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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ANOITECER


A luz desmaia num fulgor de aurora,
Diz-nos adeus religiosamente...
E eu que não creio em nada, sou mais crente
Do que em menina, um dia, o fui... outrora...

Não sei o que em mim ri, o que em mim chora,
Tenho bençãos de amor pra toda a gente!
E a minha alma, sombria e penitente,
Soluça no infinito desta hora...

Horas tristes que vão ao meu rosário...
Ó minha cruz de tão pesado lenho!
Ó meu áspero intérmino Calvário!

E a esta hora tudo em mim revive:
Saudades de saudades que não tenho...
Sonhos que são os sonhos dos que eu tive...

Florbela Espanca- in Livro de Soror Saudade

3 comentários:

Lia disse...

Reconhece-se a Florbela pelo primeiro verso.É inconfundível.Lindo!!!

Lia disse...

A foto é do mais belo que tenho visto.

Isabel disse...

A foto é da minha autoria. Redimensionada para o blog perdeu qualidade.
Gosto imenso de Florbela Espanca.
Obrigada Lia pela visita.