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domingo, 7 de março de 2010

O GRITO


O Grito, 1893
Óleo, têmpera e pastel em cartão
Galeria Nacional, Oslo
A ansiedade e o isolamento entre a multidão e a cidade eram os temas de Munch. No seu quadro mais famoso, O Grito, do qual existem cinquenta versões para além do quadro de 1893, actualmente na Galeria Nacional de Oslo, observamos o medo e a solidão do Homem num cenário natural que - longe de oferecer qualquer tipo de consolação - absorve o grito e o faz ecoar por detrás da baía até aos vultos sangrentos do céu. A baía, os pequenos barcos à vela e a ponte com a balaustrada cortando diagonalmente o quadro, sugerem que o cenário era Nordstrand.
O diário de Munch, contém uma passagem escrita em Nice durante um período de doença, em 1892, o qual faz lembrar esta cena: «Eu estava a passear cá fora com dois amigos e o Sol começava a pôr-se - de repente o céu ficou vermelho, cor de sangue - Eu parei, sentia-me exausto e apoia-me a uma cerca - havia sangue e línguas de fogo por cima do fiorde azul-escuro e da cidade -os meus amigos continuaram a andar e eu ali fiquei, em pé, a tremer de medo - e senti um grito infindável a atravessar a Natureza.»
Munch, Ulrich Bischoff- Taschen

2 comentários:

LIA disse...

sexta-feira, 5 de Março de 2010
EM MEMÓRIA DE LEANDRO FILIPE
Tinha 12 anos e tinha medo
E tinha um pesadelo
E um pântano no olhar
E o corpo numa grade
E a alma numa cela
E o sonho de um rio
Onde o medo se afogasse.
Tinha doze anos e uma escola
Que lhe ceifava as asas
E o fechava nesse medo
Que tinha e tinha doze anos!
"Tão jovem! Que jovem era?
Agora que idade tem?"
Chamava-se Leandro e era pequenino
Com um pavor tão grande
Que se abraçou às águas
No rio triste que o acolheu
Para o libertar do pântano
Onde o medo lhe tolhia
O respirar de cada dia.
E voou...
Que céu te acolhe, Leandro?
Que escola te matou?

Isabel disse...

Uma morte absurda da qual todos somos culpados. Lemos os olhos dos alunos que se abrem em sofrimento e viramos as costas como se isso não nos dissesse respeito. Vivemos egoisticamente virados para o nosso "eu".
Poema tocante, ouve-se o grito infindável...
Isabel