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quarta-feira, 31 de março de 2010

JORGE LUÍS BORGES



"Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso as minhas emoções directamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem na minha emoção".
Jorge Luís Borges

Olho para esta citação e penso que eu própria a podia ter escrito. É-me tão verdadeira. Também me sinto assim quando escrevo. Quando escrevo direcciono-me para alguém. Para alguém imaginário mas que me pertence. Esse misterioso alguém conhece-me, pelo que, não preciso de lhe explicar nada. Ele sabe o que sinto e porque o sinto. Sabe a razão de cada lágrima e de cada sorriso. Sabe o que sonho e o que me preocupa. Ele é o meu outro eu que não existe. Ele sabe o que digo quando me deixo levar e ”penso não imaginando”.
Cada personagem que acho ter criado é um pedaço de mim. Cada conjunto de palavras é o meu próprio eu.
A escrita dá-nos o poder de divagarmos sobre nós. E de o fazermos sem “dizer” que o fazemos.
Todos escrevemos de acordo com o que nos corre na alma. Ela é o rio que comanda as sensações. E como os rios vai sempre em direcção ao mar. E, por isso, as sensações que são as gotículas de água, também irão sempre na sua direcção. Mas, umas seguem pelo caudal principal. Outras, por vezes, distraem-se e entram em ribeiros, riachos e contrariam a corrente por momentos. E mesmo que sejam a “super gota”, acabam sempre por lá chegar. No mar estará o meu outro eu à sua espera. E quando me distraio, ele apanha-as e, surpreendentemente, mostra-me o que encontrou e exclama: ”Aqui está a gotícula desse teu sorriso. Ela foi mais forte que a gotícula da lágrima! Pensa nela e em mim! Pensa nos dois. E sorri. Porque eu, o teu outro eu, sabe que neste momento apenas queres sorrir!”.

Maria João Foz

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