser humano; todos os seres humanos têm direito à vida; logo, o feto tem direito à vida – é fácil constatar que estamos em presença de um mau argumento. O argumento em questão foge à questão. Em discussão está a segunda premissa, e por isso não podemos incluí-la num argumento. Se um ser tem potencialmente um direito, é falso que tenha, efectivamente, esse direito. Enquanto aluna desta escola sou potencialmente presidente da associação de estudantes; mas isso não me dá os direitos do presidente da associação de estudantes. Esta objecção acaba, também ela, por fugir à questão. Se o feto tivesse direito à vida desde a concepção, seria escusado falar-se de estatuto de potencialidade.
Se uma criança quando nasce tem direito à vida, e sabendo que não há grande diferença entre a criança dois minutos antes de nascer, e acabada de nascer, o direito é o mesmo. E, pelo mesmo raciocínio, teria o mesmo direito quatro minutos antes de nascer e assim sucessivamente até ao momento da concepção. No entanto, este argumento é falacioso. Utilizando um argumento análogo temos: o Manuel não é careca; o André tem menos um cabelo que o Manuel; logo, o André também não é careca. O Joaquim tem menos um cabelo que o André; logo, o Joaquim não é careca. Chegando ao caso do João, que não tem qualquer cabelo na cabeça. Ao dizermos que o João também não é careca, estamos a ser consistes, mas, no entanto, isso é falso.
Mesmo havendo pessoas que se encontram no limiar do careca ou com cabelo, há pessoas carecas ou não carecas. Assim sendo, o facto de um recém-nascido ter direito à vida, não implica que um feto de um mês também o tenha.
Os defensores do aborto, deparam-se sempre com um enorme problema: argumentar, perante os opositores que um feto não é um ser humano, mas um recém-nascido já o é.
Há várias fases que servem de critério, sendo os mais comuns: a concepção, a implantação, a forma humana, a aceleração, a actividade cerebral inicial, a actividade organizada do córtex cerebral e a viabilidade.
Um recém-nascido tem algo em comum com um adulto, e daí terem ambos direito à vida. Então, o que tem o zigoto em comum com um adulto e com um recém-nascido, que lhe permita ter direito à vida? Pois, além do fraco argumento da potencialidade, usado pelos opositores do aborto, não encontro outra maneira de mostrar que o zigoto tem direito à vida.
Entre o sexto e o oitavo dias, ocorre a implantação em que o feto se “agarra” às paredes do útero. No entanto, a implantação nunca pode ser o critério correcto. O que é que existe ao sexto dia que não exista no quinto? Embora ocorram alterações hormonais no corpo da mulher, a importância a nível moral de tal fenómeno não é bem clara.
A forma humana é adquirida pelo feto por volta das seis a oito semanas. Será que tendo o feto a forma humana passa a ter direito à vida? Será que se eu der uma forma humana a um elefante, ele passa, apenas por causa disso, a ter direito à vida? Não. Se já não o tinha antes, não é agora que vai passar a tê-lo.
Será que na altura em que a mãe começa a aperceber-se dos movimentos do feto (16/17 semanas), este passa a ter direito à vida, com base nos laços que se criam entre os dois? A mim, este parece-me um mau argumento. Se o feto não tem direito à vida quando começa a mexer-se, também não deve começar a tê-lo quando a mãe sente esse movimento.
A actividade cerebral inicial mais não é que a presença de actividade eléctrica naquilo que virá a ser o cérebro. Inicia-se normalmente por volta das 6/10 semanas. No entanto, é, por si só, um dado irrelevante.
Às 30 semanas de gestação, o feto começa a ter actividade organizada do córtex cerebral. Nesta altura, estabelecem-se ligações entre as células, que até aqui eram “pequenas ilhas” sem comunicação entre elas. A partir desta altura o feto começa a pensar e a ter consciência, algo que o relaciona com o adulto humano e com o recém-nascido. Na minha opinião, é nesta fase que o feto começa a ter direito à vida.
Viabilidade é o nome que se dá à altura em que o feto é capaz de sobreviver fora da barriga da mãe, ainda que com recurso a assistência e cuidados médicos, e acontece entre as 20 e as 23 semanas. Há quem defenda que é nesta altura que o feto passa a ter direito à vida, pois já não precisa da mãe. Mas sabendo que a altura de viabilidade está directamente relacionada com a qualidade da tecnologia disponível, este argumento tem fragilidades. Quer dizer que, futuramente a viabilidade pode passar a ser mais cedo, logo o feto tem direito à vida mais cedo?
Por tudo isto atrás explicitado, não consigo achar moralmente incorrecto alguém abortar. Porque mesmo que se considere que o feto tem direito à vida desde o momento de concepção, e recorrendo a um argumento de Judith Thomson “mesmo que os fetos humanos tenham o direito moral à vida, o aborto é eticamente permissível, já que o direito moral à vida não implica o direito a beneficiar do corpo de outrem para assegurar a própria vida.” Mas sem querer entrar em campos mais sensíveis, acho que há argumentos bons e argumentos maus para ambos os lados, mas os argumentos que sustentam a opinião de que abortar não é moralmente errado, trazem mais benefícios para todos. Cada pessoa deve ser capaz de tomar as suas decisões, sem estar sob a pressão da censura de que vão ser alvo. Até porque eu acho que, mesmo concordando com a minha tese, quem faz um aborto, nunca fica de consciência tranquila, talvez por motivos que ultrapassam a simples opinião.

Francisca Pinhão, 10ºB nº 16

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Haverá algo de moralmente errado em abortar?


SIM
O aborto é um problema moral bastante complexo e as objecções a ambas as posições são inúmeras. A questão do aborto reside em ser moralmente correcto ou incorrecto. A posição deste está também relacionada com o estatuto moral do feto.
Eu considero o aborto moralmente errado por isso o meu objectivo é apresentar algumas razões para apoiar esta tese.
As definições dadas pelos defensores e pelos críticos do aborto divergem bastante sendo praticamente simétricas: os anti-abortistas defendem que os fetos possuem um certo código genético, característica que é simultaneamente necessária e suficiente para que estes possuam a propriedade de um ser humano; os defensores da posição pró-escolha afirmam que os fetos não são nem agentes racionais nem seres sociais e, como tal, não são seres humanos. Desta forma, a moralidade do aborto depende de se saber se o feto tem ou não estatuto moral, o qual lhe confere o mesmo direito à vida que nós e em virtude do qual será errado pôr fim à sua vida.
Um dos argumentos centrais contra o aborto é: é errado matar um ser humano inocente. Um feto humano é um ser humano inocente. Logo, é errado matar um feto humano. Usualmente, a segunda premissa é a negada pelos apoiantes do aborto mas, analisando bem, no desenvolvimento desde a fertilização do óvulo ao nascimento, não existe uma fase em que possamos assinalar uma linha divisória moralmente significativa até onde é admissível matar. Portanto, dizer que é permitido matar um embrião é dizer que os pais podem matar os seus filhos e, moralmente, isto não é aceite. Logo, os fetos têm os mesmos direitos de protecção que as crianças. A linha divisória não pode ser a do nascimento porque: estar dentro ou fora do corpo da mãe, não o torna menos digno; pelo facto de o feto depender da mãe não significa que esta tenha o poder de decidir se pode ou não continuar a mantê-lo; apesar de ter sido defendido pelos religiosos, com o tempo e com as novas técnicas, provou-se que o feto antes de ser sentido já se move.
A vida é a pior perda que podemos sofrer, porque a sua perda priva-nos de todas as experiências, actividades, projectos e prazeres que iriam fazer parte do nosso futuro e que valorizamos agora ou iríamos valorizar. Esta perspectiva tem consequências óbvias para a ética do aborto, uma vez que um feto normal tem um futuro que inclui todo um conjunto de experiências, actividades e projectos. A perspectiva dos anti-abortistas está, assim, sujeita a objecções. Consideremos alguém que não valoriza agora o seu futuro pessoal e que, devido a um desequilíbrio psicológico, será sempre incapaz de vir a valorizar as suas experiências no futuro. Embora essa pessoa tenha um futuro, não tem qualquer desejo corrente e actual de o preservar e nunca virá a ter esse desejo. Desta forma, no princípio do “futuro” defendido pelos anti-abortistas, não pode haver qualquer razão para o acto de matar essa pessoa ser imoral. Todavia, caso os desejos actuais desse ser se tivessem formado na ausência de qualquer desequilíbrio psicológico que o impedisse de desejar agora e no futuro a preservação das suas experiências, ele teria certamente esse desejo.
Em conclusão defendi a minha tese com um argumento central de que os fetos são seres humanos e por isso não é correcta a sua eliminação, utilizei também a tese de que os fetos têm um futuro semelhante ao nosso e por isso ao praticar-mos um aborto estaremos a privar o feto de um conjunto de experiências, actividades e projectos.
Bruno Cancela nº7 10ºB

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

COMENTÁRIO DO FILME “OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS”


Uma avioneta sobrevoando o habitat de uma tribo, de onde um dos seus tripulantes lança uma vulgar garrafa de Coca-Cola… é assim que o filme inicia.
De início a garrafa faz as delícias aos elementos da tribo. Passado algum tempo, esta simples e inofensiva garrafa começa a ser disputada, começa a trazer problemas, de tal forma que o chefe da tribo decide entregá-la aos deuses.
Durante a viagem do chefe este enfrenta encontros com novas e inesperadas situações, que este procura entender à sua maneira.
Rimo-nos muito desta personagem, tão radicalmente diferente de nós a vários níveis: no seu aspecto físico, na linguagem que utiliza, no modo como vê o mundo que o rodeia, nas suas convicções, atitudes e comportamentos. Esquecemo-nos assim, por alguns momentos, de que nós próprios temos, também, dificuldades em compreender realmente os outros, ou seja, aqueles que não partilham a nossa maneira de estar, que não têm a mesma visão do mundo, nem semelhantes expectativas e aspirações. Afinal, também nós olhamos o mundo tomando como ponto de referência a nossa própria cultura; atribuímos os mesmos significados aos fenómenos significativos que nos são familiares; formulamos, a respeito dos outros, intenções e objectivos; projectamos fantasias que só fazem parte da nossa imaginação. Talvez pensemos: “que ridículo, que falta de lógica”. Não nos apercebemos, se calhar, que nos estamos a rir de nós próprios, da imperfeição dos nossos raciocínios, das nossas opiniões pouco fundamentadas, das nossas prioridades, quantas vezes invertidas, sem nos preocuparmos, por um momento que seja, em questionar a sua validade e pertinência.
Mas, afinal, isto conduz-nos também a uma outra questão que tem a ver com a forma como encaramos as situações novas e os inevitáveis efeitos que estas provocam em nós e nos outros. A garrafa de Coca-Cola é a este título sugestiva, pois representa um elemento novo, introduzido artificialmente na vida de um grupo, que vai implicar alterações na vida social e suscitar as mais diversas reacções.
Porém, se reflectirmos um pouco, não é isto que fazemos, muitos de nós, na nossa cultura quando somos confrontados com situações de mudança e procuramos a todo o custo ignorá-las, permanecendo tal como somos, numa tentativa desesperada de evitar esses imperativos de mudança? Não temos, também nós, dificuldades em lidar com essas mudanças, cada vez mais frequentes e imprevistas, que a cada passo se sucedem na sociedade? Não manifestaremos semelhantes atitudes de rejeição face a elementos que, de alguma forma, podem abalar as nossas crenças, as nossas certezas e alterar o rumo das nossas vidas?
Assim, a fruição deste momento lúdico, poderia tornar-se numa ocasião de superação pessoal e de consciencialização da unidade que construímos enquanto seres da mesma espécie apesar das diferenças. Esta atitude daria com certeza um colorido muito especial à nossa existência e ajudar-nos-ia a enfrentar os inquietantes desafios do futuro.

Ricardo Ferreira 12º A

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O Romance do Adolescente Míope


No dia doze de Fevereiro, estreia no Teatro Viriato, a peça – A Partir do Adolescente Míope. O espectáculo é um olhar sobre a adolescência através da descoberta ou redescoberta da obra literária de Mircea Eliade – O Romance do Adolescente Míope.
Descobri este livro extraordinário há vários anos, no Mercado da Ribeira, em Lisboa, numa Festa do Livro. É pois, com expectativa que aguardo agora, a redescoberta da obra num espectáculo de música, teatro e dança.
Mircea Eliade, foi Historiador das Religiões, destacando-se também como romancista. Nasceu em 1907 em Bucareste e fixou-se em França após a segunda Guerra Mundial. Mais tarde, viveu e foi professor em Chicago, cidade onde viria a falecer em 1986. Entre as suas obras mais importantes destacam-se: O Tratado da História das Religiões, o Mito do Eterno Retorno e o Sagrado e o Profano.
Em 1993, foi editado em Portugal, pela D. Quixote, o primeiro romance literário que Mircea Eliade escreveu quando tinha apenas dezassete anos – O Romance do Adolescente Míope.
O livro foi escrito na transição da adolescência para a juventude. Uma vida fecha-se, o fim dos estudos no liceu e outra abre-se, a entrada na universidade. O herói do livro, que nada tem de conflitualidade romanceada, identifica-se com o próprio autor. Nele descreve o quotidiano de um adolescente, atormentado pelas contradições íntimas, pela nostalgia, pela tristeza, pela felicidade. “O sol brilha. O Sol escurece”. “Talvez a minha alma desejasse sentir-se triste, mas eu não a autorizei. É porque eu quis que fui feliz hoje.”
Numa linguagem cativante revela-nos a vida escolar, plena de sucessos e fracassos, as primeiras aventuras sexuais, a busca da sua identidade e sobretudo a necessidade de escrever da qual não consegue desvincular-se. Numa escrita límpida, sem pudor, revela-se um adolescente precoce. Gostava de saber o que é a alma mas considera que isso é o mais difícil de saber. Deseja ler Bergson mais do que estudar Química. Tem Horácio para traduzir e isso torna-o feliz.
O acto de escrever é tão urgente que o autor está obcecado pelo romance que não escreveu: “não o escrevi e a minha vida pesa-me, assim como a vida do adolescente que eu queria representar no meu romance.” O livro termina como inicia. A vontade e o prazer de escrever sobrepõem-se, por enquanto, à vontade de entrar na universidade. “O meu sótão ficou igual: doce, solitário, triste. Eu vou escrever O romance do adolescente míope. O meu livro não será um romance, mas um monte confuso de comentários, de notas, de esboços com vista a um romance. É a única maneira de surpreender a realidade: natural e dramática ao mesmo tempo. Vou escrever…”

Isabel Laranjeira

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Cigana a dormir, 1897


O animal selvagem, apesar de faminto, hesita em atirar-se à sua vítima que, extenuada, caiu num sono profundo.
Henri Rousseau (1844-1910)
A obra artística, Cigana a Dormir, executada em tela panorâmica, é exposta em 1897 no Salon des Indepéndants, superando outras obras de pintores famosos. Contudo, esta tela de opostos ilógicos foi encontrada na loja de um comerciante de carvão em Paris, em 1923, suscitando grandes discussões sobre se seria ou não da autoria de Rousseau.
A geometria visível no jarro e no instrumento de cordas, o ângulo recto do braço e a linearidade da bengala, são formas antecipadoras do movimento cubista.
O simbolismo que encerra torna este quadro admirável. Trata-se de um encontro onírico e irracional. A noite de lua cheia que imprime misticismo à paisagem e o sono profundo da cigana contrastam com a juba esvoaçante e o olhar ameaçador do leão. De onde sopra a brisa nesta noite tão calma que torna rebelde a juba do animal selvagem e mantém inerte o vestido colorido? O pacífico e o ameaçador, surgem irredutíveis. Talvez o leão faça parte do sonho da mulher ou esta será talvez, a presa onírica do pintor.
Tudo se conjuga neste encontro de magia onde reina o mistério da alvura da lua em oposição à cor negra da cigana e à cauda iluminada do leão, ponta final do pincel do artista.
O estilo figurativo genuíno de Henri Rousseau concilia a ingenuidade das formas com a complexidade do tema e da composição.
Este quadro, assim como outros do pintor, representa um mundo exótico, fantástico, que evoca as emoções e os sonhos de uma realidade selvagem.
Representará, noutro sentido, uma alegoria de opostos políticos: a Paz na quietude da figura da cigana que dorme um sono profundo e a Guerra na imagem ameaçadora do leão.
Três anos antes, o pintor tinha representado a alegoria da Guerra, numa ousada composição, onde no amontoado de restos humanos é reconhecível o seu rosto. “A guerra assustadora deixa um rasto de desespero, lágrimas e destruição.” Não espanta portanto, que a obra, Cigana a Dormir seja o prolongamento da mesma alegoria mas agora um tributo à Paz Nacional, representada pela França. O leão ameaçador (a guerra) hesita em atirar-se à sua vítima, (a cigana) que caiu num sono de paz.

Isabel Laranjeira

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

domingo, 4 de janeiro de 2009

INTENÇÕES E CONSEQUÊNCIAS


“E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia m que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar.”
Susana Tamaro “Vai onde te leva o coração”


Será que nós comuns mortais, alguma vez ouvimos o nosso coração? Será que nos momentos de maior aflição, temos a calma suficiente para esperar, respirar fundo e só depois agir? Será que alguma vez temos o tempo e o silêncio necessário para ouvirmos o nosso coração, nesta tão agitada sociedade cheia de estímulos, barulhos, emoções e sensações em que vivemos?
Não, acho que não. Acho que na sociedade em que vivemos, não há tempo a perder, é tudo feito com pressa e às pressas, tudo numa correria. Tudo como se o mundo fosse acabar amanhã. É tudo vivido instantaneamente, não há metas nem planos a médio e a longo prazo. É tudo demasiado vivido no que nos dá um prazer instantâneo.
Qual é a consequência de uma vida baseada num prazer instantâneo? Pode ter algumas consequências boas, mas maioritariamente tem consequências más. Não sou apologista de uma “sociedade antiquada”, muito pelo contrário. Defendo as ideias modernas de organização da sociedade. Mas, acho que chegámos a um ponto em que já podemos definir a nossa sociedade. Entramos no inter-culturalismo que muito aprecio mas, ao mesmo tempo, entramos numa sociedade centrada em milhões e milhões de “eu’s”, em que o importante somos nós mesmos, os nossos prazeres, as nossas alegrias, a nossa maneira de arranjarmos um meio de subsistência, e em que os outros, os nossos amigos, a nossa família já fazem parte de um segundo plano. Algo acessório, quase com um extra, uma benesse para uma vida mais feliz…
Chegamos ao ponto, em que os outros quase não interessam e já nem ouvimos as ideias do nosso coração. Até as necessidades básicas das pessoas, tais como alimentarem-se, já faz parte de um segundo plano também, já não é feita com calma nem de uma maneira a tirar algum prazer do que ingerimos, é tudo feito à pressa de maneira a perdermos o menor tempo possível…
Quase que diria que… vivemos na sociedade do tempo egocêntrico. Em que tudo gira à sua volta, tudo é dependente dele e, um segundo perdido significa quase a perda de um império pessoal, porque o importe sou eu e os meus interesses. O resta não interessa.
Mas será que assim somos felizes ou que atingimos qualquer tipo de felicidade? Com efeito, podemos ter uma felicidade instantânea decorrente de algo imediato, mas não é possível concretizar um plano de felicidade para a totalidade da vida. Já é muito raro encontrarmos um casal em que vemos que o seu amor é para sempre. Vermos alguma coisa que consigamos dizer, “sim isto é para sempre!” já é tão raro. E fico triste, por isso, não é tão bom vermos esse tipo de coisas consideradas “eternas”.
Não temos tempo para nos sentarmos, para esperarmos, para respirarmos e ouvirmos o nosso coração. Não há tempo, o nosso interior deixa quase de ter importância, é muito mais importante não perder tempo. Todavia, isso faz-nos infelizes. Por isso, “recapitulando”, devemos sempre escutar o nosso coração. Mesmo quando pensamos que não, ele sabe sempre o que é melhor para nós… ele pensa a longo prazo, pensa numa felicidade para a vida, não se contenta com um prazer e felicidade instantânea, porque ele precisa de muito mais, algo que só o ouvindo com calma, silêncio e tranquilidade conseguimos perceber.
Mariana 11ºB

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

INTENÇÕES E CONSEQUÊNCIAS


Neste texto vou defender que na ética contam não só as intenções que nos levam a agir de determinado modo, mas também as consequências dessas acções.
Para mim, ética é uma disciplina que estuda a natureza do pensamento ético, os fundamentos gerais e os problemas concretos da vida. Se, a ética estuda os problemas concretos da vida não pode apenas basear-se apenas nas intenções, mas também nas consequências das nossas acções.
Imaginemos, por exemplo, que o Pedro é um bom rapaz e que costuma ajudar as pessoas idosas a atravessar a rua, mas numa dessas boas acções o Pedro não repara no sinal vermelho para peões, e a velhinha que era cega e que o Pedro ajudava a atravessar a estrada é atropelada. Não há dúvida que a intenção do Pedro era boa, mas a velhinha foi atropelada por causa de uma atitude precipitada e irresponsável do Pedro que devia ter olhado para o semáforo. Além disso, as consequências da acção do Pedro são muito más, pois a velhinha foi atropelada e consequentemente pode ter sofrido danos físicos muito sérios.
Agora põem-se outra questão: quem devemos responsabilizar por este acidente. O condutor não tem qualquer culpa, visto que o semáforo para ele estava verde e não conseguiu evitar o acidente. Devemos então culpabilizar a velhinha ou o Pedro? Uma vez que a velhinha era cega e que foi o Pedro que lhe disse para atravessar, o culpado é, sem dúvida, o Pedro.
Logo, na ética não podem contar apenas as intenções, mas também as consequências das nossas acções.
Sofia Pereira 11º A

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Contra o racismo


À partida todas as pessoas têm direitos. Contudo, verificamos que algumas dessas mesmas pessoas são vítimas de racismo.
Ora, o racismo é uma acção imoral que viola os direitos de algumas pessoas e uma acção imoral é aquela que vai contra a moral. Sendo uma acção que vai contra a moral, não deveria ser aceite por aqueles que se dizem morais e defensores dos direitos de todos. Ainda assim, constatamos que aqueles que se dizem morais não procuram combater o racismo, vivendo em conformidade com ele e não procurando pôr em prática a sua moral que não aceita actos imorais. Por conseguinte, aqueles que se dizem morais aceitam uma acção imoral, como é o caso do racismo, o que parece ser uma contradição.
Em conclusão, o racismo é uma acção imoral aceite pelos morais e pelos imorais.
Segundo o meu ponto de vista, pelo menos as pessoas que se dizem morais (que parecem!), deviam rever os seus códigos de conduta e não aceitar acções ditas imorais, porque deste modo, estão a pactuar “indirectamente” com as perversas mentes imorais e racistas.
Não basta parecer… é preciso efectivamente ser!
Joana Raquel 11º A