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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

12 Angry Men e a Importância da Argumentação

A argumentação tem uma enorme importância na vida do dia-a-dia, onde somos muitas vezes obrigados, pelas circunstâncias, a apresentar as nossas razões, as justificações dos nossos comportamentos e das nossas tomadas de posição. No filme “12 Angry Men” assiste-se a uma dessas circunstâncias, em que um grupo de doze jurados tem de decidir o futuro de um jovem de 18 anos, acusado de homicídio em primeiro grau, por ter morto o seu próprio pai com uma navalha. Se este fosse considerado culpado, então o seu destino seria, obrigatoriamente, a morte, mas se existisse uma dúvida legítima entre os jurados, então o acusado devia ser considerado inocente. 
Inicialmente, a maioria dos jurados, onze em doze, estava a favor da condenação do acusado enquanto apenas um estava a favor da absolvição do mesmo. Posto isto, os jurados a favor da condenação do acusado tentam persuadir Davis, o único que votou a favor da absolvição, a mudar o seu voto, visto que era necessário que o veredicto dos jurados fosse decidido em unanimidade, dizendo as razões que os levaram a pensar que o acusado fosse culpado. Assim, assiste-se ao início de uma longa conversa, onde alguns do jurados que defendiam a culpabilidade do acusado começaram a mostrar os argumentos e factos que os levavam a tal conclusão. Um dos argumentos afirmado por um dos jurados a favor da condenação do miúdo foi que, uma das testemunhas, o velhote, que vivia no andar debaixo do quarto onde teve lugar o crime, julgou ter ouvido o miúdo gritar “vou-te matar” e instantes depois um corpo a cair no chão. Correu para a porta, abriu-a e viu o miúdo a correr pelas escadas para a rua. Mas, Davis recusa esse argumento e afirma que se o comboio passou na altura do crime (como diz o testemunho da vizinha da frente) então era impossível o velhote identificar a voz do rapaz com tanto ruído. E que mesmo que o velhote tivesse ouvido, Davis proferiu que se utilizava diversas vezes essa expressão no dia-a-dia e que o rapaz, se tivesse mesmo intenções de matar o pai, nunca a gritaria tão alto, para que a vizinhança não o ouvisse. Outro argumento foi que Davis pôs em causa o tempo o tempo que o velho demoraria a chegar do seu quarto até à porta da entrada, visto que eram 3,5 metros da cama à porta, e que o corredor tinha 13 metros. O velhote teria de andar 3 metros e meio, abrir a porta do quarto, andar 13 metros e abrir a porta de entrada, tudo em 15 segundos. Davis, demonstrou, fazendo o mesmo percurso à mesma velocidade do velhote, que este demoraria cerca de 41 segundos desde a cama do quarto até à porta da entrada e não 15 segundos, por isso, provavelmente, não teria sido capaz identificar a pessoa que descia as escadas. Um outro argumento foi que um dos jurados a favor de inocência do acusado, se lembrou que a mulher que testemunhou contra o acusado tinha as mesmas marcas nos lados do nariz que um dos jurados que usava óculos. Então perceberam que a mulher utiliza óculos mas que provavelmente por questões de beleza, não os teria usado durante a sentença. Então, chegaram à conclusão, pressupondo que a mulher não usava óculos na cama, que a mulher não seria capaz de identificar o culpado a 20 metros de distância sem óculos, julgando que ela apenas viu as silhuetas das pessoas em causa.
Com isto, conclui-se que Davis conseguiu refutar as ideias dos outros jurados, contra-argumentando com as razões que o tinham levado a pensar que o acusado seria inocente, que se baseavam no equívoco das testemunhas e dos factos. Depois de muito diálogo, Davis começa a conseguir convencer os outros jurados a mudarem de voto e assim consegue, com muita perseverança, persuadir os restantes jurados a votar a favor da inocência do rapaz, visto que não existiam provas suficientes para o culpar.
          Como mostra o filme, a argumentação é fundamental em todas as áreas da actividade humana onde não possa ser estabelecida uma verdade racionalmente demonstrada, como é o caso de uma sentença. Assim, eu penso que quando argumentamos, defendemos o nosso ponto de vista e devemos ser capazes de o justificar racionalmente. Claro que nem sempre é fácil encontrar justificações racionais para fundamentar os nossos pontos de vista e por vezes, somos um pouco dogmáticos, guiando-nos apenas por preconceitos, ideias que tomamos como verdadeiras sem termos razões para tal, que nos foram transmitidas por alguém, não nos permitindo criar uma ideia própria. Também no filme são mostrados contra-argumentos, argumentos que pretendem refutar a conclusão de outros, também importantes quando se está a argumentar. Então, podemos dizer que argumentar é defender uma ideia, uma opinião, apresentando um conjunto de razões que justifiquem essa tomada de posição.

Nuno Tiago Martins nº 14 10º C

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