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domingo, 13 de junho de 2010

SER POETA


Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

Este é, na minha opinião, dos poemas mais belos desta grande escritora. Nele reflecte sobre si própria e a sua profissão, fala da influência de um poeta, do dom que ele tem de ver e transformar o mundo num olhar e algumas palavras…
Exprime também o amor e o orgulho que tinha pela sua arte, que fazia questão de “gritar aos quatro ventos”.
Tal como é referido no poema, um poeta é um sonhador ambicioso, que não se contenta com o nada, o pouco ou mesmo o quase tudo. Só o infinito chega até que se conhecem novas coisas.
Tal como Fernando Pessoa, tema do primeiro número da revista Katársis deste ano lectivo, também esta grande senhora das letras fez uma reflexão sobre ela própria com tudo o que isso engloba.
Florbela foi uma grande escritora, que nos deixou obras de grande valor e, graças a isso, permanece e permanecerá na nossa memória de forma indelével.

Raquel Rei, 12ºB

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