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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

SERÁ A EUTANÁSIA MORALMENTE ACEITÁVEL?


Sobre este tema, existem duas principais teses concorrentes: uns defendem que a eutanásia deve ser aceite e legalizada e outros defendem que a eutanásia não deve ser permitida por lei e, consequentemente, não deve ser moralmente aceite.
Antes de apresentar a minha tese, deve-se classificar os vários tipos de eutanásia. A eutanásia pode ser voluntária ou involuntária, sendo que estas podem ser activas ou passivas. A eutanásia voluntária é decidida pelo próprio doente com total responsabilidade pelos seus actos, enquanto que a eutanásia involuntária não depende da vontade do doente mas sim da vontade de outros. A eutanásia voluntária activa distingue-se da passiva pelo facto de na activa haver uma componente de acção directa por parte de um agente que provocará certamente a morte do doente, enquanto que na passiva a morte é uma consequência directa de uma omissão, como acontece quando o médico deixa de administrar os tratamentos necessários à preservação da vida.
Na minha opinião, apenas a eutanásia voluntária (activa e passiva) deve ser moralmente aceitável. Um ser humano não deve ser obrigado a morrer apenas por intervenção de outros. Nós, os seres humanos, temos a capacidade de pensar por nós próprios, logo não necessitamos que decidam por nós. Mas a eutanásia voluntária deve ser aceite, pois aplicar a eutanásia numa pessoa com um prognóstico fatal é o mesmo que acelerar esse processo irreversível que é a morte, tendo o doente a possibilidade de minimizar o sofrimento físico e psicológico, além de que se estarão a poupar recursos que poderão ajudar outros doentes que até poderão resolver os seus problemas sem recorrer ao suicídio.
As pessoas se vivem é porque adquiriram o direito de o fazer, mas esse direito é agora delas e podem fazer o que desejarem com ela, tendo por vezes de tomar decisões díficeis mas que minimizem o seu sofrimento e o dos outros, mesmo que tenha de lhe pôr um ponto final.
Há, contudo, quem defenda que a eutanásia não deve ser moralmente aceite, pois acreditam que tudo o que fazemos que ponha em risco a nossa vida são acções contra a Natureza, pois acreditam que todas as acções que realizamos tem um único objectivo: a sobrevivência. Mas se tal fosse o caso, não poderíamos fumar, nem praticar desportos arriscados, nem conduzir um automóvel, pois tudo isso são acções que podem pôr em risco a nossa vida. Isso é totalmente absurdo, logo este argumento não deverá ser contabilizado. Outra objecção à eutanásia é o facto da decisão poder ser influenciada por um estado de espírito momentâneo ou por ocasião de um período de sofrimento que poderá levar à sua decisão. No entanto, a decisão de provocar a eutanásia é uma decisão que não pode ser tomada sem motivos plausíveis e deve ser acompanhada por pessoal qualificado, pois é uma decisão séria e se realizada sem uma razão convincente não pode ser acedida.
Muitas vezes consideramos a eutanásia como uma prática realizada em situações em que se supõe não haver qualquer esperança de se vir a modificar o estado da pessoa e isso não é correcto porque não se pode prever a evolução de uma doença e a resposta adaptativa do organismo. Mas se seguirmos por esse caminho podemos acreditar que uma pessoa possa viver até aos 300 anos e o facto de que nunca tenha acontecido não possa invalidar essa possibilidade. Será, contudo, que a esperança de um milagre que nos devolva a vida é suficiente para permitir todo o sofrimento físico e psicológico durante um tempo de espera, sem nada que faça prever a real ocorrência desse milagre? Parece-me que não.

João Rodrigues, nº13 -10º C

2 comentários:

LIA disse...

Ora aqui está um excelente texto argumentativo.Parabéns ao autor.

Isabel disse...

Obrigada Lia. O João não é meu aluno, pois este ano não dou Filosofia, no entanto vou contactá-lo para ler o comentário de incentivo à reflexão sobre temas actuais.