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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

COMENTÁRIO DO FILME “OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS”


Uma avioneta sobrevoando o habitat de uma tribo, de onde um dos seus tripulantes lança uma vulgar garrafa de Coca-Cola… é assim que o filme inicia.
De início a garrafa faz as delícias aos elementos da tribo. Passado algum tempo, esta simples e inofensiva garrafa começa a ser disputada, começa a trazer problemas, de tal forma que o chefe da tribo decide entregá-la aos deuses.
Durante a viagem do chefe este enfrenta encontros com novas e inesperadas situações, que este procura entender à sua maneira.
Rimo-nos muito desta personagem, tão radicalmente diferente de nós a vários níveis: no seu aspecto físico, na linguagem que utiliza, no modo como vê o mundo que o rodeia, nas suas convicções, atitudes e comportamentos. Esquecemo-nos assim, por alguns momentos, de que nós próprios temos, também, dificuldades em compreender realmente os outros, ou seja, aqueles que não partilham a nossa maneira de estar, que não têm a mesma visão do mundo, nem semelhantes expectativas e aspirações. Afinal, também nós olhamos o mundo tomando como ponto de referência a nossa própria cultura; atribuímos os mesmos significados aos fenómenos significativos que nos são familiares; formulamos, a respeito dos outros, intenções e objectivos; projectamos fantasias que só fazem parte da nossa imaginação. Talvez pensemos: “que ridículo, que falta de lógica”. Não nos apercebemos, se calhar, que nos estamos a rir de nós próprios, da imperfeição dos nossos raciocínios, das nossas opiniões pouco fundamentadas, das nossas prioridades, quantas vezes invertidas, sem nos preocuparmos, por um momento que seja, em questionar a sua validade e pertinência.
Mas, afinal, isto conduz-nos também a uma outra questão que tem a ver com a forma como encaramos as situações novas e os inevitáveis efeitos que estas provocam em nós e nos outros. A garrafa de Coca-Cola é a este título sugestiva, pois representa um elemento novo, introduzido artificialmente na vida de um grupo, que vai implicar alterações na vida social e suscitar as mais diversas reacções.
Porém, se reflectirmos um pouco, não é isto que fazemos, muitos de nós, na nossa cultura quando somos confrontados com situações de mudança e procuramos a todo o custo ignorá-las, permanecendo tal como somos, numa tentativa desesperada de evitar esses imperativos de mudança? Não temos, também nós, dificuldades em lidar com essas mudanças, cada vez mais frequentes e imprevistas, que a cada passo se sucedem na sociedade? Não manifestaremos semelhantes atitudes de rejeição face a elementos que, de alguma forma, podem abalar as nossas crenças, as nossas certezas e alterar o rumo das nossas vidas?
Assim, a fruição deste momento lúdico, poderia tornar-se numa ocasião de superação pessoal e de consciencialização da unidade que construímos enquanto seres da mesma espécie apesar das diferenças. Esta atitude daria com certeza um colorido muito especial à nossa existência e ajudar-nos-ia a enfrentar os inquietantes desafios do futuro.

Ricardo Ferreira 12º A

1 comentário:

Anónimo disse...

ES O MAIOR, RAPAZ.
Tenho que entragar um cumentario amanha sobre isto.

AHAHAHHAHA