Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 25 de março de 2010

ZERO NEGATIVO




Tinha os cabelos ruivos, ruivos
a ameaçar meios pregos e a pele clara de neve
por reciclar. Chegava com o meigo cansado sono
de fazer estragos e já mal os conhecia
como antes o não conhecer
feroz nada dizia. Sentava-se
e procurava um homem só
vulnerável. Depois cingia o ar de guerra
nas escadas, o álcool por estourar ou só as latas
já invólucros, já cartuchos, a cor dos couros.
Pouco aos dias sobrevive.
Há as tardes e as noites e as manhãs
sem custo se perderam. A mesma névoa produzida
das cidades, teima o mesmo rio a vocação
do zinco, ferindo o lodo em sossego,
as mesmas luzes a abater
sinais de território.
Por vezes descobria os braços. Não raro procurando
calhas, vagas subterrâneas, túneis principais
a interceptar. Até à derrocada.

J. A.

2 comentários:

Unknown disse...

Quem é este JA que tão belo texto produziu?
Muitos Parabéns

Isabel disse...

Bom Dia Lia
É o coordenador da nossa Biblioteca. Escreveu este poema para a Revista Katarsis do Grupo de Filosofia.