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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

SOMOS TODOS DIFERENTES… MAS TODOS IGUAIS!


Ser diferente é uma questão de perspectiva: O outro é tão diferente aos meus olhos como eu o sou aos olhos dos outros.
Somos todos diferentes! Com efeito, todos temos personalidades diferentes, (até os gémeos verdadeiros) como maneiras de pensar, falar, ouvir e ver, a cor do cabelo, dos olhos e a pele. E, se não bastasse, vivemos em locais diferentes, com culturas, religiões e hábitos diferentes. Por vezes, estas diferenças geram um tipo de sentimento prejudicial contra aqueles que aparecem como não sendo iguais a nós, que não se enquadram na nossa raça ou que não têm os nossos hábitos. E isto é, talvez, sermos racistas. O Racismo é um modo de pensar que afirma apenas a superioridade de algumas raças e que despreza as outras. Penso que, felizmente nem todas as pessoas acolhem este tipo de sentimentos e pensamentos, porque ainda se encontram pessoas que se dedicam a desmistificar tais diferenças, que fazem voluntariado e que tomam a iniciativa de ajudar as pessoas de outras culturas.
O que me parece mais importante é, essencialmente, saber respeitar as diferenças, pois têm tanto de natural como de necessário para uma evolução cultural. É certamente impossível encontrarmos no mundo alguém igual a cada um de nós, no entanto, no meio da diversidade conseguiremos encontrar certamente muitas coisas em comum, às quais não damos grande valor, de tão “mergulhados”estarmos no preconceito, não dando assim oportunidade ao entendimento, que evitaria guerras e conflitos.
E para terminar, pergunto: Como pode castigar-se alguém só por ser diferente? Para quê desprezar quem não é igual a nós? Afinal se virmos bem, reduzidos a um ponto no Universo, somos todos iguais!...
Mariana Loureiro Nº18 11ºA

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Pequenos Filósofos 7º C


Será o dinheiro sinónimo de felicidade?
O dinheiro é simplesmente uma palavra a que muitas pessoas dão valor. Com dinheiro pode comprar-se quase tudo, malas, sapatos, carros, casas, etc., mas não é por ter muitos bens que uma pessoa se torna feliz.
“A felicidade não se compra, conquista-se”.
Ser uma pessoa feliz é não se isolar num sítio e ficar ali a pensar só em si próprio. Acho que para sermos felizes devemos partilhar um pouco do que nós temos, fazer amizades, ou até ter simplesmente um pouco de carinho e amor para com todas as pessoas à nossa volta.
Para mim, o dinheiro não é sinónimo de felicidade, apenas é útil para comprarmos algo que necessitamos no nosso dia-a-dia, mas desde aí a ser sinónimo de felicidade…
Ana Ferreira
Férias de Verão
Era uma vez quatro amigos, João, Maria, Rafael e Margarida. Eram inseparáveis e muito amigos uns dos outros, de modo que quando pensavam nalguma coisa, faziam-no a pensar também nos amigos.
Um dia, um deles teve a ideia de irem acampar quando começassem as férias de Verão. Depois de todos terem falado com os seus pais, e estes acordaram que só os deixavam ir se não tivessem nenhuma negativa e passassem de ano.
Foi então que com muito trabalho e esforço que os quatro amigos lá conseguiram ter positiva a todas as disciplinas. Tinham cumprido o acordo. Já só faltava que terminassem as aulas.
Foi na primeira semana de Julho, logo pela manhã, carregados com todas as tralhas e mais algumas, que apanharam o “inter-cidades” e foram na direcção norte até Viana do Castelo. Chegaram lá por volta das 13h, e foram regalar-se com uns belos rojões típicos da região. Seguiram depois para o parque de campismo, mesmo junto da praça de touros lá do sítio.
Quando lá chegaram montaram as suas tendas, desarrumaram os sacos - cama e instalaram-se. Depois foram comprar alimentos para se aguentarem durante os tempos que lá iriam permanecer. E assim foi. No regresso vinham a pensar em ir dar um mergulho mas tiveram um problema, pois não tinham roupa para o fazer. Por sorte estavam a passar por uma loja dos chineses e decidiram ir lá comprar a roupa.
No acampamento as raparigas e os rapazes vestiram-se nas respectivas tendas e foram divertir-se para a água. Aconteceu que, numa brincadeira ao atirarem pedras uns aos outros o João feriu a Maria num dos dedos do pé direito. Muito preocupados saíram da água e aflitíssimos, deslocaram-se para junto do nadador salvador que lhe desinfectou a ferida. O dia tinha começado bem, mas parecia que iria acabar mal…De seguida, foram para as tendas mudar de roupa e como as raparigas demoram sempre mais que os rapazes estes decidiram tratar das tarefas a fazer à noite. Todas satisfeitas elas foram tagarelar sobre as últimas fofoquices, deixando os “pobres” rapazes a trabalhar.
A Maria, a rapariga que se aleijou, melhorou bastante e todos puderam continuar umas óptimas férias sempre muito divertidas no acampamento.
Ana Ferreira

domingo, 28 de dezembro de 2008

Pequenos Filósofos 7º A


A MORTE
A morte de uma pessoa é comum em todo o mundo, mas acho que nunca iremos acostumarmo-nos a isso. A morte do meu vizinho fez-me lembrar o falecimento recente do meu avô. Foi difícil. Por isso sei mais ou menos como as pessoas que perdem uma pessoa querida, sentem. Penso muito nisso e agradeço pela minha vida, saudável e viva, num mundo tão difícil.
A POBREZA
Hoje estive a ver uma reportagem sobre a pobreza que está a afectar muitos países. A situação dos países pobres está a piorar a cada dia. Fico a imaginar quantas pessoas morrem por dia de fome, enquanto algumas reclamam que não gostam disto ou daquilo.
Já passaram várias reportagens sobre a pobreza e as suas consequências, para que alguns percebam este problema e ajudem de alguma forma para diminuir as dificuldades das pessoas. Penso que se cada pessoa ajudasse teríamos um mundo mais alegre, acabaríamos até com a violência em alguns países que também está relacionada com a pobreza. Os estudos mostram que a cada dia a pobreza aumenta. Como será daqui a algumas décadas?
A pobreza diminuirá quando as pessoas se consciencializarem que ela não é um problema apenas das classes baixas mas sim de todos nós.
Fico revoltada com esta situação, mas a sua solução não depende só de mim!
PENSAR
Penso muito na vida. Reclamo muitas vezes de tudo e de todos, mas por vezes paro e penso que não posso ter tudo o que desejo e que as pessoas não são perfeitas. Mas logo estas reflexões saem da minha cabeça e volta os meus pensamentos egoístas.
Sei que tenho de agradecer por tudo o que tenho: uma vida com saúde, uma casa, uma família, comida todos os dias. Mas uma vida onde não sei em quem posso confiar, sem amigos verdadeiros e sinceros a meu lado, sentindo-me sozinha a cada minuto, com inveja do que as outras pessoas têm.
Mas também sei que a vida que tenho, para algumas pessoas, é perfeita, pois algumas delas não têm o que comer, vestir e onde morar.
Eu sou egoísta, mas também sei mais ou menos o que realmente é a vida, sabendo também que ainda tenho muito para aprender.
***
Às vezes é preciso parar. Às vezes é a vida que nos pára. Numa composição de um comboio, numa fila de trânsito não planeada, a falta de algo importante. Mas acontece que às vezes não nos damos conta que precisamos de parar. Parar para pensar: pensar na vida, na profissão, nos objectivos, nos sentimentos, etc. Às vezes damos conta do lugar onde nos encontramos e choramos, choramos porque sabemos que estamos errados, porque nos sentimos perdidos, ou quando estamos sozinhos longe de tudo e de todos. De vez em quando ainda temos um amigo, uma namorada, ou mesmo um psicólogo que nos ouve…mas o problema é quando não temos ninguém! Às vezes é preciso acreditar que alguém nos ouve, alguém que tenha capacidade para iluminar o nosso caminho, e nessa altura as ideias aparecem e os sentimentos de solidão desaparecem…
Uma coisa está sempre connosco – o nosso coração – e aí percebemos que estamos muito bem acompanhados, porque esta coisa maravilhosa que temos dentro de nós, ninguém a pode tirar.
A minha felicidade não depende apenas do que eu quero. Por exemplo, nem sempre me apetece estudar, mas eu sei que se estudar posso ir longe.
***
O mais forte não tem o direito de dominar o mais fraco, porque o mais forte pode ser forte apenas em algumas coisas e o mais fraco não será fraco para sempre. Quem se ri por último é que se ri melhor. Por isso o melhor é nunca andarmos a dizer que somos mais fortes ou que somos mais velhos.
No mundo dos animais não racionais eu acho que o mais forte tem o direito de dominar o mais fraco, porque é como uma lei o mais forte dominar o mais fraco para a sua alimentação e sobrevivência.
No mundo dos animais racionais eu acho que o mais forte não tem o direito de dominar o mais fraco porque estes têm os seus direitos e os mais fortes devem ter consciência disso.
***
A minha felicidade não depende apenas do que eu quero porque a minha felicidade pode ser a infelicidade de outra pessoa e é impossível ser feliz sozinho. Os amigos, familiares e namorados também têm os seus desejos e devem ser respeitados e dessa forma devemos construir uma felicidade conjunta e sincera.

sábado, 27 de dezembro de 2008

A VIDA É TÃO SIMPLES!


Tão simples, tão igual para todos... não há pessoas diferentes, não há heróis nem famosos que se distingam dos pobres e imperceptíveis. Todos erram. Todos sofrem. Todos têm defeitos, todos têm uma vida nas mãos. O maior peso e responsabilidade que nos deram logo no primeiro sopro.
Sim, depende de nós cuidarmos de cada pedaço que nos foi concedido. Dar sabor à vida, cor e sentido. Não basta carregá-la às costas e suportar uma tonelada de mal entendidos, é necessário dar força a nós mesmos para conseguirmos carregá-la até ao fim dos nossos dias! O corpo é tão frágil, o coração tão sensível... Nunca deveríamos ter problemas em assumir que erramos, choramos e sofremos! Porque não há quem nos possa criticar por isso! Quem não tem telhados de vidro? Mas se nos criticarem temos de saber e aprender a perdoar na hora certa! Porque essa hora existe! É aquela altura em que a dor que sentimos é tão forte, tão grande e insuportável que a queremos arrancar do peito a todo o custo. O momento certo é aquele em que precisamos de nos sentir bem, de qualquer maneira, e fazemos o que for preciso para isso. Se errarmos no momento certo, e perdoarmos sem devermos, não nos devemos preocupar depois, porque a vida encarregar-se-á de mostrar que errámos; tudo acontece por uma razão, nada por acaso! A razão de seres humanos que se autodestroem com actos irresponsáveis e mal pensados. Não somos os mais fracos só porque cedemos a tentações, nem os mais fortes porque acreditamos... mas devemos sempre acreditar, porque acreditar é dar sentido à vida. Se deixares de acreditar, continuas a viver, mas só em corpo, porque a tua alma está perdida! Está morta!
Se depois de sofreres, voltares a sofrer, não te arrependas do sim, mas do não! Fazemos tudo em função do nosso bem-estar momentâneo, e deveríamos usar mais a cabeça evitando o sofrimento... Mas muitas vezes a cabeça apodera-se do sentimento... Sentes que não mereces o que estás a passar, mas lembra-te que nada acontece por acaso! Talvez até tenhas razão, mas sê paciente e espera pelos acontecimentos do futuro... Podes achar que não mereces o mal, mas já pensaste quantas vezes já não magoaste outras pessoas? E algumas delas não te perdoaram? Dá valor aos que te seguram a mão, aos que te aconselham pelo melhor, aqueles que choram sem lágrimas contigo e te tentam mostrar o caminho certo seja qual for o momento, e não aqueles que te magoam cada vez que lhes dás a mão...Mas se assim preferires, se optares pelo errado, mais tarde saberás... a decisão é tua, e ninguém a pode tomar por tua vez... Eu até posso aconselhar-te, falar, pensar, mas só tu sentes! Porque só tu choras, por muito que tome as tuas dores, o grande sofredor és tu! E sabes porque sofres? Por decisões tomadas no passado... Mas as soluções surgem sempre, por mais difíceis ou inconscientes que sejam, e lembra-te também que nunca é tarde, seja qual for a situação!
O que importa é que tudo tem explicação. Sabes ouvi-la? Escuta a vida, ela fala contigo todos os dias. Por muito que tenhas de voltar ao passado vais perceber onde erraste se procurares bem... Todos os dias podes aprender!
E luta sempre, mesmo que te magoes ou tropeces e percas! Se não arriscares, nunca saberás se vale a pena ou não! E age sempre rápido, seja qual for a circunstância, ninguém te garante quantos mais dias vais viver!
Por isso te digo, tudo o que tiveres a dizer ou a fazer, seja a mim ou a outra pessoa qualquer, diz, faz, nunca adies nada! Podes nunca mais o poder dizer e fazer, e vais continuar a perguntar-te como teria sido se...?
Ana Carolina – 11ºB

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A sociedade que me rodeia


Não sou um sábio mas sim um discípulo da vida que através de experiências vividas, sente a necessidade de se expressar perante alguém que não me ouve. Essas experiências são momentos que nos ensinam a viver, a enfrentar obstáculos, a alterar as nossas atitudes para que assim consigamos sobreviver. Não é a minha intenção ferir a susceptibilidade de ninguém, mas sim falar de algo que se tornou nos dias de hoje um problema para todos nós: a sociedade. Nesta, a humildade, a sinceridade e outros valores que dignificam as pessoas de bem, têm dificuldades em subsistir nos dias que correm.
Solicito inspiração às minhas musas e elas acedem ao meu pedido. Existem razões óbvias para que essa inspiração surja. As situações vividas fazem-me olhar para o passado e dele retirar conclusões que no presente se reflectem no papel. Não posso deixar de dizer que a sociedade em que vivemos é quase sempre responsável pela mudança das nossas atitudes, pois regularmente reagimos com alguma frieza perante aqueles que não têm culpa pelos actos por outros praticados. Estaria a urdir se dissesse o contrário. Não só é responsável por isso como também é responsável pelas atitudes mais obscenas perante a dignidade humana, onde sobressaem a cobiça, a inveja, a injustiça, a falta de escrúpulos e sinceridade, ou seja, a inexistência do que é mais elementar para a definição do carácter dos seres humanos. Vivemos com toda a certeza num mundo em que não se olha a meios para se atingir fins, onde alguns usam a mentira, o poder, sei lá mais o quê, para mostrarem o prestígio sem prestígio e realizarem-se pessoalmente perante outros que tentam sobreviver a toda essa ganância obscura. Esquecem-se os valores primordiais, a moral, os princípios, tudo o que dignifica a imagem do homem, acusa-se sem causa justa, faz-se “trinta por uma linha” e ninguém diz nada! Muitas vezes questiono-me sobre qual o destino desta sociedade a que me refiro, pois o receio de muitos é que sejam “rebocados” inocentemente para um fim que não se deseja. Na minha opinião, o ser humano é perfeito quando nasce, a sociedade é que o corrompe. Esta é a frase “lógica” para se justificar a personalidade e o carácter de alguns. Comparo a sociedade actual a um período vivido na segunda metade do século XIX, relatado numa das grandes obras da literatura portuguesa escrita por Eça de Queirós: Os Maias. Para os que conhecem o seu conteúdo, recordam-se certamente do que se passava no Hotel Central, local em que se encontrava toda a sociedade podre da época. Hoje revejo em grande parte essa mesma sociedade. Era corrupta, sem o mínimo de dignidade, e que simplesmente mostravam na praça pública a nódoa que os manchava. É a necessidade de sobreviver perante uma sociedade em decadência que nos obriga a tomar certas e determinadas atitudes, que muitas vezes não fazem parte do nosso carácter. Mas, tem de ser, dizemos nós com alguma mágoa, pois estamos a ser aquilo que não somos nem queremos ser, somente para lutar contra essa terrível “praga” que são muitos dos seres humanos que nos rodeiam.
É tempo de dizermos …”chega!”, pois aos poucos vai-se aniquilando tudo o que um ser humano necessita para se caracterizar como tal. Se a minha insignificância tivesse significado, a minha voz se ouvisse e a minha imagem se visualizasse, talvez pudesse mudar um pouco o rumo desta realidade. Bastaria ocupar o lugar mais supremo de toda a humanidade, somente para num simples segundo dizer em voz alta, BASTA!

José Carlos Gonçalves Almeida Matos
Curso EFA Secundário B

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

EDITORIAL


Esta nova edição da Katársis vem na continuação do projecto assumido pelo grupo de filosofia, mantendo o objectivo de divulgar trabalhos dos alunos e dos professores participantes.
Procurámos melhorar alguns aspectos nesta nova edição e por isso mesmo desenvolvemos esforços no sentido de conseguir patrocínios para termos algumas páginas a cores, premiar os melhores textos e dessa forma incentivar futuros trabalhos.
Neste número disponibilizamos uma série de textos sobre temáticas comuns a todos nós e que por isso mesmo nos levam a reflectir sobre elas. Sejam a vida, a felicidade, a eutanásia, o racismo, a ética, todos estes temas tornam evidente a nossa incapacidade de resolver definitivamente tais problemas. E ainda bem! Doutra forma, esgotar-se-iam os pensamentos, as reflexões, e tudo seria previsível e verdadeiramente enfadonho.
Numa época de mudanças e conflitualidade, procuramos serenamente manter o nosso rumo e, embora por vezes o tempo seja limitado, não nos demitimos dos nossos compromissos.
Até breve!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ANEDOTAS FILOSÓFICAS


Um rapaz nova-iorquino está a ser levado pelo primo pelos pântanos do Louisiana.
- É verdade que um aligátor não nos ataca se tivermos uma lanterna? – pergunta o rapaz da cidade.
- Depende da rapidez com que transportares a lanterna – responde o primo.
Às vezes somos enganados pelo post hoc ergo propter hoc.
Um homem entra numa loja de animais e pede para ver os papagaios. O proprietário mostra-lhe dois papagaios lindos que estão na loja.
- Este custa cinco mil dólares e o outro custa dez mil – diz.
- Uau! – exclamou o homem. – Que faz o de cinco mil dólares?
- Este papagaio sabe cantar todas as árias compostas por Mozart – diz o proprietário da loja.
- E o outro?
- Canta todo o ciclo de O Anel de Wagner. E tenho outro papagaio nas traseiras que custa trinta mil dólares.
- Santo Deus! Que faz ele?
- Nada que eu tenha ouvido, mas os outros dois chamam-lhe “Maestro”.
Nem todas as autoridades são o que parecem.

domingo, 9 de novembro de 2008

VIDAS FILOSÓFICAS



Jean-Paul Sartre (1905–80)
Órfão de pai desde os dois anos, Jean-Paul Sartre sofreu as primeiras influências por parte de sua mãe Anne-Marie e de seu avô Charles Schweitzer, que o iniciou na literatura clássica desde cedo. Fez os seus estudos secundários em Paris, no Lycée Henri IV, onde conheceu Paul Nizan. De 1922 a 1924, estudou no curso preparatório do lycée Louis-le-Grand. Nessa época despertou o seu interesse pela Filosofia, influenciado pela obra de Henri Bergson. Em 1924 ingressou na École Normale Supérieure, onde conheceu, em 1929, Simone de Beauvoir que se tornaria sua companheira e colaboradora até ao fim da sua vida. Sartre e Beauvoir não formavam um casal comum de acordo com padrões da época. Ambos possuíam amantes, e partilhavam confidências sobre as suas relações com outros parceiros. Este modo de vida violava os valores da tradicional sociedade francesa, que se escandalizou com essa relação. Apresentado à fenomenologia de Husserl por Raymond Aron, Sartre fica fascinado por essa escola que permite estudar filosoficamente cada aspecto da vida humana. Vai então para Berlim como bolsista do Institut Français. Durante esta viagem, conhece a obra de Martin Heidegger que se tornaria a base da primeira fase de sua carreira filosófica. De 1936 a 1939, ensina em Havre, Laon e Paris. Nesta época escreve as suas primeiras obras filosóficas: L'Imagination (A Imaginação) (1936) e La Transcendence de l'égo (A Transcendência do ego) (1937). Em 1938 publica La Nausée (A Náusea), um romance que é uma espécie de estudo de caso existencialista e que apresenta, em forma de romance, algumas das ideias que ele posteriormente desenvolveria na sua obra filosófica. Em 1939 Sartre alista-se no exército francês, e serve na Segunda Guerra Mundial como meteorologista. Em Nancy é aprisionado no ano de 1940 pelos alemães, e permanece na prisão até Abril de 1941. De volta a Paris, alia-se à Resistência Francesa, onde conhece e se torna amigo de Albert Camus (Do qual já conhecia a obra e sobre quem já havia escrito um ensaio extremamente elogioso a respeito do livro "O Estrangeiro"). A amizade entre Sartre e Camus perdurará até 1952, quando os dois rompem a relação publicamente devido à publicação do livro do Camus "O Homem Revoltado" no qual Camus ataca criticamente o estalinismo. Sartre defendia uma relação de colaboração crítica com o regime da URSS e permitiu a publicação de uma crítica desastrosa sobre o livro do Camus na sua revista "Les Temps Modernes" (crítica esta que Camus respondeu de maneira extremamente dura) e que foi a gota de água para o fim da relação de amizade). Mas até ao final da vida Sartre admirará Camus, como ele mesmo expressa nas entrevistas que teve com Simone de Beauvoir em 1974 - e que ela publicou postumamente. Em 1943 publica o seu mais famoso livro filosófico, L'Être et le néant (O ser e o nada), ensaio de ontologia fenomenológica, que condensa todos os conceitos importantes da primeira fase de seu sistema filosófico.
Em 1945, ele cria e passa a dirigir com Maurice Merleau-Ponty a revista Les Temps Modernes (Tempos Modernos), onde são tratados mensalmente os temas referentes à Literatura, Filosofia e Política. Além das contribuições para a revista, Sartre escreve neste período algumas de suas obras literárias mais importantes. Sempre encarando a literatura como meio de expressão legítima de suas crenças filosóficas e políticas, escreve livros e peças de teatro. Entre estas obras destacam-se a peça Huis Clos (Entre quatro paredes) (1945) e a trilogia Les Chemins de la liberté (Os caminhos da Liberdade) composta pelos romances L'age de raison (A idade da razão) (1945), Le Sursis (Sursis) (1947) e Le mort dans l'âme (Com a morte na alma) (1949). No período mais prolífico de sua carreira escreve ainda várias peças de teatro e ensaios. Na década de 1950 assume uma postura política mais actuante, e abraça o comunismo. Torna-se activista, e posiciona-se publicamente em defesa da libertação da Argélia do colonialismo francês. A aproximação do marxismo inaugura a segunda parte da sua carreira filosófica em que tenta conciliar as ideias existencialistas de auto-determinação aos princípios marxistas. Por exemplo, a ideia de que as forças socioeconómicas, que estão acima do nosso controle individual, têm o poder de modelar as nossas vidas. Escreve então sua segunda obra filosófica de grande porte, La Critique de la raison dialectique (A crítica da razão dialéctica) (1960), em que defende os valores humanos presentes no marxismo, e apresenta uma versão alterada do existencialismo que ele julgava resolver as contradições entre as duas escolas. Sartre adaptava sempre sua acção às suas ideias, e o fazia sempre como acto político. Em 1963 Sartre escreve Les Mots (As palavras, lançado em 1964), relato autobiográfico que seria a sua despedida da literatura. Após dezenas de obras literárias, ele conclui que a literatura funcionava como um substituto para o real comprometimento com o mundo. Em 1964 ganha o prémio Nobel de literatura, que ele recusa pois segundo ele "nenhum escritor pode ser transformado em instituição". Morre em 15 de Abril de 1980 no Hospital Broussais em (Paris). O seu funeral foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas. Está enterrado no Cemitério de Montparnasse em Paris. (in Wikipedia)

sábado, 8 de novembro de 2008

SOBRE O FILME “GODSEND”


O “Enviado” (Godsend) é um filme deveras interessante que relaciona a ciência com o terror e o supense.
O filme desenvolve-se em volta de um casal que tinha um filho de 8 anos, Adam, que morre um dia depois do seu aniversário. No dia do funeral do seu filho, um ex-professor da mãe de Adam, Richard Wells, cientista, propõe a possibilidade de trazer Adam de volta, através da clonagem.
No início os pais de Adam não aceitam, porém momentos mais tarde voltam com a palavra atrás e decidem arriscar. Tudo decorre naturalmente até o menino completar os 8 anos e começar a viver uma vida que não lhe pertence. A partir daí o comportamento de Adam começa a mudar, trazendo dúvidas, medos e receios aos progenitores, que realmente têm razão para os terem, pois Adam parece alucinado.
Este filme fala-nos pois da clonagem. Sabemos que esta é ilegal mas mesmo assim Richard arrisca-se a experimentar. Podemos fazer uma reflexão acerca das vantagens e desvantagens da clonagem. Será que as vantagens superam as desvantagens? Depois de ter visto este filme penso que ainda reforcei a minha posição contrária á clonagem, pois as suas desvantagens são bastante assustadoras.
O que no início é um conto de fadas, pois recuperamos alguém de quem gostamos muito, pode vir a tornar-se num pesadelo, pois não sabemos realmente com quem estamos a lidar. Aqui reforça-se a ideia que cada um é como é e essencialmente é insubstituível, pois por mais que tentemos copiar uma pessoa, ela nunca será igual à sua matriz.
No decorrer do filme apercebi-me de um erro que ocorreu no diagnóstico do problema das perturbações de Adam. Diziam que a memória do primeiro “Adam” teria ficado guardada nas células retiradas deste. Isso é bem assim, pois a memória não são apenas impulsos nervosos mas igualmente actividade mental.
O filme focou igualmente algo que é deveras importante: a ética profissional e a necessidade de discutir melhor o problema da clonagem, tanto técnica como moralmente.
Não conhecia o filme, mas fiquei a gostar imenso, serviu-me para ficar com uma ideia mais completa e concreta do que é verdadeiramente a clonagem e quais os seus riscos.
Ana Raquel Cruzeiro 12º B

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

PROBLEMAS DE LÓGICA


1- Mostre o que está errado com a seguinte pergunta:
Apoias a liberdade e o direito de andar armado?

2- Identifique a seguinte falácia:
Se eu abrir uma excepção para ti, terei de abrir excepções para todos.


Resolução dos problemas do número anterior
1 – Mostre o que está errado com o seguinte argumento:
Todos os grandes artistas são loucos.
Dali é louco.
Logo, Dali é um grande artista.

O argumento é inválido, pois o termo médio louco não aparece distribuído em nenhuma das premissas.

2 - Identifique a seguinte falácia:
O Paulo, coitado, é um rapaz com muitos problemas pessoais; logo, merece passar de ano.

Trata-se do argumentum ad misericordiam.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

NETFILOSOFIA


http://hermes-ascese.blogspot.com/
No dia 3 de Setembro último, o grupo de Filosofia da EB2,3/S de Oliveira de Frades criou o blog Ascese, a juntar aos outros dois (Em Busca de Sophia e Katarsis). Este blog apesar de ter pretensões menos ambiciosas que os anteriores, já que se destina a divulgar as actividades do projecto Filosofia para Crianças, tem tido, apesar de tudo, algum relativo sucesso, sendo visitado por muitos falantes de português do outro lado do Atlântico. Apesar de jogarmos em casa mais uma vez Ascese é a nossa sugestão deste número da Katársis.
Transcrevemos o artigo com que se iniciou o blog:
Levar a reflexão filosófica, o pensamento livre e assumido racionalmente para níveis de ensino, onde a filosofia se encontra habitualmente desarredada, é uma aposta da escola, uma aposta que queremos ganhar e os professores envolvidos tudo farão para não desmerecer a confiança depositada neste projecto.
Iremos tentar fazer um trabalho profícuo com os alunos, tentando conciliar a metodologia da filosofia para crianças com a metodologia de trabalho de área de projecto.
Um instrumento de trabalho com os alunos do 7º ano, entre inúmeros outros, será o presente blog que pretendemos ser um veículo de intercâmbio não só com os alunos mas também com a restante comunidade escolar.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

“MAR ADENTRO” E O PROBLEMA DA EUTANÁSIA


Rámon é um tetraplégico que está preso a uma cama há 29 anos. A sua única janela para o mundo, é a janela do seu quarto, que o leva para o mar, mar onde Rámon ficou tetraplégico. O mar inunda mas a seguir engole, ele aproxima mas logo recua. Rámon mergulhou no mar quando este recuava e o resultado foi trágico: o pescoço partido; cabeça de um homem subitamente sem corpo. Apenas uma cabeça sonhadora, com sonhos de morrer. Rámon tornou-se um símbolo da luta pela morte.
Farto de estar há 29 anos preso numa cama, queria morrer, queria que o ajudassem a morrer. Há muito que Rámon luta pelo direito de pôr termo à sua vida, luta pelo direito à eutanásia.
Um tema tão polémico como a eutanásia não poderia ter sido tratado de uma forma tão simples, eficaz e bela como neste filme.
Na verdade ainda não tenho opinião definida sobre a eutanásia, que como o próprio nome indica é uma boa morte (“eu” e “thanatos”), em que uma pessoa acaba com a vida de outra para benefício desta. Este entendimento da palavra realça duas importantes características dos actos de eutanásia.
Primeira, que a eutanásia implica tirar deliberadamente a vida a uma pessoa.
Segunda, a vida tirada para benefício da pessoa a quem essa vida pertence é normalmente feita porque ela sofre de uma doença terminal ou incurável. Isto distingue a eutanásia da maior parte das formas de tirar a vida.
Além disso, quando o argumento acerca do significado moral da distinção entre matar e deixar morrer é apresentado no contexto do debate da eutanásia, tem de se considerar um facto adicional. Matar alguém ou deixar deliberadamente alguém morrer, é geralmente uma coisa má porque priva essa pessoa da sua vida. Mas quando se trata da questão da eutanásia é diferente. No caso da eutanásia a morte de uma vida é do interesse da pessoa. Isto significa que um agente que mata, ou um, agente que deixa morrer, não está a fazer mal, mas sim está a beneficiar a pessoa a quem a vida pertence.
Então, se os indivíduos acreditarem que a eutanásia seja uma forma de pôr fim ao sofrimento, porque não a eutanásia, já que se trata de uma escolha consciente do indivíduo?
Aqueles que defendem a admissibilidade moral da eutanásia apresentam como principais razões a seu favor a misericórdia para com pacientes que sofrem de doenças para as quais não há esperança e que provocam grande sofrimento e, no caso da eutanásia voluntária, o respeito pela autonomia.
Filipa Almeida 12º A

terça-feira, 4 de novembro de 2008

ENSAIO


A família Simões tem um filho de 7 anos que tem uma doença grave. Leucemia num estado adiantado. Ninguém da família é compatível e apesar da oferta de muitas pessoas, não aparece ninguém que tenha medula compatível.
A família Simões resolveu então conceber outro filho e com o auxílio da engenharia genética, puderam escolher um embrião completamente compatível com o filho mais velho. Assim nasceu a Joana, cujas células estaminais presentes no seu cordão umbilical salvaram a vida do João, o irmão.
Podemos considerar ético o comportamento dos pais em relação à Joana? Como se deve sentir a Joana sabendo que foi concebida unicamente para salvar o irmão?

Sim ou Não
Entende-se perfeitamente o facto de os pais quererem que o filho seja saudável, sendo totalmente natural, estes quererem o seu melhor e fazer de tudo para isso. Mas em jogo não está apenas a vida de um novo ser, mas a sua própria dignidade enquanto pessoa (Joana). Ao clonar-se as células do João, destrói-se a própria identidade da Joana, ou seja, a clonagem humana recebe um juízo negativo no que diz respeito à dignidade da pessoa clonada, que virá ao mundo em virtude do seu ser «cópia» (embora apenas cópia biológica) de outro indivíduo: esta prática gera as condições para um sofrimento radical da pessoa clonada, cuja identidade psíquica corre o uso de ser comprometida pela presença real, do seu «outro». E não vale a hipótese de se recorrer à conjura do silêncio, porque, seria impossível e igualmente imoral: visto que o ser clonado foi gerado para se assemelhar a alguém que «valia a pena» clonar, sobre ele recairão expectativas e atenções tão nefastas, que constituirão um verdadeiro e próprio atentado à sua subjectividade pessoal. No plano dos direitos do homem, uma eventual clonagem humana representaria uma violação dos dois princípios fundamentais sobre os quais se baseiam todos os direitos do homem: o princípio da paridade entre os seres humanos e o princípio da não-discriminação. A Joana poderia um dia mais tarde, reflectir sobre o assunto e chegar à conclusão que não passou de um objecto, mas também poderia pensar, que se não fosse a sua existência outro ser não teria uma «vida normal». Para os que entendem que o clone não implantado não é um embrião, os problemas éticos não têm relevância, já que o objectivo será melhorar ou curar doenças graves, o que em si é ético e louvável. Para os que não vêem diferenças entre o embrião “normal” ainda não implantado e o clone ainda não implantado, o problema ético é grave embora os fins sejam nobres. Em suma, o projecto da «clonagem humana» demonstra o desnorteamento terrível a que chega uma ciência sem valores, e é sinal do profundo mal-estar da nossa civilização, que busca na ciência, na técnica e na «qualidade da vida» os sucedâneos do sentido da vida e da salvação da existência. Eu pessoalmente, sentir-me-ia desconfortável se fosse um clone.
Ricardo Ferreira 12º A

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ENSAIO


A família Simões tem um filho de 7 anos que tem uma doença grave. Leucemia num estado adiantado. Ninguém da família é compatível e apesar da oferta de muitas pessoas, não aparece ninguém que tenha medula compatível.
A família Simões resolveu então conceber outro filho e com o auxílio da engenharia genética, puderam escolher um embrião completamente compatível com o filho mais velho. Assim nasceu a Joana, cujas células estaminais presentes no seu cordão umbilical salvaram a vida do João, o irmão.
Podemos considerar ético o comportamento dos pais em relação à Joana? Como se deve sentir a Joana sabendo que foi concebida unicamente para salvar o irmão
Manias de Sociedade

Joana é gerada com a finalidade de ajudar o seu irmão Pedro, com sete anos, à beira da morte porque a leucemia não o deixa viver. Os pais não são compatíveis, a família também não e não aparece ninguém que o consiga salvar. Só Joana, uma criança ainda não gerada o poderá salvar. Os pais decidem que dentro de nove meses o Pedro ficará bom, porque Joana, a sua irmã ira nascer para o salvar! E agora pergunto-me: Será esta atitude, uma atitude ética perante a sociedade? Penso que não.
Há muitos anos alguém definiu ética como a ciência que tem por objectivo o juízo de apreciação com vista à distinção entre o bem e o mal. E é isso que pretendo ao longo deste texto fazer, talvez desmistificar este quase problema que se impôs perante estes pais que para salvar o seu filho mais velho viram se na necessidade de gerar outro ser vivo! E qual é a finalidade desse ser vivo? A mesma que eu tenho, que tu tens ou que nós temos: percorrer um caminho que nos levará a algum lado. Todos nascemos com um propósito, com uma missão. Então, pensando bem será assim tão errado os pais terem decidido dar ao mundo ou novo ser? Não seria igualmente ingrato deixarem morrer aquele filho, havendo possibilidade de ele continuar a viver? E quem nos garante que aquela tal criança, a Joana não foi desejada por aqueles pais? Talvez ainda não tivessem encontrado o momento certo para a criança vir ao mundo, mas se (tal como aconteceu) pudessem juntar o útil (ter a criança) ao agradável (salvar o filho, mais velho) não se tornaria melhor? Voltando às evidências (da sociedade), que no meu ponto de vista não me pareceu assim tão evidentes. A sociedade acredita que a Joana não vai aceitar bem o facto de ter sido gerada pelos pais (também como a sociedade acha) apenas para salvar o irmão. Mas, quem nos garante ainda que a Joana um dia não se vai sentir orgulhosa de saber que salvou uma pessoa. Uma pessoa de nome Pedro que afinal era seu irmão.
Por que a nossa sociedade aceita normalmente uma doação de órgãos para salvar a vida a alguém e depois acha tão mal, ou põe ‘tantas limitações’ a este caso? Não se tratará praticamente da mesma coisa? Não será a Joana também a partir do momento em que foi gerada tão bem tratada como se não viesse ao mundo para ajudar o irmão?
Trata-se sem duvida de uma mania da sociedade, de não saber o que é eticamente correcto e o que é eticamente incorrecto.
Concluindo, eu fazia-o tal como os pais do Pedro fizerem. Tornar-se-ia uma dupla felicidade, sem dúvida.
E a sociedade que continue com a sua mania, afinal estes pais fizeram duas boas acções: Salvaram o Pedro e ainda geraram a Joana que concerteza se sentira imensamente feliz por ter salvo aquele irmão.

Filipa Almeida , nº11 12ºA

sábado, 1 de novembro de 2008

LIDO E REGISTADO


VER PARA LÁ DOS NOSSOS PONTOS DE VISTA

Quando éramos crianças fazíamos perguntas como as crianças as fazem, com total abertura. De onde viemos? Qual o objectivo da nossa vida? Qual a natureza do Universo em que vivemos? O que nos acontece quando morremos?Sabíamos que não sabíamos as respostas, e queríamos sabê-las. Não pressupúnhamos que as perguntas fossem irrespondíveis ou que estivessem para lá da nossa compreensão.
Enquanto crianças, estávamos cheios de espanto. O mundo espantava-nos. Como adultos pusemos de lado a nossa curiosidade infantil e vivemos numa estrutura de respostas que silencia as questões fundamentais que agora perderam o poder de nos agitar. Achámos as respostas, mas perdemos o mistério. Como é que isto aconteceu?
O problema não reside nas respostas práticas. Precisamos delas para viver bem. Muitas vezes, essas respostas são pressupostos profundamente escondidos que são tão basilares para as convicções que temos de nós próprios e do mundo que se torna até difícil de perceber que estamos a tomar algo como garantido. Muitas vezes esses pressupostos são respostas a perguntas que nem sequer chegámos a perguntar. No entanto, tais respostas metafísicas, imobilizadas pelo nosso anseio de segurança, acabam por nos imobilizar a nós.O principal obstáculo do estudo da filosofia não é ainda não sabermos o suficiente; longe disso. O principal obstáculo é já sabermos de mais. Este livro tem por objectivo ultrapassar tal obstáculo trazendo o leitor para o domínio da filosofia como o faria Sócrates se ainda estivesse entre nós: afastando-o das respostas durante o tempo suficiente, para que possa ter a experiência da sabedoria do desconhecedor.
A filosofia é uma actividade e não um corpo de conhecimentos. Como todas as actividades requer perícia. Que tipo de perícia? Em poucas palavras: a habilidade para nos vermos a nós próprios e ao mundo de muitas perspectivas diferentes.
O que é uma “perspectiva”? Uma perspectiva é, em termos aproximados, uma interpretação que vai para lá dos factos e que se apoia nos pressupostos, convicções ou valores da pessoa que faz a interpretação.
No nosso dia-a-dia, desenvencilhamo-nos perfeitamente bem ao apoiarmo-nos apenas nas nossas perspectivas. Mas mesmo no dia-a-dia, especialmente em alturas de conflito, a capacidade de abandonar as nossas perspectivas em prol de outras pode ser extremamente útil. Em filosofia, esta habilidade não é apenas útil, é essencial. Sem ela não podemos resolver problemas que são insolúveis no interior das nossas perspectivas habituais.
No fundo, sabemos que as nossas perspectivas não são as únicas válidas. Mas tendemos a expulsar esse acontecimento para a periferia da nossa consciência. Isto deixa-nos com um sentimento ameaçador e inconfortável, quando somos confrontados com pontos de vista contrários aos nossos. Quando admitimos que os nossos pontos de vista assentam, em última análise, em pressupostos questionáveis e baixamos os nossos escudos contra pontos de vista alheios, sentimo-nos inseguros. E assim deixamo-nos convencer a nós próprios de que os nossos pontos de vista são a única janela válida para a verdadeira realidade. E depois, quando precisamos de ver para lá das limitações dos nossos pontos de vista, ficamos confusos.
Obviamente, a solução é dissolver a cola que nos prende aos nossos pontos de vista familiares. Essa cola é a ligação emocional.
Kolak, Daniel e MARTIN, Raymond, Sabedoria sem Respostas – uma breve introdução à filosofia, 1ª edição, 2004. Lisboa: Temas e Debates Lda.,pp. 13-15

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

CURIOSIDADES FILOSÓFICAS

PARADOXO DO HEDONISMO
O paradoxo segundo o qual os agentes que procuram deliberadamente maximizar os seus próprios prazeres correm maior risco de não o conseguir do que aqueles que se importam com outras coisas e com as outras pessoas, para benefício destas. Peter Singer afirma que a maioria das pessoas não seria capaz de encontrar a felicidade ao decidir deliberadamente gozar a vida sem se preocupar com ninguém nem coisa alguma. Os prazeres assim obtidos pareceriam vazios e em pouco tempo tornar-se-iam insípidos. Procuramos um sentido para a vida que vá para além do prazer pessoal e sentimo-nos realizados e felizes quando fazemos as coisas que consideramos plenas de sentido. Se a nossa vida não tiver sentido algum além da nossa própria felicidade, é provável que, ao conseguirmos aquilo que julgamos necessário para essa felicidade, constatemos que a própria felicidade continua a escapar-nos. Tem-se dado o nome de ‘paradoxo do hedonismo’ ao facto de as pessoas que procuram a felicidade pela felicidade quase nunca a conseguirem encontrar, ao passo que outras a encontram numa busca de objectivos totalmente diferentes. Não se trata, por certo, de um paradoxo lógico, mas de uma tese sobre o modo pelo qual chegamos a ser felizes.

domingo, 12 de outubro de 2008


Nos Estados Unidos, entre 20 e 40 milhões de aves e mamíferos são mortos para investigação todos os anos. Pode parecer um número enorme - e excede de longe o número de animais mortos por causa da pele, e mais ainda o número relativamente insignificante de animais usados em circos - mas até o número de 40 milhões é inferior à quantidade de animais abatidos em dois dias nos matadouros americanos, que matam, aproximadamente, 10 mil milhões de animais por ano.

Peter Singer

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Poesia


VIVER OU VIVENDO?

Um sorriso é tudo o que eu quero
mas a chuva só traz ironia, como bátegas fortes que me trespassam,
- cadáver andante -,
como espadas amoladas, reluzentes do sol irisdiscente,
da morte extemporânea da alegria breve.
Um abarço é tudo o que eu espero,
e que tal um "obrigado por existires".
Mas são punhais que me cravam a carne
como escarros que me amarelecem o cabelo;
- senilidade da existência -,
(como um cadáver que teima em viver)
tudo o que sou ou não sou - como pretenderem.
E o sorriso já não mora em mim, só sorrio pelo sorrir dos outros.
Uma porta abriu-se,
(ou será que se fechou?)
é que entre o fechar e o abrir há algo em comum
- o movimento.
Então nem sei se estou dentro ou fora do mundo
apenas sei que estou dentro de mim.

26/04/1995
António Paulo Gomes Rodrigues

domingo, 21 de setembro de 2008

O Viandante sobre um Mar de Névoa


Preciso de solidão para comunicar com a Natureza
Caspar David Friedrich

Manhã e anoitecer, sol nascente e poente, nascimento e morte, eis os temas determinantes de Friedrich, pintor da quietude, da transparência, da leveza.
Reflexão! É o apelo cativante que prende os nossos olhos à natureza silenciosa, transformada em obra de arte.
As paisagens de Friedrich não são impressões naturalistas mas sim “paisagens de sentimento” que ecoam na mente humana.
Friedrich é considerado o mestre da composição da quietude.
Na obra artística, O Viandante sobre um Mar de Névoa, no cimo de um rochedo escuro, ergue-se um homem visto de costas. Olha o mar imenso de montanhas nubladas de fina poalha que se eleva do vale e se desfaz perto do céu. As nuvens deslizam ao longe numa simbiose perfeita com a névoa. As cores que sobem suavemente da terra, derramando-se em delicados amarelos pelo céu, prendem a emoção que nos transporta para o infinito. A profundidade espacial do horizonte é uma porta aberta para a quietude do tempo. O Sublime! É isso que se pretende captar nesta obra. Subimos ao cume da montanha, olhamos a ondulação das colinas que se dirigem para o indizível e o que desejamos? Fundir-nos no espaço ilimitado, permanecer aí e reconhecer que não somos nada. O sublime esmaga a nossa pequenez. O Viandante do mundo somos nós, constantemente a oscilar entre a vertigem da vida e a necessidade de pensar – Quem somos? O que fazemos aqui?
Isabel Laranjeira

quinta-feira, 11 de setembro de 2008


Tal como os Estados Unidos se atrasaram em relação ao mindo civilizado na abolição da escravatura humana, também os Estados Unidos se atrasaram agora na minoração das brutalidades sem limites ocorridas na escravatura animal.

Peter Singer

segunda-feira, 8 de setembro de 2008


São realizadas anualmente centenas de experiências nas quais os animais são obrigados a tornarem-se dependentes de drogas. Relativamente apenas à cocaína, por exemplo, realizaram-se mais de 500 estudos. Uma análise de apenas 380 destes permitiu calcular os seus custos em cerca de 100 milhões de dólares, a maior parte dos quais provenientes de impostos. Eis um exemplo:
Num laboratório do Centro Médico de Downstate, dirigido por Gerald Deneau, prenderam-se macacos-resos a cadeiras. De seguida, ensinou-se aos animais o modo de auto-administrar cocaína directamente no fluxo sanguíneo, nas quantidades que estes desejassem, através da pressão de um botão. Segundo um dos relatórios, os macacos testados pressionaram o botão vezes a fio, mesmo após terem sofrido convulsões. Não dormiam. Ingeriam cinco ou seis vezes a quantidade normal de alimento e, ainda assim, emagreciam. No final, começaram a auto-mutilar-se e, finalmente, morreram devido a excesso de cocaína.
Peter Singer

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ausente


Não apaguem o sol...
Agora que estava tudo tão bem, porquê isto e não aquilo?
Agora que eu via os teus olhos olharem para o mesmo sentido que os meus,
vejo duas chamas ígneas que olham para mim.
Agora que eu sentia o teu perfume,
nada mais é senão brisa.
Agora que eu queria tudo ou mais alguma coisa,
anoitece e já nada quero porque já nada há a querer.
13/04/1995
António Paulo Gomes Rodrigues

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Frida Kahlo - A Coluna Partida, 1944


“Pinto a minha própria realidade”

Em 1907 nasce em Coyoacán, Frida Kahlo, mulher inconfundível no universo artístico mexicano do século XX.
O seu estilo artístico, que muitos quiseram encaixar no surrealismo, é inspirado na arte popular do seu país e nas suas experiências dolorosas. A propósito dizia: “Nunca pintei sonhos. Pintei a minha própria realidade”.
Os traços índios, herança genética da família da mãe, vão ser representados continuamente, sobretudo nos auto-retratos. Mais de metade dos quadros de Frida são auto-retratos. É neste sentido que ela diz: “eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o tema que conheço melhor. Nos auto-retratos, Frida surge com fartas e unidas sobrancelhas negras e um exagerado buço, ornamentada com grossos colares de pedras e brincos artesanais.
Apesar da pintora não se identificar com o surrealismo muitas das suas obras tocam ao de leve neste movimento artístico. A magia, o sonho, a simbologia, são visíveis em muitos dos seus quadros.
Há uma obra artística de Frida que me enche de comoção quando a observo – A Coluna Partida. A vida de Frida foi marcada pelo sofrimento físico, consequência de um acidente na juventude quando regressava da escola. Ficou gravemente ferida na coluna e no abdómen. Sobreviveu mas com sequelas para toda a vida. Ela própria dizia que os ferros do autocarro a trespassaram, a violaram. A obra A Coluna Partida “representa a sua própria realidade”. Na altura em que pintou este auto-retrato a sua saúde estava fragilizada sendo aconselhada a usar coletes ortopédicos para fortalecer a coluna. O quadro descreve Frida com a cabeça erguida em sinal de determinação e coragem em aguentar o sofrimento. Dos olhos chovem grossas gotas de lágrimas que se derramam no ousado buço e nos lábios melancólicos. O corpo coberto de espinhos simboliza o martírio comparável ao de S. Sebastião, jovem mártir europeu. O que mais impressiona o meu olhar, é o corpo rasgado e fendido, suportado por uma coluna jónica, também ela partida em vários sítios, simbolizando a coluna fracturada de Frida. O capitel da coluna eleva o queixo, revelando um rosto capaz de suportar a dor física. O colete de aço aperta-lhe a coluna e o peito prolongando-se numa saia vaporosa apenas cravejada nalguns pontos, sinal evidente que Frida acredita na recuperação.
A paisagem desértica que envolve o auto-retrato é o prolongamento do sofrimento, também ela está marcada por profundas fendas como o corpo de Frida.
O quadro revela claramente a dor física e espiritual própria do ser humano mas revela também a vontade e a força que subjaz de escapar a essa dor.

Isabel Laranjeira

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Noite de Verão (Inger à Beira Mar), 1889


“Eu não pinto o que vejo, eu pinto o que tenho visto.”
O ano de 1889 é determinante na vida artística de Munch. O século XX aproxima-se, os ventos de mudança da arte europeia fazem sentir-se na obra Noite de Verão (Inger à Beira Mar).
A atmosfera densa e escura onde se respira doença, os tons cinza e castanho dos quadros anteriores, dão lugar ao contraste sublime do branco pérola do vestido, ao azul do mar e ao verde das rochas graníticas.
Munch, tinha pintado a sua irmã Inger com um pesado vestido preto, símbolo da tradição norueguesa do século XIX, cinco anos antes. Agora, com o vestido pérola, a jovem resplandece sentada de perfil a olhar serenamente a profundidade do mar. Os traços finos do rosto revelam a sua beleza que ainda sobressai mais com os olhos fixos na água.
O oceano azul com reflexos brancos e avermelhados das nuvens, mostra as cores esbatidas do anoitecer que se aproxima. A noite que vem do interior das rochas quase toca a bainha do vestido, querendo tingi-lo de negro. Há penedos graníticos que ainda se deleitam com os últimos raios de luz, exalando uma suavidade de cores que se misturam com a tranquilidade do mar. Neste, se olharmos bem, vemos movimento humano. Atrás das costas de Inger, há um barco de pesca e uma linha de canas que sombreia as redes onde os peixes se debatem aprisionados.
A delicadeza da luz, das cores e da figura, harmonizam-se numa totalidade, levando a afastar-me devagarinho, depois da contemplação, para não perturbar o que está aí - um acto criativo sobre a solidão e a angústia que faz parte da existência humana.
Isabel Laranjeira

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Poesia


A MORTE VIVE
Sinto horror
cada vez que penso que posso pensar
e não ser mais feliz por isso, mas menos.
Ter consciência…é não ser sensato
mas viver agrilhoado a ideias, respirar por conceitos, transpirar filosofias;
exsudar teorias, vãs tolices!
Porque o momento é que conta e não o sentido do momento.
A minha existência é que é o verdadeiro Ser,
- pelo menos o meu –
e não a essência formal, a quididade da vida.
Viver, viver, viver e apenas viver,
porque a morte é o que penso dela
e eu que penso tanta coisa, não penso nada,
como a morte que não é nada, apesar de eu viver com a consciência dela.
27/03/1996
António Paulo Gomes Rodrigues

terça-feira, 15 de julho de 2008

ÉTICA E NEGÓCIOS

É uma ideia corrente que o mundo atravessa uma grave crise económica. Estamos em crise! É igualmente uma ideia corrente que a crise ainda agora começou; prevê-se que ainda vá durar bastante e não há previsão para quando a inversão deste estado de coisas.
E cada um de nós sente, individualmente, a crise. É o aumento constante do preço dos bens essenciais, em primeiro lugar dos alimentos. Há quem vaticine que não mais teremos alimentos baratos, principalmente cereais e seus derivados – e por arrasto a carne, já que os animais alimentam-se fundamentalmente de cereais.
É o aumento constante, quase diário no preço dos combustíveis. Há quem igualmente vaticine que o petróleo jamais descerá abaixo dos 100 dólares o barril e que a tendência é para um aumento constante do preço dos combustíveis. Com o aumento do preço dos combustíveis, todos os outros bens aumentarão, já que o seu transporte provocará o aumentará o seu custo final. Além disso, o aumento do preço dos combustíveis mostra-nos o quanto somos uma sociedade frágil. Bastou 3 dias de paralisação dos camionistas para as prateleiras dos supermercados ficarem vazias de produtos frescos e igualmente vazias ficarem as bombas de gasolina.
É o aumento constante dos juros dos empréstimos, principalmente dos empréstimos para habitação. Hoje em dia, a maior parte dos portugueses, principalmente dos mais jovens, têm crédito à habitação e as prestações mensais em crescendo, fazem com que tenham que frequentemente fazer contas ao ordenado, para ver se ele chega ao fim do mês. Tudo isto faz com que muitas famílias, por razões financeiras, comecem a passar um mau bocado. Isto justifica o aumento dos créditos mal parados, dos créditos de impossível cobrança. Mas se os últimos dados estatísticos nos mostram o aumento dos créditos mal parados, mostram-nos igualmente um aumento de novos pedidos de crédito. Isto parece um contra-senso e é-o efectivamente. Cada vez é mais difícil pagar o que se deve, mas cada vez mais se recorre ao crédito. De quem será a culpa?
Primeiramente das pessoas que não sabem fazer contas e aventuram-se em novos créditos, muitas vezes para coisas fúteis. Quantas vezes não conseguem resistir ao último modelo de telemóvel, ao último modelo de LCD, ou a um novo modelo de automóvel que acabou de sair, ou a umas férias de sonho, que irão tornar a vida futura um pesadelo.
Em segundo lugar a culpa é da sociedade consumista e capitalista em que vivemos que impõe padrões de vida baseados no consumo e exclui quem não quer ou não consegue preencher esses requisitos mínimos. A pressão social é de tal ordem que há pessoas que não olham a meios para atingir os seus fins consumistas.
Em terceiro lugar a culpa é dos bancos. Quando há créditos mal parados quem perde, inicialmente é o banco, que foi este que emprestou o dinheiro e não consegue reavê-lo. Mas se é assim porque continuam a fazer campanhas agressivas ao consumo e ao crédito? Não será porque cobram juros altíssimos, que as perdas que podem ter nalguns clientes são cobertas pelos ganhos obtidos por aqueles que religiosamente pagam as prestações ao fim do mês. Apesar dos créditos mal parados e da crise financeira mundial, os bancos continuam a apresentar lucros avultados e apesar dos seus administradores ganharem vencimentos astronómicos, as famílias desesperam para pagar os seus créditos no final do mês. As refinadoras continuam a ter lucros recordes enquanto as pessoas começam a deixar o carro em casa porque não têm dinheiro para o combustível. As grandes empresas de distribuição continuam a ter lucros obscenos e a abrir cada vez mais centros comerciais, enquanto as pessoas começam a ter dificuldade em comprar os bens essenciais.
O que está a acontecer? A crise não é para todos?
Parece que não, a crise é só para o consumidor, que paga cada vez mais. A crise é para o contribuinte, que desconta cada vez mais. A crise é para o trabalhador que não vê o seu salário aumentado ou vê o seu aumento a ser comido pela inflação.
O que faz falta?
Um pouco de ética no consumo. As pessoas têm de ter uma ideia correcta dos limites do seu consumo.
Uma ética nos negócios. As empresas devem saber repartir os lucros com aqueles que lhes possibilitam esses mesmos lucros: os trabalhadores e os consumidores. Repartir os lucros é atribuir salários dignos aos trabalhadores e fazer uma política ética de preços aos consumidores.
Uma sociedade calvinista, sem ética, onde a regra que impera é a regra cega do mercado ou mais correctamente a regra do vale tudo, é uma sociedade condenada ao fracasso. E o fracasso está a um passo pequeno.
António Paulo Gomes Rodrigues
Publicado no Terras do Baroso

sábado, 12 de julho de 2008


Só conta a realidade, que os sonhos, as expectativas, as esperanças apenas permitem definir um homem como sonho malogrado, como esperança abortada, como expectativa inútil.
Jean-Paul Sartre

A era do humanismo moderno como modelo escolar e educativo foi ultrapassado porque se tornou insustentável a ilusão de que as estruturas políticas e económicas de massas podem ser organizadas segundo o modelo amigável da sociedade literária.

Peter Sloterdijk

sexta-feira, 11 de julho de 2008

As Beguinarias Flamengas

No século XII surgiram comunidades semi-religiosas semi -laicas nas cidades do Norte da Europa, nomeadamente na Flandres. Não se sabe concretamente a origem das “beguinas” – mulheres piedosas e devotas. Há estudiosos que atribuem o termo “beguino” a Santa Beggue, que teria fundado um mosteiro na Flandres em 961. Outros consideram que teria sido o Padre Lamberto de Breges, falecido em 1177, o fundador das beguinarias. Há também quem considere que a palavra “beguino” poderia ter vindo do germano, de beggen, que significa orar, mendigar.
Estas comunidades eram constituídas por mulheres, muitas delas cultas, viúvas e deserdadas que procuravam a vida contemplativa. Distinguiam-se das ordens monásticas e apenas o bispo exercia vigilância sobre elas. Eram mulheres que tinham liberdade de acção e de pensamento, reunindo-se para orar e praticar o bem. Faziam votos de obediência e de castidade, contudo, podiam subtrai-se a estes votos se o desejassem sem serem condenadas ou banidas como as religiosas das ordens monásticas. Não faziam votos de pobreza. Muitas eram ricas, possuindo propriedades e bens que administravam a favor dos necessitados. Estas piedosas mulheres teciam, lavavam e tingiam roupa com abnegação a fim de aumentarem a riqueza que revertia a favor dos pobres. Faziam primorosamente renda de bilros e croché, que se tornou tradição na Flandres, observando-se ainda hoje, em muitas janelas das casas, cortinados de fino croché. As mulheres que integravam as comunidades tornaram-se célebres pelas suas boas acções. Ajudavam os idosos, os doentes e acolhiam os necessitados.
Desde manhã até ao pôr-do-sol as portas das beguinarias encontravam-se abertas, no sentido de aí entrar quem necessitasse de ajuda.
Estas peculiares comunidades de devotas mulheres eram governadas por uma “grande-dama” ou groote juffrouw. As beguinarias maiores tinham por vezes quatro “grandes-damas”, como a de Louvaina, que hoje está integrada na Universidade.
As “beguinas” foram descritas como “quadros românticos” pela literatura flamenga.
Hoje, essas mulheres devotas já não ocupam as beguinarias, restam poucas sobreviventes que, preocupadas, não sabem o futuro destas comunidades quando falecerem.
A Unesco considerou as beguinarias flamengas Património Cultural em 1998.
Se hoje já não há mulheres virtuosas que perpetuem o legado do passado das “beguinas”, fica na memória do viajante e nas fotos de um instante, um quadro romântico destas comunidades de mulheres, que nunca mais se apagará.
Isabel Laranjeira docente de Filosofia da Escola Secundária Frei Rosa Viterbo - Sátão

terça-feira, 1 de julho de 2008


Aquele que tem um porquê por que viver consegue suportar quase todo o como.
Nietzsche

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Indomável – Uma Luta pela Liberdade

Indomável – Uma Luta pela Liberdade
Wangari Maathai, Bizâncio - Lisboa, 2007

“Indomável – Uma Luta pela Liberdade” é um livro surpreendente e verdadeiro sobre a vida de Wangari Maathai (Prémio Nobel da Paz em 2004).
No dia um de Abril de 1940 nasce esta voz de esperança mundial, num lugar recôndito das terras altas centrais do Quénia. Nesse tempo as árvores eram frondosas, a terra ainda era verde, fértil e fonte de subsistência. O solo era rico e húmido. Havia extensos campos de milho, feijão, trigo e legumes. A fome era praticamente desconhecida. É por esta terra verde que Wangari vai lutar toda a vida.
Para os locais, o Monte Quénia, conhecido como o Sítio da Claridade, o segundo mais alto do Quénia, era um local sagrado. Tudo o que era bom provinha de lá: as chuvas, os rios, os riachos, água potável. A vida era protegida pelos deuses do Monte Quénia. Mas este mundo começa a desaparecer ainda na infância de Wangari.
Os europeus tinham chegado ao Quénia no tempo dos seus avós, finais do século XIX. A Grã-Bretanha adquiriu o Quénia e os colonos recebiam títulos de propriedade para se instalarem nas terras de cultivo de trigo, milho, café, chá e de criação de gado. Muitas populações foram desalojadas e os nativos que se recusavam a ceder as terras eram levados pelos colonos para outros sítios. O tipo de economia assentava agora no dinheiro e os naturais vêem-se obrigados a trabalhar para poderem pagar os impostos. É neste contexto que se passa a primeira infância de Wangari. Os pais trabalham numa fazenda de Britânicos. As primeiras memórias da criança ocorrem a ajudar a mãe na fazenda a semear, a mondar e a fazer a colheita. Gostava sobretudo de “espreitar” as sementes para observar a germinação.
Por volta de 1947, uma transformação profunda começou a ocorrer. O governo colonial decidiu penetrar na floresta e estabelecer plantações de árvores exógenas – pinheiros, acácias predominantemente. Wangari recorda-se de enormes queimadas que destruíam as florestas naturais. Nas décadas seguintes os recursos hídricos do subsolo decresceram e por fim, os rios e os cursos de água secaram.
Wangari era uma criança mas quando regressava da escola não havia nada mais belo do que ver as sementes a germinar, as plantas a crescer até à maturação na fazenda onde os pais trabalhavam. Ficava encantada com a germinação do milho.
A capacidade de trabalho, organização e determinação levaram os pais a inscrevê-la numa escola dirigida pelas Irmãs da Consolata de Itália. Neste tempo poucas crianças tinham acesso à educação e foi com o maior gosto e facilidade que Wangari aprendeu a ler e escrever. Aprendeu inglês, geografia, história e matemática. Estes conhecimentos abriram-lhe os horizontes para a vida. Teve muitos bons resultados nos exames finais e em 1956 foi estudar para a Escola Secundária de Loreto, perto de Nairobi, capital do Quénia. Quando concluiu os estudos secundários em 1959, estava no fim a era colonial e foi necessário preparar jovens para cargos públicos e governamentais. É neste espírito que Wangari vai estudar para os Estados Unidos, ao abrigo de programas financiados por este país. Uma fundação dirigida pelo senador Kennedy responsabilizou-se por dar estudos superiores a vários jovens do Quénia. Wangari fazia parte destes jovens. Termina os estudos superiores e uma pós-graduação na área da biologia e regressa ao Quénia.
A estadia na América transformou Wangari. Começa uma nova fase. Para além do trabalho na Universidade de Nairobi, estava envolvida em organizações cívicas, entre elas, a Cruz Vermelha e o Centro de Ligação Ambiental. Gradualmente crescia nela uma consciência ambiental e a necessidade de agir urgentemente na sociedade civil.
Quando se deslocava ao campo, já não via os regatos da sua infância mas poças de lama e lodo. Os solos estavam em erosão. A vegetação era escassa, e as pessoas estavam desnutridas. Os deslizamentos de terra começavam a tornar-se frequentes e as fontes de água potável eram cada vez mais raras. Tal como na infância via as plantas a germinar, germinou na sua cabeça uma ideia: PLANTAR ÁRVORES. Sim, plantar árvores. Fundou o Movimento Green Belt. Ensinou as mulheres dos campos a plantarem árvores. Nem tudo foi fácil no inicio. Teve que lutar contra a ignorância, a ganância e a corrupção. Mais tarde surgiram apoios da ONU e estabeleceu parcerias com a Suécia.
Hoje este movimento está em acção em muitos países de África. Wangari e o movimento Green Belt plantaram trinta milhões de árvores. Cada árvore representa a luta de uma mulher que sempre viu no fracasso um desafio para seguir em frente. Esteve presa por contestar o projecto de construção de arranha-céus na maior cintura verde de Nairobi. Conseguiu evitar este erro imobiliário e devolveu, com a sua persistência, o parque às populações.
O seu lema é: “Levanta-te e Caminha”. Hoje continua a vestir a Terra “nua” mas não está sozinha. Pelo mundo fora muitas pessoas preocupadas com o planeta seguem-lhe os passos.
Pela sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, democracia e paz, a Academia Sueca reconheceu o trabalho ímpar desta mulher e do Movimento Green Belt, atribuindo-lhe o Prémio Nobel da Paz em 2004.
Hoje continua a intervir activamente nos problemas sociais, políticos e ambientais de África e de todo o Planeta.
A árvore é um símbolo de paz em África. Wangari quando soube que lhe tinham atribuído o Prémio Nobel da Paz, fez o que melhor sabe fazer: Plantou uma árvore.
O livro que acabei de resumir é a biografia desta força da Natureza que não desiste perante as adversidades da vida.
Leiam este livro e divulguem-no, desta forma estão a contribuir para a construção de um Mundo Melhor.
Isabel Laranjeira, docente de Filosofia da Escola Frei Rosa Viterbo - Sátão

sábado, 28 de junho de 2008

Há um tempo para ficar em silêncio e há um tempo para falar.
Kierkegaard

quarta-feira, 25 de junho de 2008


A recordação não tem apenas que ser exacta; tem de ser também feliz; é preciso que o aroma do vivido esteja preservado, antes de selar-se a garrafa da recordação. Tal como a uva não dever ser pisada em qualquer altura, tal como o tempo que faz no momento de esmagá-la tem grande influência no vinho, também o que foi vivido não está em qualquer momento ou em qualquer circunstância pronto para ser recordado ou pronto para dar entrada na interioridade da recordação.

Kierkegaard

quinta-feira, 19 de junho de 2008

FACTOS E FITAS

Foi publicado mais um número do jornal da EB2,3/S de Oliveira de Frades, "Factos e Fitas".

sexta-feira, 13 de junho de 2008

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Substituir pessoas será possível?

Hoje fala-se muito de clonagem, das suas vantagens e das suas desvantagens, mas será mesmo possível substituir alguém? Ainda não foi completamente demonstrado que sim e, na minha opinião, o homem não devia interferir dessa maneira no curso da vida. Clonar alguém é, de certa maneira, um roubo da identidade de uma determinada pessoa. Só o simples pensamento de encontrar alguém com o mesmo aspecto que o meu, mas evidentemente mais jovem, é algo muito chocante pois não seria eu, mas alguém com o meu aspecto, em tudo parecida comigo, mas ao mesmo tempo completamente diferente. Alguém com a sua própria personalidade, com os seus problemas, com os seus conflitos e batalhas. O homem não deve ter o poder de criar uma vida pelas suas próprias mãos, porque ele é um simples peão e não lhe compete ter esse poder extraordinário. É algo que nos ultrapassa, não podemos simplesmente dizer: “Hoje vou clonar a mesma pessoa”. Não temos esse direito.
Mas outra face da clonagem tem a vantagem de produzir órgãos a fim de substituir os doentes. É algo maravilhoso e nesse sentido, podemos afirmar que a descoberta da clonagem, apesar de todas as imperfeições que apresenta, é uma das maiores descobertas de sempre. Para mim, a clonagem só deverá ser permitida nesse caso, quando a pessoa envolvida precisa de um órgão saudável, que lhe permita salvar a vida. Esta é a minha opinião, a única vantagem da clonagem. Pelo simples facto de se clonar um indivíduo chamado XPTO por exemplo, que está morto, não faz com que ele regresse à vida; trata-se de uma “pessoa” com o mesmo aspecto, mas com uma personalidade própria, porque o ser Humano não é substituível.
Agora respondendo às perguntas, “Uma pessoa que sai pela última vez da mesa de operações após várias trocas de várias partes do corpo, quem é? Quem se deita na mesa de operações será o mesmo que sai?”:
Sai exactamente a mesma pessoa, não muda nada em termos psicológicos, na personalidade, na maneira de pensar, na maneira de ser ou de estar. O que muda é a parte do seu aspecto físico, mas a pessoa continua a ser exactamente a mesma. É basicamente como quando ainda somos crianças e os nossos dentes de leite caiem ou são extraídos, depois passamos a possuir outros, é claro que esses foram gerados por nós sem a intervenção do meio externo ou de terceiros (em ambos os casos existe uma perda). A única diferença para a mesa de operações é que os órgãos (por exemplo) não são nossos ou melhor não são gerados por nós e a única consequência disso é uma rejeição da parte do nosso corpo. Mas nós continuamos exactamente a mesma pessoa a nível psicológico; é claro que a nível físico poderá existir uma pequena diferença, mas a nossa personalidade não muda.

Sofia Almeida nº 6 12º A

Somos por natureza egoístas ou altruístas?

É errado dizermos que somos por natureza egoístas, ou simplesmente altruístas.
Na minha opinião, somos muito influenciados pelos momentos da nossa vida. Faz parte de nós sermos egoístas quando queremos a atenção só para nós. Mas o ser humano tem sentimentos, e é por norma um ser carente. Somos egoístas quando pensamos muito em nós. Mas há momentos em que temos que parar e olhar um bocadinho para a nossa vida, porque às vezes ninguém o faz no nosso lugar.
Sim, por vezes somos egoístas. Esquecemo-nos dos outros, e esquecemo-nos que não somos únicos no mundo. Agimos por nós e para nós. Queremos o melhor, queremos atenção, queremos tudo e todos e não queremos dar porque é nosso. E pergunto eu: Não será normal haver fases da vida em que temos que ser egoístas? Passamos a vida a ouvir dizer “tens que partilhar”, “tens que pensar no outro”, “não podes olhar só para ti”, e muito mais. Mas pensando bem, se não somos nós a pensar em nós de vez em quando, quem será? Alguém que está ocupado a fazer outra coisa? Vamos ser prudentes, não nos podemos dar ao luxo de ter sempre alguém disponível a pensar por nós. E porque temos que dar sempre um pouco de nós? Se nem sempre dão algo por nós? Não será importante para o ser humano, por vezes, querer tudo para ele, sentir-se bem e pensar que tem tudo de bom na vida?
Sei que estou a ser egoísta ao pensar assim, mas também não estou a referir que temos que ser sempre egoístas. Temos é que dividir bem as coisas: há alturas em que devemos pôr o nosso bem-estar de lado e pensar nos outros; por outro lado, há alturas em que não devemos esquecermo-nos de nós.
Para mim não faz sentido dizer que se as pessoas são egoístas não são altruístas. E vice-versa. É por isso que digo que é errado dizermos que somos por natureza egoístas, ou simplesmente altruístas. Talvez porque somos as duas coisas.
Tenho consciência que faz de nós melhores pessoas quando pensamos nos outros. E nós somos assim. Nós sabemos ver quando alguém precisa de nós. Não somos egoístas ao ponto de não repararmos em quem precisa. Há sempre alturas em que nos lembramos dos outros, nem que seja do nosso amigo. Que nos lembramos que ele existe e que precisa de nós. Damos sempre um pouco de nós. Nem que seja um sorriso quando alguém não está bem.
Somos seres carentes e ao mesmo tempo humildes. Falo por mim. Há coisas que não gosto de dividir, como por exemplo os amigos. Quero muito a atenção dos meus amigos, e quero sempre que eles sejam “os meus amigos”. Por outro lado, sou muito humilde e penso muito nos outros. Esqueço-me muitas vezes de mim porque os ponho sempre em primeiro.
Ou seja, para mim não é errado dizer-mos que às vezes temos que ser egoístas. Faz parte de cada um.
Portanto, pensamos em nós quando sentimos falta de alguma coisa e pensamos nos outros nas alturas certas.

Sara Oliveira
12ºA
Nº22