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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

UM COMEÇO


quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009

Um começo...
Hoje é o último dia do ano. Um fim, um recomeço e tanta nostalgia. A vida é um continuum e, após a balada da meia-noite, nada terá mudado, a não ser, talvez, essa lufada de ânimo, essa vontade, mais vincada, mais presente, de mudar alguma coisa. E todavia, apesar do desejo de mudança, há tanta coisa, nas nossas vidas, que gostaríamos que durassem para sempre. No último dia do ano, eu vou escrever e talvez amanhã escreva de novo, e depois e depois…Escrever, escrever, escrever… como se nada tivesse sido escrito, como se todas as folhas estivessem em branco, como se a invenção da palavra fosse o aqui, o agora, o eu. O tudo, o nada, a mediocridade. Voar no topo da montanha ou no mais baixo do céu. Sempre preferi o nada à mediocridade, ao meio-termo, ao satisfatório. Hoje, reconheço que, por mais modestas que sejam as minhas palavras, elas definem uma parte importante do que sou. Eu vou escrever e ficar aquém, eu vou escrever e falhar, mas vou escrever.

Elisabete Albuquerque

(Há alunos que de uma forma ou de outra marcam a nossa vida. A Elisabete foi minha aluna durante dois anos. Tudo nela era sublime. Educação esmerada, solidária para com os colegas, interventiva nas actividades da escola, leitora assídua e compulsiva na biblioteca, participativa no jornal da escola. Aluna com classificações de vinte, entrou no curso superior que sempre desejou e por vocação. Hoje a Elisabete ofereceu-me este texto, talvez desta forma motive outros alunos para a escrita.)

FELIZ 2010 para todos. Que o Sol brilhe sempre na vossa VIDA


O QUE É O TEMPO?


Não houve tempo nenhum em que não fizésseis alguma coisa, pois fazíeis o próprio tempo.
Nenhuns tempos Vos são coeternos porque Vós permaneceis imutável, e se os tempos assim permanecessem, já não seriam tempos. Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras, o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém mo perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei. Porém, atrevo-me a declarar, sem receio de contestação que, se nada sobrevivesse, não haveria tempo futuro, e se agora nada houvesse, não exisitia o tempo presente.
De que modo existem aqueles dois tempos - o passado e o futuro -, se o passado já não existe e o futuro ainda não veio? quanto ao presente, se fosse sempre presente, e não passasse para o pretérito, já não seria tempo mas eternidade. Mas se o presente, para ser tempo, tem necessariamente de passar para o pretérito, como podemos afirmar que ele existe, se a causa da sua existência é a mesma pela qual deixará de existir? Para que digamos que o tempo verdadeiramente existe, porque tende a não ser?

(O tempo é um ser de razão com fundamento na realidade. S. Agostinho estuda o problema do tempo apenas sob o aspecto psicológico: como é que nós o apreendemos. Não o estudo sob o aspecto ontológico: como é em si mesmo. Para este último caso teria de o considerar como indivisível)

Confissões, Santo Agostinho, Livraria Apostolado da Empresa, 9ª edição - Porto 1977. pp 303-4

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

FUMO



Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois olhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinho!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

CLUBE DE FOTOGRAFIA iv


Estação das Cores
Isabel Laranjeira

CLUBE DE FOTOGRAFIA iii


Amanitas Muscarias
Isabel Laranjeira

CLUBE DE FOTOGRAFIA ii


Amanita Muscaria
Elsa Lourenço, 12ºB

CLUBE DE FOTOGRAFIA


Folhas Outonais no recinto da Escola
João Simões, 12ºA

A FOTOGRAFIA É ARTE?


«A beleza é fugidia, descobrimo-la por vezes em lugares aos quais nunca voltaremos, ou então como rara combinação entre coisas como a estação do ano, a luz, as condições meteorológicas. Como será então, possível possuí-la? A máquina fotográfica é uma opção possível. Tirando fotografias, podemos aliviar o desejo de posse que a beleza de um lugar suscita em nós: a nossa ansiedade talvez acalme um pouco no momento em que carregamos no botão»
Alain de Botton -A Arte de Viajar
Não há solidão ou abismo que a fotografia não impregne. Que sentimentos despertam altos rochedos entre abismos ou uma vasta solidão deserta? Nos lugares assim, o homem encontra o sublime e vivencia a sua pequenez perante o vigor das rochas milenares e a imensão dos desertos.
Fazer fotografia é imortalizar momentos únicos, singulares que despertam no observador a emoção do sublime.
Questiona-se muitas vezes se a fotografia é arte. A sua verdadeira essência consiste em interpretar a realidade e não apenas copiá-la. Não é imitação do que está aí presente, é antes o resultado entre a impressão visual e a reflexão mental e emocional. O conteúdo, a disposição dos objectos, as figuras, a luz, as cores harmoniosas ou caóticas, podem surgir como símbolos que o observador interpreta e completa conforme as suas experiências.
A imagem deve ser "plena de alma", carregada de sensibilidade estética para que cause impacto emocional no observador e este faça a sua leitura interpretativa.
Imbuídos deste conceito de fotografia, um grupo de alunos do 12º Ano, fez uma saída de campo e captou na natureza a simplicidade dos cogumelos, a beleza dos tons outonais nas árvores agitadas pelo vento, nos fetos secos e envelhecidos pelo tempo.
As imagens que os alunos fotografaram irão estar expostas na Biblioteca da Escola para que outros possam sentir a emoção do sublime.
Isabel Laranjeira -Clube de Fotografia
20/11/2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

EXPECTATIVAS


Como é que podemos ter dois sentimentos tão diferentes em relação à mesma coisa e ao mesmo tempo?
Como é possível que alguém que esteja a um ano de sair de casa e de entrar na faculdade tenha medo disso? Como é possível que o nosso objectivo nos aterrorize? Como é possível que apesar de pensarmos que somos "grandes" e que já temos idade de partir à aventura e de entrarmos no que será a "experiência das nossas vidas", tenhamos medo das saudades que iremos sentir dos nossos pais ou dos nossos irmãos que mesmo que nos estejam sempre a "melgar" adoramos?
Como é possível pensar que vamos sentir saudades da escola a que sempre atribuímos "defeitos"? Talvez seja porque provavelmente nunca lhe demos o seu real valor. Como é possível que a um passo de atingirmos o objectivo tão buscado tenhamos medo dele?
Não é o sonho de qualquer um terminar o ensino secundário e partir à descoberta?
Com certeza, não serei apenas eu, que tenho medo do futuro, medo de chegar à faculdade e não conhecer ninguém. Medo de ir para uma cidade e os meus amigos estarem todos noutra, medo de compartilhar a minha casa, aquilo que será o meu espaço, com desconhecidos. Medo de acordar com o despertador e de não serem os meus pais a acordar-me com um belo sorriso desejando-me um óptimo dia. Medo de chegar ao fim da tarde e encontrar uma casa vazia.
Mas, será que o medo vence o objectivo? Não, claro que não vence.
Este medo é o medo que qualquer leãozinho tem quando pelo primeira vez vai caçar sozinho. É o medo do desconhecido. É o medo da habituação. Mas de certeza que mesmo que cheguemos sozinhos a uma cidade nova, na qual não conhecemos ninguém, algum "desconhecido" virá ter connosco e nos dirá, sou do curso X, tal como tu, vem comigo, eu mostro-te a tua nova escola.
A tua nova Escola, que não será apenas uma escola de conhecimento, será uma escola de valores, de crescimento, de amizades, de amores, de diversões, mas acima de tudo, será a tua Escola de Vida. E, aproveita caloiro, porque os anos de Faculdade serão os melhores anos da tua vida.
Maria João Foz, 12º Ano

domingo, 27 de dezembro de 2009

NEW YORK


À chegada,
No Aeroporto
apanho
o táxi
Típico,
amarelo,
O click,
Finalmente
Big Aplle!
Hotel, na 7ª Avenida,
Um só sentido
Na rua e
na mente
Descobrir!
Devorar...
Aqui vamos
Times Square
Para onde olhar?
O que sentir?
Luzes vibrantes
Todas as cores
Todos os sons
Um só sentido
Na rua e
Na mente
Descubro,
Devoro...
Ponte de Brooklyn
Central Park
Moma
Metropolitan
Estátua da Liberdade
Mama Mia
Na Broadway
Descoberta
Devorada
Na rua e
Na mente
Wall Street
5ª Avenida
Ground zero
Empire
Chinatown
Rocfeller Center
Guggenheim
Sorrio
Estive
em Nova Iorque
A cidade que
Nunca dorme
A cidade que
Nada estranha
Feiras que
Fecham avenidas,
Templo egípcio
No museu
Nem um saco de
Plástico a fazer
De guarda chuva
New York
I love You

Professora - Anabela Bacelo
3/11/2009

REFLEXÃO SOBRE FERNANDO PESSOA


"Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico, e em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim."
Fernando Pessoa

Muitas vezes associamos a nossa própria imagem a algo completamente irreal e impensável. Pensamos e temos uma ideia de nós próprios, que nem nós mesmos sabemos porque a temos. Possivelmente porque interpretamos as nossas acções e achamos que elas se aproximam, adequam ou simplesmente são reflexos de sentimentos como a alegria, o amor ou a amizade por alguém.
Mas, de um momento para o outro, toda a imagem que temos de nós próprios se destrói. Parece que à nossa frente se abriu um enorme buraco ou precipício, parece que a nossa vida acabará ali e que não mais seremos nós mesmos...
Chega a parecer que já não mais poderemos ser nós mesmos como um todo, mas que apenas conseguimos sentir alegria com amor ou amor com alegria, que só conseguimos sentir uma emoção ao mesmo tempo.
Passamos a ter "medo" de certos sentimentos e de os exprimir. É como se tivéssemos um "filtro" que escoa todas as nossas emoções antes mesmo de as sentirmos e que tem apenas uma "saída", não deixando que sentimentos conjugados saiam dentro de nós.
Passamos a ser uma pessoa "fragmentada" e mesmo que tentemos juntar aqueles pedaços de nós mesmos, isso parece inalcançável. Somos forçados a ser quem não somos, por algo que faz parte de nós. É confuso não é? É, e muito.
Basicamente, não podemos que elementos extrínsecos nos fragilizem e que nos deixem dividir em fragmentos de nós mesmos. Temos de manter a nossa própria integridade mesmo que isso pareça impossível. Mas, não é por termos perdido um pouco de nós que nos podemos "dar ao luxo" de perder o resto que nos pertence.
Sejamos fortes, porque mesmo que sejamos um mar de fragmentos, continuamos a ser Nós. "Nós" com um "N grande". E, não será essa descoberta e junção aleatória dos fragmentos que nos faz feliz?
Mariana Masteling, nº19 - 12ºB

sábado, 26 de dezembro de 2009

REFLEXÃO SOBRE A FILOSOFIA DE RICARDO REIS


Ricardo Reis tem uma filosofia baseada na autodisciplinarização, na ataraxia, numa moderação controlada. Explicando por outras palavras, este tenta evitar momentos de enorme prazer e bem estar e ainda momentos de grande dor que são consequentes de momentos prazerosos. Passa pela vida sem aproveitar muito dela, passa de uma forma discreta e continuamente silenciosa. Até que ponto isto é bom ou mau?
Por um lado mantemos sempre um ritmo de vida e de sentimentos constantes, sem que haja sofrimento e isso pode ser uma vantagem. Contudo, o facto de termos consciência da efemeridade da vida não quer dizer que nos acomodemos com o assunto e passemos impávidos e serenos perante ela.
A minha filosofia de vida é completamente contrária à do heterónimo Ricardo Reis. Por ter consciência da fugacidade da vida, e do que independemente vem para além dela, (esta passagem por cá é muito curta), tento aproveitar ao máximo os momentos que me surgem. É verdade que momentos de grande felicidade podem acarretar momentos bastante dolorosos. É de notar então, que o sofrimento consequente de uma situação de felicidade é bastante menor do que o sofrimento provocado pelo arrependimento de não ter vivido e experimentado algo. Por vezes dois dias de grande felicidade podem valer a pena em relação aos dias de tristeza que se aproximam.
Em suma, viver pode ter várias perspectivas e cada um desfruta da vida de maneira a que no final do curso do seu rio, na chegada ao mar, se sinta realizado.
Raquel Rei, 12ºAno - Turma B

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Estilo de Bach


Bach não foi um autor revolucionário ao estilo de Beethoven, Wagner ou Schonberg. Foi, sim, um autor «enciclopédico»: sintetizou de forma genial o conhecimento musical do seu tempo e criou uma obra forte que influenciou de modo cabal as gerações posteriores. A sua música constitui um exemplo de mestria, caracterizando-se por dominar com precisão matemática os problemas formais do contraponto e por incluir obras para teclado em que cinco linhas melódicas se desenvolvem em simultâneo. Apesar de ser considerada cerebral, esta música possui uma profunda humanidade.
Existem poucas experiências tão emocionantes quanto observar a maneira magistral como Bach regressa a um tema original depois de uma série de surpreendentes variações. Em Bach, espírito e matéria fundem-se admiravelmente. E se o estudo e o trabalho incansável foram a base do seu trabalho, a fé jogou um papel fundamental, na medida em que o ajudou a lutar contra a adversidade.
EditorialSol90 - Expresso

PORQUE QUEM AMA NUNCA SABE...


" Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar..."

Alberto Caeiro

O que será o amor? Quando é que surgirá a fórmula química, física ou mesmo matemática que explique porque é que por vezes temos um sentimento tão intenso em relação a uma dada pessoa num dado momento das nossas vidas?
Sentimos um enorme turbilhão de sentimentos, que nos fazem ficar com as tais borboletas na barriga, com os nossos níveis de concentração (no que devemos) bastante reduzido e só pensamos nessa pessoa, parece que se nos tirarem aquela pessoa, nos tiram tudo. Ansiamos a sua presença desesperadamente e a sua ausência cria-nos uma dor quase insuportável no coração. Sentimos-lhe o cheiro mesmo que ela não esteja perto de nós, conseguimos decifrar os seus passos de entre os muitos passos que se estão a aproximar, não conseguimos afastá-la nem por meros instantes dos nossos pensamentos.
É nesta pessoa que recaem os nossos últimos pensamentos antes de adormecermos e os primeiros logo após acordarmos. E, por vezes, até durante os sonhos, essa pessoa lá está.
A razão porque amamos é verdadeiramente desconhecida. Porque será que amamos X, se com Y é que teríamos todas as "condições" para sermos felizes?
Porque é que amamos algo que por mais que amemos não poderá "crescer"?
Apesar de ainda não ter nenhuma fórmula em que consiga explicar de uma forma simples o que é o amor, muitas vezes penso que há coisas que nos ultrapassam, e coisas como o amor são uma de muitas... Não o sentimos quando queremos, nem porque queremos, ele surge sem ser chamado e teima em continuar e insistir, até que consegue o que quer, nos faz felizes e depois nos enche de dúvidas e incertezas...
Mas, basicamente, para mim, o amor é não pensar, o amor é sentir e deixar-me levar...
Maria João Foz, 12º Ano

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

QUE DIZER DE TI MENINO JESUS


Que dizer de ti, Jesus
que já não esteja dito?

Ao menos, no Natal,
retiram-te da cruz
e retornas à riqueza da tua criação:
à luz das estrelas,
à verdura do musgo,
ao aconchego do burrinho
que carregou contente
o ventre quente de tua mãe,
às ovelhas e aos pastores
e ao curral, onde também
uma vaquinha com seu bafo
te agasalhou do fino frio
de Dezembro;
à àgua das lavadeiras,
e aos montes com neve,
e ao mistério da noite.

Não sei se houve pranto
nas hora em que saíste,
da doçura do manto,
mas na terra houve canto
e no presépio sorris
eternamente tranquilo,
sem o calvário de espinhos
e sem a pressa de cresceres
para a quaresma eterna.

Ao menos no Natal,
retiram-te da cruz
e dela todos fingem
o esquecimento,
até os das esmolas.

Deixam-te ser menino,
apenas menino de todos nós
(e isto desde a era dos avós!)
até que o novo ano chegue
e as janeiras se cantem
em dia de reis,
por memória tua.

Esquecem-te na cruz
e reverberas de luz
e faz-se a festa
do teu nascimento
com rabanadas de pão,
(algumas sofisticadas!)
e aletria e mexidos,
e bolo-rei, ó Rei menino,
e bolos conventuais
nas mesas mais frugais!

Abençoado sejas
por renasceres
sem te cansares,
menino Jesus.

Que nome lindo,
filho de Deus!

Podias vir mais vezes
e trazeres contigo as estrelas
e o mistério dessa noite.

Descansarias da cruz onde
te pregaram eternamente
e a gente amava-te sem chagas
em presépios de musgo
e de pastores.

Talvez ficasses livre do sacrifício
e a tua mãe pudesse sorrir
sem o horror da cruz onde
te pregaram eternamente,
amor em flor!

Dorme menino, dorme, Jesus,
que no presépio velam por ti
o burro, a vaquinha,
Maria e José
e os pastores
e as ovelhinhas,
e os meninos
que sonham contigo,
Jesus renascido!

Dorme, pérola nua
desafogada de crivos,
dorme "menino de sua mãe"
que ainda é dia
e a água é pura
na consoada.

Dorme, Jesus,
dorme tranquilo
sem dor nem mal
e que Deus te dê
um FELIZ NATAL!
Lia

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

REFLEXÃO SOBRE OS MEUS PRECONCEITOS


A nossa sociedade está cada vez mais multifacetada, devido à interacção com outras culturas. Surgem novas maneiras de pensar, de agir, de vestir. Inicialmente e em todas as épocas, manifesta-se nos indivíduos uma certa relutância em conhecer novas realidades.
Todas as pessoas têm tendência de seguir um determinado estilo de vida, e isto é evidente tanto no aspecto, como nos seus ideais. Existem aqueles que se demarcam dos outros, tais como os Góticos, por exemplo. Numa primeira abordagem, considero que teria um bocado de receio em estabelecer contacto com pessoas que seguem os ideias Góticos. As roupas são um pouco excêntricas o que perpetua uma imagem um pouco arrogante, as cores quase sempre negras, não conferem sentimentos muito positivos, ao invés, parece que apelam à morte. Embora não conheça com exactidão as filosofias inerentes a este tipo de grupo, sei que são um pouco ortodoxas ao comum.
Gostam da noite, escrevem poesia nos cemitérios e apenas interagem com pessoas que compartilham os mesmos pressupostos de existência, renegando a aproximação de qualquer outro elemento que não siga os seus ideais. Embora esta minoria seja nitidamente diferente e isso seja um entrave para a minha aceitação, talvez um maior conhecimento acerca deste estilo de vida, pudesse levar-me a compreender melhor e a encará-lo com uma atitude mais aberta e natural.
Outro dos preconceitos que tenho e que muitos outros cidadãos também têm é o facto de não aceitar muito bem as pessoas com orientações sexuais diferentes. Afecta-me ver dois indivíduos, sobretudo do sexo masculino, a beijarem-se. Não é que eu seja contra eles, pois considero que cada um é que sabe quem ama, independentemente do sexo. Considero que estar a esconder e a reprimir os sentimentos de amor é muito penoso. Até concordo com o casamento de homossexuais, pois não deixam de ser um "casal" e devem ser respeitados tal e qual como os outros. Porém, não me sentiria muito bem estando próxima desses casais. É complexo referir medidas que atenuem este meu preconceito, embora compreenda, não o consigo ultrapassar.
Jacinta Ferreira - Curso EFA -Sec. A Arcozelo das Maias
Escola EB23 Sec. Oliveira de Frades

domingo, 20 de dezembro de 2009

PRECONCEITOS NO TRABALHO


No meu local de trabalho, nunca me senti vítima de preconceitos ou tratamento racista por parte dos meus colegas, professores, alunos ou da direcção. Se tivesse essa infelicidade, teria que enfrentá-la sem problema olhando as pessoas nos olhos, explicando-lhes de uma forma amigável e que clara que somos todos diferentes, mesmo as pessoas gémeas são diferentes. A cor da pele não me preocupa, sinto orgulho por aquilo que sou. A inteligência, a competência, o carácter, a disciplina e a organização, não se devem à raça ou à cor da pele.
O preconceito às vezes existe na cabeça das pessoas, gentes inseguras, problemáticas, sem auto-estima própria. A educação que recebemos da nossa família, prepara-nos bem ou mal para enfrentarmos a sociedade, os obstáculos e as vicissitudes da vida.
Viver não custa, basta cumprir as nossas obrigações, apostar na formação permanente para enfrentar o mercado laboral. É preciso preparar as pessoas, mentalizá-las porque o problema sempre existiu, temos que ter ferramentas para enfrentar os obstáculos que cruzam o nosso caminho.
A experiência que eu tenho de preconceitos e xenofobia, aconteceu quando jogava futebol. Em tom de provocação, o público afecto à equipa visitada, insurgia-se contra mim, com palavras "simpáticas e amigas" tais como: "vai para a tua terra, escurinho, filho..." Contornava a situação, mantendo-me bem concentrado no jogo e fazendo as coisas bem feitas como costumava fazer.
A função da assistência da equipa adversária, era tentar condicionar os jogadores mais influentes da nossa equipa, recorrendo à preconceituosa estratégia do insulto.

José Carlos Mendes Lopes -EFA - Sec. A Arcozelo das Maias
Escola EB, 23/Sec. Oliveira de Frades

sábado, 19 de dezembro de 2009

KATÁRSIS II


A revista katársis II é um projecto do grupo de Filosofia da Escola EB23/Secundária de Oliveira de Frades. Já vai no terceiro ano e consiste na divulgação de textos, poemas e coisas afins...dos alunos e professores. Na primeira revista deste ano destacam-se os textos reflexivos sobre diversos temas e autores, poesia e fotografia. Privilegia-se a figura incontornável de Fernando Pessoa e textos escritos pelos alunos dos Cursos EFA e Profissionais.
Nos próximos dias irei divulgar alguns textos escritos pelos alunos e poemas da professora Anabela Bacelo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009


Passam hoje duzentos e trinta e nove anos sobre o nascimento de Beethoven. Não podemos ficar indiferentes e para comemorar fica o vídeo de uma parte da 5ª Sinfonia, deste grande compositor.
"Ludwig van Beethoven compõe e divulga a «Quinta Sinfonia» em 1808, colhendo um dos maiores triunfos da sua carreira musical. Junto com a «Nona», é uma obra imortal que ocupa por mérito próprio um lugar de honra na história da música, e ainda hoje é tida como um monumento da criação artística. Trata-se da primeira sinfonia que Beethoven escreveu numa tonalidade menor, o que só voltaria a acontecer justamente com a «Nona». O principal traço da «Sinfonia Nº 5» reside na sua homogeneidade orquestral: com extrema perícia, o compositor consegue integrar um grande número de temas diferentes num todo expressivo e repleto de energia rítmica. Os quatro movimentos constituem um exemplo de alternância - o primeiro revela tensão, o segundo solenidade, o terceiro crispação e o quarto brilhantismo".

EditorialSol 90 - Expresso

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A TERRA DO NUNCA


Se eu fosse para a terra do nunca,
teria tudo o que quisesse numa cama de nada:

os sonhos que ninguém teve quando
o sol se punha de manhã;

a rapariga que cantava num canteirode flores vivas;
a água que sabia a vinho na boca de todos os bêbedos.

Iria de bicicleta sem ter de pedalar,
numa estrada de nuvens.

E quando chegasse ao céu,
pisaria as estrelas caídas num chão de nebulosas.

A terra do nunca é onde nunca
chegaria se eu fosse para a terra do nunca.

E é por isso que a apanho do chão,
e a meto em sacos de terra do nunca.

Um dia, quando alguém me pedir a terra do nunca,
despejarei todos os sacos à sua porta.

E a rapariga que cantava sairá da terra
com um canteiro de flores vivas.

E os bêbedos encherão os copos
com a água que sabia a vinho.

Na terra do nunca,
com o sol a pôr-se quando nasce o dia.

Nuno Júdice in: As coisas mais simples (2006)

sábado, 12 de dezembro de 2009

As relações Precoces e Interpessoais


"Um bébé observa e imita a Beyoncé a dançar (aprendizagem social que ocorre por observação e imitação de um modelo) que é uma das mais importantes formas de aprendizagem."


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A DIVERSIDADE CULTURAL


"Há culturas em que a velhice é respeitada como plenitude da vida, outras em que se recusa como velharia. Os Masai da África Oriental, como tantos outros povos, atribuem um valor especial aos anciãos e regem a sua organização social à base do respeito por tal valor. O envelhecimento, que outros povos como o nosso temem e evitam devido ao marasmo físico e intelectual da terceira idade, para os Masai torna-se num ideal de prestígio e de mecanismo das classes de idade para a distribuição e exercício do poder."

Bernardi, B., Introdução aos Estudos Etno-Antropológicos, Ed. 70, 1992, p.35

(Manual de Psicologia B - Porto Editora)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A ÚLTIMA PALAVRA


O tema da nossa discussão atravessa praticamente todas as áreas de investigação e chegou mesmo a invadir a cultura em geral: onde acabam a compreensão e a justificação? Será que acabam em princípios objectivos cuja validade é independente do nosso ponto de vista, ou será que acabam no interior do nosso ponto de vista – individual ou partilhado –, de tal modo que, em última análise, mesmo os princípios aparentemente mais objectivos e universais derivam a sua validade ou autoridade da perspectiva e da prática daqueles que os adoptam? O meu objectivo é clarificar e explorar esta questão e tentar, em relação a certos domínios do pensamento, defender aquilo a que chamarei uma resposta subjectivista. A questão, numa palavra, é a de saber se a primeira pessoa, do singular ou do pural, se esconde no fundo de tudo o que dizemos ou pensamos. (pág. 11)

A Última Palavra é uma leitura obrigatória não apenas para estudantes e professores de Filosofia, Sociologia, Direito, Comunicação e Antropologia, mas também para todos aqueles que se preocupam com a perigosa ausência de valores em alguns sectores da cultura contemporânea.

A Última Palavra, Thomas Nagel, Gradiva (Colecção Filosofia Aberta)

domingo, 6 de dezembro de 2009

UMA VIDA



É domingo. Lá fora as gotas cristalinas da chuva convidam à leitura no aconchego da lareira e da manta polar. O som exterior da chuva que bate na varanda combina com o som de Bach que se espalha pela casa. Está criado o ambiente para horas de leitura. São seiscentas e noventa páginas. Gosto de livros grandes, grossos, com muitas palavras. Gosto de biografias. Gosto de Gabriel García Márquez e gostava que os meus alunos também gostassem. E por isto... e porque gosto de ler...

" No ínico de Agosto de 1966, García Márquez e Mercedes foram aos correios enviar o manuscrito terminado de Cem Anos de Solidão para Buenos Aires. Pareciam dois sobreviventes de uma catástrofe. O embrulho continha 490 páginas dactilografadas. O funcionário que estava ao balcão disse: «oitenta e dois pesos.» García Márquez observou Mercedes a procurar o dinheiro na carteira. Tinham apenas cinquenta pesos, e só puderam enviar cerca de metade do livro: García Márquez pediu ao homem que estava do outro lado do balcão para tirar folhas como se fossem fatias de toucinho fumado, até os cinquenta pesos serem suficientes. Voltaram para casa, empenharam o aquecedor, o secador de cabelo e o liquidificador, regressaram aos correios e enviaram a segunda parte. Ao saírem dos correios, Mercedes parou e voltou-se para o marido:« Hei, Gabo, agora só nos faltava que o livro não prestasse.»
Gabriel García Márquez, autor de Cem Anos de Solidão e de O Amor em Tempos de Cólera, entre muitos outros que escreveu, é um dos maiores e mais populares escritores dos últimos cinquenta anos. Vencedor do Prémio Nobel da Literatura (1982) e de uma imensidão de outros prémios, García Márquez converteu a sua vida e a sua Colômbia natal em ficções sublimes. A proeza admirável de Gerald Martin é revelar a realidade crua, fascinante e frequentemente divertida que está subjacente aos livros do escritor.
Ao mesmo tempo que conta a história do jovem mal vestido e escanzelado que ascendeu da obscuridade provincial à riqueza e fama internacional, Martin relata também as tensões da vida de García Márquez entre a celebridade e a qualidade literária, a política e a escrita, o poder, a solidão e o amor. Examina o contraste entre as origens caribenhas do escritor e o autoritarismo pesado da alta Bogotá, e o seu afastamento consciente, e contudo extraordinário, durante a década de 1980, do «realismo mágico» para a maior simplicidade de O Amor nos Tempos de Cólera.
Ao longo de quinze anos, Martin entrevistou mais de trezentas pessoas, incluindo Fidel Castro, Filipe González, quatro presidentes da Colômbia, os escritores Carlos Fuentes, Álvaro Mutis, Mário Vargas Llosa e Tomás Eloy Martínez, e, não menos importante, a família do escritor - a mulher e os filhos, a mãe, os irmãos e irmãs - e os amigos e colaboradores mais próximos."
Gabriel García Márquez, Uma Vida, Gerald Martin - D. Quixote, 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

MURMÚRIO



Traze-me um pouco das
sombras serenas
que as nuvens transportam
por cima do dia!
um pouco de sombra , apenas,
vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta
no teu coração!
a alvura, apenas, dos ares
vê que não te peço ilusão

Traze-me um pouco da tua lembrança!
aroma perdido, saudade de flor!
vê que nem te digo - a esperança!
vê que nem sequer sonho,
Amor!

Cecília Meireles

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

VIVER PARA QUÊ?


Quem não conhece a filosofia poderá pensar que procurar o sentido da vida é a tarefa central dos filósofos. Isto é historicamente falso. Na sua maior parte, os filósofos não abordaram o problema do sentido da vida, e os que o abordaram não fizeram geralmente disso o tema principal das suas investigações.
O leitor comum poderá igualmente esperar que os filósofos se pronunciem um pouco como gurus, declarando do alto da sua inacessível montanha qual é o sentido da vida. E a nós, meros mortais, restar-nos-ia então seguir tais oráculos, ainda que nem os compreendamos muito bem. Esta concepção resulta talvez da dificuldade em compreender a natureza da filosofia. A filosofia não é religião, nem uma prática iniciática de vida; ao invés, é o lugar crítico da razão, como por vezes se diz. Estudar filosofia é aprender a ser crítico, que é precisamente o que os gurus não podem dar-se ao luxo de permitir aos seus acéfalos discípulos. A ideia de que Platão, por exemplo, era discípulo de Sócrates, nessa acepção iniciática, é falsa, tal como é falso que Aristóteles tenha sido discípulo de Platão nessa acepção. Estudaram uns com os outros, sem dúvida, mas porque foram estudantes de filosofia criticaram, divergiram e discutiram argumentos com os seus professores - e fazer filosofia é precisamente isso.
A filosofia não é um corpo de conhecimentos que nos baste assimilar acriticamente, mas antes a actividade crítica de estudar ideias e argumentos minuciosamente, para ver se serão plausíveis ou não. Por isso, não se encontra nos melhores filósofos um conjunto de instruções esotéricas para dar sentido às nossas vidas. O que se encontra são estudos cuidadosos de diferentes ideias e argumentos sobre o problema. Isto não significa que não existam conclusões consensuais, entre os filósofos actuais, sobre o sentido da vida. Significa apenas que o trabalho filosófico é fundamentalmente a discussão minuciosa e paciente dessas conclusões e dos argumentos que as sustentam.
Viver para Quê? Ensaios sobre o Sentido da Vida, Organização e Tradução de Desidério Murcho, Filosofia Pública, Dinalivro - pp 9-10

sábado, 28 de novembro de 2009

NÁUFRAGOS NO PARAÍSO


"As histórias que aqui se contam são histórias de sobrevivência. Todos estes homens e mulheres revelaram coragem, inteligência prática, autodisciplina e equilíbrio mental em doses suficientes para superar os obstáculos que se lhes depararam. Todos se mostraram capazes de suportar a pressão do isolamento e da solidão. A maioria dos náufragos dá por si a levar uma existência animalesca ao cabo de poucos meses, afundando-se na degradação e na loucura, mas estes homens e mulheres, sem excepção, exibiram as virtudes da força de vontade, do bom senso e da capacidade de decisão que tanta importância tem na nossa cultura. Fizeram da necessidade uma virtude. E as suas experiências revelam-nos, de uma forma poderosa, que o isolamento pode ser o começo de uma nova consciência das potencialidades do indivíduo."

Náufragos no Paraíso, James C. Simmons, Antígona

O modo como encaramos as ocorrências e os acasos da vida, o significado que lhes atribuímos, a forma como as representamos, o modo como as superamos ou não, os contratempos, constroem a nossa forma de ser e de estar.
(Ser Humano - Psicologia B -12º Ano, Porto Editora)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

PESSOAS


"O conceito de justiça é um entre muitos que só os seres humanos utilizam. Por que é isto assim? O que há na intencionalidade humana, que torna tão grande a diferença entre o mundo humano e o mundo dos animais? A biologia diz-nos que os humanos são animais; então, por que nos damos estes ares?"
Guia de Filosofia para Pessoas Inteligentes, Roger Scruton -Ed. Guerra e Paz -(pág. 68)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

SOBRE A NATUREZA


FRAGMENTO 2

Pois bem! Eu dir-te-ei, e tu acolhe as palavras que ouvires
os únicos caminhos de busca que são «para» pensar:
um, «o» que é e que não é não ser,
é o caminho da persuasão (pois acompanha a Verdade);
outro «o» que não é e que é necessário não ser,
este, advirto-te, é « um» caminho em que nada se pode aprender
porque nem poderás conhecer o que não é (pois «tal» não «é» factível)
nem mencioná-lo.

Sobre a Natureza, Parménides de Eleia, Lisboa Editora, pp-39

domingo, 22 de novembro de 2009

MAR ADENTRO


Mar adentro é um filme espanhol que relata a história de um homem lúcido e extremamente inteligente que luta pela morte como um direito. Rámon Sampredro, natural da Galiza, sofreu quando jovem, um acidente que o deixou tetraplégico.
Este filme possibilita-me exercitar uma reflexão profunda sobre o sentido da vida. A concepção da morte como a razão de toda uma vida, é difícil de interpretar e faz-me repensar os valores morais que adoptamos na nossa sociedade. Afinal, quem tem direito à vida? Que sentido faz criarmos ambições, se existe como superlativo uma morte desejada?
Rámon no seu perfeito estado mental, vive com humor e soberania os dias que atentam contra a sua própria vida. Sem se mover, faz girar a realidade à sua volta.
A paixão que nasce pela advogada que o ajuda no seu caso, ao contrário do que seria comum, não o consegue dissuadir das suas intenções. Daí não me identificar e não entender este problema de desalento que o faz desistir de toda uma vida que aparentemente deixa de ter sentido por uma limitação física. Dado à criação e inovação, uma pessoa extremamente activa de pensamento, Rámon seduz os que o rodeiam, desvaloriza a própria vida e ajuda os outros a encontrar um rumo para as suas. Está isto certo?
Talvez não seja inaceitável perceber que uma pessoa que está a sofrer ambicione mais do que tudo por fim à vida. Mas nem assim acho que o ambicione por querer morrer, talvez esteja influenciada pelo estado de dependência em que se encontra, talvez não queira dar trabalho ou talvez seja cobardia para lutar por uma vida que lhe surgiu com mais obstáculos. Na verdade, acho até injusto quando uma pessoa desiste, quando deixa para trás o carinho dos que fizeram parte da sua construção.
Viver é isso mesmo, ter força para alcançar um certo patamar e depois outro que mais ou menos oculto terá certamente as suas razões para brilhar, as coisas boas e menos boas.
Ter liberdade para morrer poderá ser coerente? Acho que é mais coerente ter liberdade para enfrentar o que se opõe, vivendo, amando, fazendo diferente…
Marisa Ferreira - 12ºA, nº 16


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

POR AQUI E POR ALI


Para descontrair... no fim de semana

"Há muitos livros sobre exploradores destemidos que escalam montanhas, atravessam oceanos, enfrentem intempérides e sofrem experiências traumáticas.
Mas em Por Aqui e Por Ali existe outro tipo de heróis: pessoas comuns que se esfalfam para subir um monte, que ficam histéricas com os animais selvagens...isto para não falar do horror que têm aos insectos!
Bill Bryson decide com o seu amigo Stephen Katz fazer três mil kilómetros pela floresta durante vários meses, percorrendo a pé o mais longo trilho do mundo. Um esforço enorme para o autor que tem o hábito de estar sentado e um suplício para o amigo, ex-alcoólico, gordo e que adora fast-food.
Com o seu estilo irreverente e inconfundível, Bryson conta casos inacreditáveis de destruição ecológica e descreve os estragos causados pelo turismo, o qual critica impiedosamente - incluindo-se a si e ao seu companheiro neste rol de destruidores.
Um livro para quem ama a natureza selvagem, mas que ao mesmo tempo adora os prazeres da civilização."

" Não vou dizer que a experiência mudou as nossas vidas, mas a verdade é que aprendi a dar valor às florestas e ganhei mais respeito à natureza e à escala colossal da América. (...) O melhor de tudo é que, hoje em dia, quando vejo uma montanha, observo-a devagar e respeitosamente, com um olhar firme e conhecedor."

Por aqui e Por Ali, Bill Bryson - Quetzal Editores, Lisboa 2007

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

LÓGICA UM CURSO INTRODUTÓRIO


"Lógica: Um Curso Introdutório coloca em evidência a importância da lógica na filosofia, apresentando numerosos exercícios para um maior domínio das técnicas lógicas e preparando o leitor para o estudo da filosofia da linguagem, da ciência e da matemática.
Esta edição portuguesa foi especialmente revista e corrigida em colaboração com o autor, constituindo ponto de referência para todos os que desejam dominar o raciocínio dedutivo.
Mais um contributo da Gradiva para munir a comunidade filosófica de língua portuguesa daqueles instrumentos sem os quais a filosofia não poderá elevar-se acima da especulação inconsequente nem cumprir o papel crítico que constitui a sua razão de ser."

Esta obra abrange os aspectos mais relevantes da lógica elementar, bem como alguns temas que lhe estão associados:
Verdade, validade e forma lógica;
Frases e proposições;
Funções e tabelas de verdade;
Testes semânticos de validade;
Demonstrações;
Adequação expressiva, consistência e completude;
Teoria da Quantificação;
Identidade, nomes e descrições;
Teoria lógica das relações;
Lógica temporal, modal e intuicionista.

Lógica: Um Curso Introdutório, W.H.Newton -Smith, Gradiva, Coleccção Filosofia Aberta, Abril 2005

domingo, 15 de novembro de 2009

O PROBLEMA DO LIVRE- ARBÍTRIO



Vou contar-te um caso dramático. Já ouviste falar das térmitas, essas formigas brancas que, em África, constroem formigueiros impressionantes, com vários metros de altura e duros como pedras? Uma vez que o corpo das térmitas é mole, por não ter a couraça de quitina que protege outros insectos, o formigueiro serve-lhes de carapaça colectiva contra certas formigas inimigas, mais bem armadas do que elas. Mas por vezes um dos formigueiros é derrubado, por causa de uma cheia ou de um elefante (os elefantes, que havemos nós de fazer, gostam de coçar os flancos nas termiteiras). A seguir, as térmitas-operário começam a trabalhar para reconstruir a fortaleza afectada, e fazem-no com toda a pressa. Entretanto, já as grandes formigas inimigas se lançam ao assalto. As térmitas-soldado saem em defesa da sua tribo e tentam deter as inimigas. Como nem no tamanho nem no armamento podem competir com elas, penduram-se nas assaltantes tentando travar o mais possível o seu avanço, enquanto as ferozes mandíbulas invasoras as vão despedaçando. As operárias trabalham com toda a velocidade e esforçam-se por fechar de novo a termiteira derrubada… mas fecham-na deixando de fora as pobres e heróicas térmitas-soldado, que sacrificam as suas vidas pela segurança das restantes formigas. Não merecerão estas formigas-soldado pelo menos uma medalha? Não será justo dizer que são valentes? Mudo agora de cenário, mas não de assunto. Na Ilíada, Homero conta a história de Heitor, o melhor guerreiro de Tróia, que espera a pé firme fora das muralhas da sua cidade Aquiles, o enfurecido campeão dos Aqueus, embora sabendo que Aquiles é mais forte do que ele e que vai provavelmente matá-lo. Fá-lo para cumprir o seu dever, que consiste em defender a família e os concidadãos do terrível assaltante. Ninguém dúvidas: Heitor é um herói, um homem valente como deve ser. Mas será Heitor heróico e valente da mesma maneira que as térmitas-soldado, cuja gesta milhões de vezes repetida nenhum Homero se deu ao trabalho de contar? Não faz Heitor, afinal de contas, a mesma coisa que qualquer uma das térmitas anónimas? Por que nos parece o seu valor mais autêntico e mais difícil do que o dos insectos? Qual a diferença entre um e outro caso? Muito simplesmente, a diferença assenta no facto de as térmitas-soldado lutarem e morrerem porque têm de o fazer, sem que possam evitá-lo (como a aranha come a mosca). Heitor, pelo seu lado, sai para enfrentar Aquiles porque quer. As térmitas-soldado não podem desertar, nem revoltar-se, nem fazer cera para que outras vão em seu lugar: estão programadas necessariamente pela natureza para cumprir a sua heróica missão. O caso de Heitor é distinto. Poderia dizer que está doente ou que não tem vontade de se bater com alguém mais forte do que ele. Talvez os seus concidadãos lhe chamassem cobarde e o considerassem insensível ou talvez lhe perguntassem que outro plano via ele para deter Aquiles, mas é indubitável que Heitor tem a possibilidade de se recusar a ser herói. Por muita pressão que os restantes exercessem sobre ele, ele teria sempre maneira de escapar daquilo que se supõe que deve fazer: não está programado para ser herói, nem o está seja que homem for. Daí que o seu gesto tenha mérito e que Homero nos conte a sua história com uma emoção épica. Ao contrário das térmitas, dizemos que Heitor é livre, e por isso admiramos a sua coragem.

Ética para um Jovem, Fernando Savater, Editorial Presença, Lisboa,1993

sábado, 14 de novembro de 2009

DOIS MODOS DE SILENCIAR




Há tantas maneiras de tentar silenciar ideias que não nos agradam que seria pouco prudente tentar fazer uma lista de todas elas. Mas vale a pena falar de duas delas.
Ambas pertencem à falácia da mudança de assunto e ocorrem quando alguém ouve ou lê uma ideia qualquer de que não gosta, e que não quer sequer ver discutida. Não se trata de pensar que a ideia é errada e de aproveitar a ocasião para esclarecer as pessoas e apresentar ideias opostas; trata-se de não querer que tais ocasiões surjam. Um observador cínico poderá pensar que a pessoa no fundo desconfia que não há realmente boas razões para pensar o que ela pensa, mas desagrada-lhe mudar de ideias como a qualquer pessoa sensata desagrada mudar de casa por causa de todos os transtornos que isso provoca. Mas não interessa realmente saber que motivações psicológicas tal pessoa terá. O que conta é que o resultado é o silenciamento, se nos deixarmos ir na conversa.
E como se faz o silenciamento? De pelo menos duas maneiras principais.
A primeira ocorre nos meios intelectuais, ou entre pessoas que gostam de ser consideradas intelectuais: aqui, usa-se a cultura como arma de arremesso. E então diz-se coisas do género “Você já leu X? Não? Então cale-se!” A ideia é X ser um autor denso ou difícil ou obscuro, pelo que é elevada a probabilidade de a outra pessoa não o ter lido e se calar por ficar envergonhada. Evidentemente, isto só funciona quando as pessoas realmente são vaidosas e têm vergonha de dizer que não leram. Se isso não ocorrer, ou se por azar a pessoa tiver lido, a tentativa de silenciamento é gorada.
A outra ocorre na vida pública, que me parece cada vez mais acéfala: aqui, usa-se a ideia de que os nossos direitos estão a ser atropelados. Toda a gente passa então a discutir esta outra ideia, e não a original. Foi o que ocorreu no caso do Saramago. As pessoas que discordam dele poderiam ter aproveitado a ocasião para explicar por que razão discordam da leitura que ele faz da Bíblia. Mas não foi isso que se fez; o que se fez foi bater no peito dos direitos atropelados, como se o grande Nobel marxista estivesse a atropelar direitos. E mudou-se de assunto.
Poder-se-ia pensar que seria mais honesto dar ordem de silêncio, em vez de falar de autores eruditos ou de invocar imaginados direitos atropelados. E seria. Só que seria também menos eficaz, porque ninguém daria ouvidos a tal ordem. Ao passo que introduzindo o ruído do autor que não se leu ou dos direitos atropelados, passa-se a discutir outra coisa e silencia-se a discussão original — e era precisamente isso que se queria desde o início.
Escrito por Desidério Murcho

Retirado do blog: criticanarede.com

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O MITO DOS ARGUMENTOS COERENTES


Pensa-se por vezes que a coerência é uma característica interessante e laudatória de um argumento.

Acontece que isto é falso. A coerência não é uma característica interessante e laudatória de um argumento. Um argumento coerente pode ser péssimo, tanto por inválido quanto por ser circular ou por ter qualquer outro defeito elementar.

O caso mais evidente é este:

Aristóteles era grego.
Logo, Platão era grego.

Este argumento é coerente, no sentido em que não se contradiz, mas é tolo porque a conclusão não se segue da premissa. E o mesmo ocorre com a maior parte das falácias, como a falácia da afirmação da consequente:
Se Aristóteles nasceu em Atenas, era grego.
Aristóteles era grego.
Logo, nasceu em Atenas.

Este argumento é inválido — as premissas não sustentam a conclusão — mas é perfeitamente coerente.

Portanto, a coerência não é uma característica interessante e laudatória de um argumento. Ao invés, é uma característica que os maus argumentos, na sua maior parte, têm.
Escrito por Desidério Murcho
Retirado de Crítica: blog de Filosofia

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A COMPLEXIDADE DO SER HUMANO E O SEU INACABAMENTO BIOLÓGICO


Actualmente, sabe-se que o ser humano «é o resultado de uma complexa história de desenvolvimento, em que se entrelaçam factores hereditários e experienciais» (Telford e Sawrey). Todavia, foram várias as concepções que surgiram que aceitavam apenas o Homem enquanto dimensão genética, como a concepção preformista. O preformismo defende que a acção genética é a única causadora do Homem enquanto ser, não importando o meio em que está integrado. Tudo o que somos está já predeterminado, somos fruto da nossa hereditariedade.
Obviamente, esta teoria não foi corroborada, pelo contrário, sabemos que a verdade se encontra na concepção epigenética. A epigénese diz-nos que o ser humano resulta do seu código genético e da interacção com o meio. O meio adquire, assim, um papel fundamental no desenvolvimento do Homem. O que nos leva a considerar que somos seres inacabados quer física quer psicologicamente, pois a existência humana deriva de inúmeros acontecimentos e do nosso potencial herdado. O nosso inacabamento pode-se dizer ser duplo, dado que somos caracterizados pelo inacabamento mental – prematuridade -, e pelo físico – neotenia. A prematuridade permite-nos crescer e desenvolver psicologicamente da melhor forma possível, se inicialmente temos necessidade de aprender a falar, caminhar, escrever (ao contrário dos animais, que nascem com uma Natureza dada), conseguimos facilmente evoluir para um estado racional muito superior. Já a neotenia permite o nosso mais correcto crescimento físico, crescemos progressivamente, sendo que o nosso cérebro, por exemplo, nunca pára de crescer.
O inacabamento humano traz, deste modo, inúmeras vantagens, pois possibilita a evolução progressiva do ser humano, este é, pois, capaz de se adaptar e, em função das condições em que terá de crescer, desenvolver-se. Somos portanto capazes de produzir um organismo cada vez mais complexo, como afirma o excerto.
O ser humano caracteriza-se, assim, pela complexidade do seu desenvolvimento, que nos leva a considerar o quão perfeita a Natureza é!

Patrícia Cruz, nº22 -12ºC

terça-feira, 10 de novembro de 2009

VIVER PARA QUÊ?





Filosofia Pública Dinalivro

Direcção de

Pedro Galvão Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa

Esta colecção proporciona aos leitores de língua portuguesa antologias de ensaios filosóficos centrais. As antologias incidem em questões capazes de interessar a um público muito amplo, e não apenas a investigadores e professores especializados. Cada um dos livros reúne ensaios de qualidade internacionalmente reconhecida, introduzindo o leitor num debate filosófico vivo em que as diversas perspectivas são defendidas pelos que melhor as representam.
2009
Viver Para Quê? Ensaios Sobre o Sentido da Vida Organização e tradução de Desidério Murcho, Universidade Federal de Ouro Preto
Retirado de Crítica na Rede

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O PAPEL DA ACÇÃO GENÉTICA NOS SERES HUMANOS


“Toda a pessoa é o resultado de uma complexa história de desenvolvimento, em que se entrelaçam factores hereditários e experienciais. Começa a vida como uma célula única, cujo potencial hereditário se apresenta em forma de mecanismos meticulosamente codificados. Durante o curso da sua existência um número imenso de acontecimentos multiculturais interage com o potencial herdado, para produzir um organismo cada vez mais complexo”.

(Telford e Sawrey)

Hoje em dia, é ponto assente que a hereditariedade e o meio ambiente não poderão ser tomados como factores isolados na análise do ser humano. ( «Toda a pessoa é o resultado de uma complexa história de desenvolvimento, em que se entrelaçam factores hereditários e experienciais.»).
Não foi, todavia, sempre assim. A comprovar-se pela concepção preformista, que defendia que toda a estrutura humana já se encontrava no interior do ovo (homem em miniatura – homúnculo), sendo que a sua evolução apenas se daria relativamente ao aumento de tamanho. É, portanto, uma teoria determinista, pois considerava que toda a informação já se encontrava ancorada no código genético, descurando a influência do meio ambiente na evolução humana.
Esta teoria foi, posteriormente, posta de lado, uma vez comprovada a influência do meio ambiente no homem. O ser humano, através da aprendizagem, por exemplo, desenvolve capacidades cujo registo não se encontrava no código genético. Tal vai de encontro à ontogénese, que não só promove a variabilidade individual que escapa ao determinismo genético, como também prolonga os efeitos da genética sem serem por estes determinados.
Esta influência do meio ambiente vai ser, também, essencial para ultrapassar o inacabamento humano, uma vez que se trata de um ser prematuro e neóteno, isto é, inacabado psicológica e fisicamente, respectivamente.
“Retiram-nos do forno ainda a meia cozedura”: de facto, as capacidades físicas e psicológicas do ser humano estão ainda, no momento do nascimento, por desenvolver. Não é capaz, como um bezerro ou veado, por exemplo, de se erguer (e repeti-lo insistentemente após tentativas falhadas) logo após ter saído do seio materno. O homem não pode ser considerado um ser detentor de livre-arbítrio logo que nasça.
Assim, esta constante (e desafiadora) evolução humana, permite que o ser humano seja capaz de se adaptar ao meio que o envolve, de ter sede de possuir mais conhecimentos, e criatividade também, para conseguir ultrapassar os desafios que enfrenta ao longo da sua vida, o que favorecerá o aparecimento de adaptadas e diferentes culturas.
O Homem torna-se, assim, um (e o) ser mais completo e complexo, capaz de superar a hipotética e aparente desvantagem do inacabamento humano.

Antea Gomes, nº5 - 12º C

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

FICHA SOBRE AS FALÁCIAS INFORMAIS


Indica o nome das falácias presentes nos argumentos seguintes:

1 -Podemos aceitar que há fenómenos telepáticos, porque até agora não se provou que não existem.

2- Os alunos ou têm o desejo de aprender ou não têm.

3 - A razão porque se dissolve o açúcar é porque ele é uma substância solúvel.

4 - A tua tese de que a alma é imortal não tem qualquer fundamento, porque já estiveste preso e, ainda por cima, chumbaste dois anos seguidos na disciplina de Filosofia.

5 - Durante a reunião, tive muita dificuldade em concentrar-me. O João não parava de fumar. O fumo foi, obviamente, a causa da minha dificuldade de concentração.

6 -Ou me amas ou me odeias!

7- A nossa teoria é, sem dúvida, a melhor. Aquele que a contestar será enforcado.

8 -Fui eu quem cometeu esse crime, mas não mereço uma pena tão pesada. Faço um apelo a quem tiver um coração a bater dentro do peito para que pense na dor dos meus filhos quando souberem que o pai foi encarcerado, e na saudade que eu vou sentir por estar longe deles.

9- «O que fulano diz sobre o balanço da empresa não pode ser levado a sério. Afinal ele traiu a mulher,..»

1o - «A Bíblia é perfeita porque é a Palavra de Deus. E como sabemos que é a Palavra de Deus? Ora, pela sua perfeição.»

11 - «Porque é que sou a pessoa mais indicada para liderar o partido? Porque, de entre todos os outros candidatos, considerando as minhas qualificações, sou a melhor pessoa para o cargo.»

12 -«Se o carro do Pedro tem a mesma cor do João, então é provável que consuma o mesmo do João – 51/100 km.»

13 -«Quem não é por mim é contra mim. Você não me apoia na campanha. Logo, você vai lutar contra a minha eleição.»

14 -«Quem faz uma... faz duas ou três. O relógio deixou de ser visto logo após a sua saída. Portanto, foi você que o roubou.»

15 -«Amanhã tens de saber a tabuada, senão vais ver quantas vezes tens de a copiar…»

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

FAMÍLIA iii


A partilha da socialização por vários agentes


«A família já não é o agente central da socialização na nossa sociedade como o foi noutros tempos e noutras sociedades. Com muito maior importância surgiram, fora do âmbito da unidade domés­tica, as instituições especializadas de carácter educativo. Mesmo durante o período pré-escolar, a família foi afectada por certos factores que lhe são exteriores. Sem contar com o número cada vez maior de creches pré-escolares, temos ainda o aparecimento do que se pode designar por indústria de orientação e conselhos aos pais, onde se incluem as grandes lojas para mães e as aulas especiais. E, além disso, não devemos esquecer os efeitos da televisão ao fornecer modelos de vida e de socie­dade que podem estar, eventualmente, em desacordo com aqueles que a família oferece.
Embora, em muitos casos, as funções de socialização da família tenham sido substituídas por outras instituições mais formais, seria errado sugerir que a família e a educação existem como instituições independentes na nossa sociedade.»

Peter Worsley, Introdução à Sociologia, Publicações Dom Quixote, 1974 (adaptado)

FAMÍLIA ii


A evolução das famílias

«Sofrendo o impacto da modernização da sociedade portuguesa, a vida familiar regista algumas mudanças assinaláveis. Salienta-se a diminuição da dimensão média da família e o aumento dos agregados de pessoas sós ou o decréscimo dos agregados numerosos e das famílias complexas. Por outro lado, como reflexo provável da descida e adiamento da fecundidade, do aumento do divórcio ou do envelhecimento populacional, diminuem as famílias de casal com filhos e aumentam as de casal sem filhos e as monoparentais.»

Sofia Aboim, "Evolução das estruturas domésticas (Dossiê «Famílias no censo 2001: caracterização
e evolução das estruturas domésticas em Portugal»)" in Sociologia — Problemas e Práticas, n.º 43, Janeiro de 2004


A família em mutação


«A família actual já não corresponde ao esquema tradicional enaltecido pela sociedade industrial. As gerações já não coexistem sob o mesmo tecto, e a importância da autoridade paterna decresce à medida que se impõe a afectividade como valor essencial. Não existe desagregação, mas a mutação profunda da família que, não se limitando a um modelo único, antes se desdobra em diversas modali­dades de que não tínhamos, até agora, nenhuma experiência.
As transformações do nosso século modificaram profundamente o tecido social. (...) O emprego das mães, por exemplo, retira-lhes tempo para consagrar à família. (...) Como corolário aparece o novo pai, mais à vontade nas tarefas que, outrora, eram estritamente da alçada da mãe, como os cuidados prestados ao bebé.»
Jean-Pierre Pourtois, Hugutte Desmet e Christine Barras, "Educação Familiar e Parental" in Inovação, vol. 7, 1994

FAMÍLIA


Conceitos elementares sobre a família

«Uma Família é um grupo de pessoas unidas directamente por laços de parentesco, no qual os adultos assumem a responsabilidade de cuidar das crianças. Os laços de Parentesco são relações entre indivíduos estabelecidas através do casamento ou por meio de linhas de descendência que ligam familiares consanguíneos (mães, pais, filhos e filhas, avós, etc.). O Casamento pode ser defi­nido como uma união sexual entre dois indivíduos adultos, reconhecida e aprovada socialmente. Quando duas pessoas se casam, tornam-se parentes; contudo, o casamento une também um número mais vasto de pessoas que se tornam parentes. Pais, irmãos e outros familiares de sangue tornam-se parentes do outro cônjuge através do casamento.»

Anthony Giddens, Sociologia, Fundação Calouste Gulbenkian, 2004, 4ª edição

domingo, 1 de novembro de 2009

SABEDORIA SEM RESPOSTAS


Uma Breve Introdução à Filosofia



"Como o apresentaria Sócrates ao estudo da filosofia? Provavelmente como faz este livro. Trata-se de uma obra deliciosamente provocadora que o ajuda a entender a filosofia como a entendiam os grandes filósofos: uma actividade feita de questionamento e raciocínio, e não apenas um conjunto de informações. Em 14 capítulos cheios de vivacidade, aprenderá a evitar as respostas fáceis e será conduzido ao mundo fascinante do pensamento filosófico. Serão examinadas algumas das questões fundamentais:

Deus existe?

Porque existe o Universo?

O que é o eu?

Qual o significado da vida?

Que é a morte?

Dispomos de livre-arbítrio?

Que é o conhecimento?

Que significa a moral?

O leitor poderá abordar frontalmente estas perguntas e explorará os modos como elas o afectam. E aprenderá a abandonar as respostas preconcebidas e a pensar de forma crítica nas ideias filosóficas que podem transformar a sua vida."

Aqui fica o Prefácio da obra como forma de despertar a curiosidade para a leitura.

"Sócrates era o filósofo por excelência. Sabia apenas isto: que, em última análise, nada sabia. Mas possuía a capacidade de mostar aos outros, por mais sofisticados ou eruditos ou pretensiosos que fossem, que também eles nada sabiam.
Sócrates usava a filosofia para pôr tudo em causa, mesmo aquilo que ele tomava como garantido ao pôr tudo em causa! Usou a filosofia - como todos os verdadeiros filósofos usam - para mostrar como podemos tirar o tapete debaixo dos nossos próprios pés, como cortar através do escudo de respostas que nos separa do mistério.
Este livro dá ao leitor as boas-vindas à filosofia da forma como Sócrates, se ainda estivesse por cá, o faria: pondo-lhas fora do alcance durante o tempo suficiente para que possa ter a experiência da sabedoria do desconhecedor.
Muitas pessoas chegam à filosofia com a impressão falsa de ela ser apenas de um corpo de conhecimento. Esperam receber informação em vez de pensarem por si mesmas. Muitas vezes pressupõem ter as respostas para as perguntas que os filósofos pretendem reabrir de uma nova forma. Por conseguinte, os filósofos queixam-se muitas vezes de que os seus estudantes não estão nem motivados nem preparados para lidar com a matéria usada nas disciplinas introdutórias.
Este livro está concebido para resolver os problemas da motivação e da preparação. Mostramos, em vez de dizer, que a filosofia é uma actividade de perguntar e raciocinar e não um corpo de informação. Envolvemos os estudantes nas competências de que necessitam para interagirem criticamente com a matéria tipicamente apresentada numa disciplina introdutória. E, sobretudo, desconstruiremos sistematicamente a afeição dos estudantes pelas respostas feitas, deixando-os preparados para dar novos sentidos às coisas." (...)


Sabedoria sem Respostas, Uma Breve Introdução à Filosofia, Daniel Kolak e Raymond Martin

Temas e Debates, 1ª edição: Fevereiro 2004


sábado, 31 de outubro de 2009

PAISAGEM DE ALDEIA COM LUZ MATINAL


"O quadro Paisagem de Aldeia com Luz Matinal (A árvore Solitária), de Caspar David Friedrich pode parecer à primeira vista bastante realista. No entanto, a composição não é produto de uma única impressão visual específica. (...) De formato paisagístico apresenta uma planície que se estende sem obstáculos até ao fundo, vista como se o espectador estivesse sobre a pequena elevação que começa nos cantos inferior esquerdo e direito. A partir deste ponto, podemos contemplar um pequeno lago - sem caminho que a ele conduz - e um enorme carvalho que, à primeira vista, parece estar bem perto. No entanto, logo que nos apercebemos também da pequena figura de um pastor encostado ao tronco, a árvore parece, subitamente estar mais afastada e, logo, ser gigantesca. Os aspectos relativos à proximidade e distância estão constantemente em oposição por todo o quadro, pelo que a experiência racional do dia-a dia é deturpada pela irracionalidade visual. Enquanto um idílio de natureza intacta se desdobra em volta do carvalho e do pastor, as aldeias e os pináculos da igreja local, erguidos pelo homem, ficam dessa forma, ocultos e comprimidos pelas montanhas e o céu no interior de um vale. Tudo isto aponta para um simbolismo geral em que o carvalho, elevado à categoria de protagonista, é uma metáfora do crescimento e decadência ou da vida humana em geral: quando o homem se entrega a esses factores elementares, como fez o pastor, pode emfim alcançar a harmonia e a paz."

Caspar David Friedrich, Juliane Steinbrecher - Taschen

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

PROJECTO DO GENOMA HUMANO


O Projecto do Genoma Humano


Poder-se-á encontrar a cura para doenças, actualmente, incuráveis? Será possível salvar vidas humanas numa maior escala? Será possível criar uma pessoa em laboratório? Como é que esta seria vista pela sociedade? Será que queremos saber, que um dia mais tarde, vamos desenvolver uma doença? Que implicações é que isso teria na nossa vida? O estudo do Genoma Humano pode, eventualmente, responder a estas questões.
Os cientistas têm, nos últimos anos, trabalhado no Projecto do Genoma Humano, tendo já conseguido alcançar bons e amplos resultados, como por exemplo: a descoberta de mais de 1800 genes provocadores de doenças. Este projecto tem como principal objectivo o mapeamento dos genes, ou seja, o seu registo e organização.
Existem múltiplas vantagens no uso dos conhecimentos adquiridos sobre o Genoma Humano, pois poder-se-ia detectar se uma pessoa está predisposta a sofrer de cancro, por exemplo, e assim, o tratamento seria mais eficaz. Podemos acrescentar que o conhecimento do Genoma Humano possibilitaria encontrar enfermidades graves num embrião e corrigi-los. Todas estas vantagens traduzem-se no aumento da esperança média de vida.
Mas, o Projecto do Genoma Humano não acarreta só vantagens, apresenta, também, desvantagens. Do ponto de vista moral e ético poder escolher as características dos embriões não é aceitável, uma vez que não vai permitir que exista uma regularidade na continuação da espécie humana. Aos olhos da sociedade, em geral, não é admissível que se possa criar um ser, que se possa escolher as características, por exemplo: a cor dos olhos ou do cabelo. É como se a vida humana fosse uma tela, na qual o pintor pode colocar as cores que quer. A juntar a estas desvantagens temos a perda da individualidade aliada a vários problemas que podem surgir no quotidiano. A título de exemplo, se for possível diagnosticar que um indivíduo poderá desenvolver uma determinada doença, este poderá ter mais dificuldade em fazer um seguro de vida e até encontrar emprego. É como se a vida de cada um fosse controlada pelo ADN.
Coloca-se então uma questão fundamental, é ou não favorável proceder ao estudo do Genoma Humano e utilizar as suas descobertas? Quanto a isto, não temos, ainda, uma resposta concreta, só o tempo e a ciência o dirão! Existem muitas vantagens, mas não podemos esquecer as múltiplas desvantagens!

Alexandra Neves n.º1
Carla Correia n.º7
Patrícia Fernandes n.º21
Samanta Cristóvão n.º23

Turma 12ºC

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

VERTIGEM AMERICANA

Para descontrair....


"Para onde vai a América?

Em direcção ao destino imperialista que predizem os que a odeiam? Em direcção ao horizonte democrático que encarna aos olhos dos seus amigos? Ninguém fica indiferente perante este país colossal, ferido e contraditório, este país-conceito cujos símbolos, nobres ou infames, estão sempre presentes sob a batuta da imprensa internacional.

Numa tentativa de compreender a nova América, Bernard-Henri Lévy foi convidado pela revista Atlantic Monthly a refazer, 172 anos depois, os passos do seu conterrâneo Alexis de Tocqueville que, em 1831, sob o pretexto de estudar o sistema presidiário, analisou todos os aspectos da sociedade americana, viagem que deu origem à obra-prima Da Democracia na América.

Durante um ano, entre a campanha eleitoral que reelegeu George Bush, em 2004, e o Verão de 2005 quando o furacão Katrina assolou Nova Orleães, Bernard-Henri Lévy percorreu mais de 20.oookms de Norte a Sul do país visitando muitas prisões, entre as quais Guantámano, entrevistando ricos e famosos como Woody Allen, Warren Beatty, Sharon Stone, Noman Mailer, George Soros e seguindo os passos de personalidades que tanto vincaram a América como Hemingway, Jack Kerouac ou Martin Luther King.

Vertigem Americana é um livro flexivel e caloroso num registo perspicaz e divertido que medeia entre o jornalístico e o raciocínio filosófico. Um Tocqueville dos Tempos Modernos. Uma obra imprescindível."


Vertigem Americana, Bernard-Henri Lévy (Prefácio de Diogo Freitas do Amaral), Asa Editores

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ELEMENTOS BÁSICOS DE FILOSOFIA


" Agora numa nova edição, esta é uma das mais bem sucedidas introduções à filosofia editadas nos últimos tempos. Numa linguagem clara, precisa e despretensiosa, esta obra introduz de forma estimulante os seus leitores no mundo fascinante da filosofia. Cada capítulo aborda uma disciplina filosófica, da ética à filosofia da ciência, passando pela filosofia da religião e pela epistemologia, pela filosófia política, pela filosofia da mente e pela filosofia da arte. Questões como a natureza da própria filosofia, a existência de Deus, a vida após a morte, a liberdade de expressão, a distinção entre corpo e mente, a natureza da ciência, a definição da arte, entre outras, são aqui apresentadas de forma bastante apelativa e discutidas criticamente.

Nesta segunda edição portuguesa (quarta edição inglesa), Warburton acrescentou secções em vários capítulos, reviu outros e actualizou a lista de leituras complementares.

Se alguma vez quis saber se o mundo é realmente como pensa que é, então é o livro indicado para si.

Essencial para estudantes de filosofia, esta obra é também do máximo interesse para estudantes de direito, teologia, ciências naturais, psicologia e artes, para além de constituir uma excelente fonte de reflexão para o público em geral, pois mostra como pensar rigorosamente e sistematicamente sobre temas que a todos interessam, como a eutanásia e a democracia."
Elementos Básicos de Filosofia, Nigel Warburton - Gadiva, Colecção Filosofia Aberta