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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A sociedade que me rodeia


Não sou um sábio mas sim um discípulo da vida que através de experiências vividas, sente a necessidade de se expressar perante alguém que não me ouve. Essas experiências são momentos que nos ensinam a viver, a enfrentar obstáculos, a alterar as nossas atitudes para que assim consigamos sobreviver. Não é a minha intenção ferir a susceptibilidade de ninguém, mas sim falar de algo que se tornou nos dias de hoje um problema para todos nós: a sociedade. Nesta, a humildade, a sinceridade e outros valores que dignificam as pessoas de bem, têm dificuldades em subsistir nos dias que correm.
Solicito inspiração às minhas musas e elas acedem ao meu pedido. Existem razões óbvias para que essa inspiração surja. As situações vividas fazem-me olhar para o passado e dele retirar conclusões que no presente se reflectem no papel. Não posso deixar de dizer que a sociedade em que vivemos é quase sempre responsável pela mudança das nossas atitudes, pois regularmente reagimos com alguma frieza perante aqueles que não têm culpa pelos actos por outros praticados. Estaria a urdir se dissesse o contrário. Não só é responsável por isso como também é responsável pelas atitudes mais obscenas perante a dignidade humana, onde sobressaem a cobiça, a inveja, a injustiça, a falta de escrúpulos e sinceridade, ou seja, a inexistência do que é mais elementar para a definição do carácter dos seres humanos. Vivemos com toda a certeza num mundo em que não se olha a meios para se atingir fins, onde alguns usam a mentira, o poder, sei lá mais o quê, para mostrarem o prestígio sem prestígio e realizarem-se pessoalmente perante outros que tentam sobreviver a toda essa ganância obscura. Esquecem-se os valores primordiais, a moral, os princípios, tudo o que dignifica a imagem do homem, acusa-se sem causa justa, faz-se “trinta por uma linha” e ninguém diz nada! Muitas vezes questiono-me sobre qual o destino desta sociedade a que me refiro, pois o receio de muitos é que sejam “rebocados” inocentemente para um fim que não se deseja. Na minha opinião, o ser humano é perfeito quando nasce, a sociedade é que o corrompe. Esta é a frase “lógica” para se justificar a personalidade e o carácter de alguns. Comparo a sociedade actual a um período vivido na segunda metade do século XIX, relatado numa das grandes obras da literatura portuguesa escrita por Eça de Queirós: Os Maias. Para os que conhecem o seu conteúdo, recordam-se certamente do que se passava no Hotel Central, local em que se encontrava toda a sociedade podre da época. Hoje revejo em grande parte essa mesma sociedade. Era corrupta, sem o mínimo de dignidade, e que simplesmente mostravam na praça pública a nódoa que os manchava. É a necessidade de sobreviver perante uma sociedade em decadência que nos obriga a tomar certas e determinadas atitudes, que muitas vezes não fazem parte do nosso carácter. Mas, tem de ser, dizemos nós com alguma mágoa, pois estamos a ser aquilo que não somos nem queremos ser, somente para lutar contra essa terrível “praga” que são muitos dos seres humanos que nos rodeiam.
É tempo de dizermos …”chega!”, pois aos poucos vai-se aniquilando tudo o que um ser humano necessita para se caracterizar como tal. Se a minha insignificância tivesse significado, a minha voz se ouvisse e a minha imagem se visualizasse, talvez pudesse mudar um pouco o rumo desta realidade. Bastaria ocupar o lugar mais supremo de toda a humanidade, somente para num simples segundo dizer em voz alta, BASTA!

José Carlos Gonçalves Almeida Matos
Curso EFA Secundário B

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