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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ANEDOTAS FILOSÓFICAS


Um rapaz nova-iorquino está a ser levado pelo primo pelos pântanos do Louisiana.
- É verdade que um aligátor não nos ataca se tivermos uma lanterna? – pergunta o rapaz da cidade.
- Depende da rapidez com que transportares a lanterna – responde o primo.
Às vezes somos enganados pelo post hoc ergo propter hoc.
Um homem entra numa loja de animais e pede para ver os papagaios. O proprietário mostra-lhe dois papagaios lindos que estão na loja.
- Este custa cinco mil dólares e o outro custa dez mil – diz.
- Uau! – exclamou o homem. – Que faz o de cinco mil dólares?
- Este papagaio sabe cantar todas as árias compostas por Mozart – diz o proprietário da loja.
- E o outro?
- Canta todo o ciclo de O Anel de Wagner. E tenho outro papagaio nas traseiras que custa trinta mil dólares.
- Santo Deus! Que faz ele?
- Nada que eu tenha ouvido, mas os outros dois chamam-lhe “Maestro”.
Nem todas as autoridades são o que parecem.

domingo, 9 de novembro de 2008

VIDAS FILOSÓFICAS



Jean-Paul Sartre (1905–80)
Órfão de pai desde os dois anos, Jean-Paul Sartre sofreu as primeiras influências por parte de sua mãe Anne-Marie e de seu avô Charles Schweitzer, que o iniciou na literatura clássica desde cedo. Fez os seus estudos secundários em Paris, no Lycée Henri IV, onde conheceu Paul Nizan. De 1922 a 1924, estudou no curso preparatório do lycée Louis-le-Grand. Nessa época despertou o seu interesse pela Filosofia, influenciado pela obra de Henri Bergson. Em 1924 ingressou na École Normale Supérieure, onde conheceu, em 1929, Simone de Beauvoir que se tornaria sua companheira e colaboradora até ao fim da sua vida. Sartre e Beauvoir não formavam um casal comum de acordo com padrões da época. Ambos possuíam amantes, e partilhavam confidências sobre as suas relações com outros parceiros. Este modo de vida violava os valores da tradicional sociedade francesa, que se escandalizou com essa relação. Apresentado à fenomenologia de Husserl por Raymond Aron, Sartre fica fascinado por essa escola que permite estudar filosoficamente cada aspecto da vida humana. Vai então para Berlim como bolsista do Institut Français. Durante esta viagem, conhece a obra de Martin Heidegger que se tornaria a base da primeira fase de sua carreira filosófica. De 1936 a 1939, ensina em Havre, Laon e Paris. Nesta época escreve as suas primeiras obras filosóficas: L'Imagination (A Imaginação) (1936) e La Transcendence de l'égo (A Transcendência do ego) (1937). Em 1938 publica La Nausée (A Náusea), um romance que é uma espécie de estudo de caso existencialista e que apresenta, em forma de romance, algumas das ideias que ele posteriormente desenvolveria na sua obra filosófica. Em 1939 Sartre alista-se no exército francês, e serve na Segunda Guerra Mundial como meteorologista. Em Nancy é aprisionado no ano de 1940 pelos alemães, e permanece na prisão até Abril de 1941. De volta a Paris, alia-se à Resistência Francesa, onde conhece e se torna amigo de Albert Camus (Do qual já conhecia a obra e sobre quem já havia escrito um ensaio extremamente elogioso a respeito do livro "O Estrangeiro"). A amizade entre Sartre e Camus perdurará até 1952, quando os dois rompem a relação publicamente devido à publicação do livro do Camus "O Homem Revoltado" no qual Camus ataca criticamente o estalinismo. Sartre defendia uma relação de colaboração crítica com o regime da URSS e permitiu a publicação de uma crítica desastrosa sobre o livro do Camus na sua revista "Les Temps Modernes" (crítica esta que Camus respondeu de maneira extremamente dura) e que foi a gota de água para o fim da relação de amizade). Mas até ao final da vida Sartre admirará Camus, como ele mesmo expressa nas entrevistas que teve com Simone de Beauvoir em 1974 - e que ela publicou postumamente. Em 1943 publica o seu mais famoso livro filosófico, L'Être et le néant (O ser e o nada), ensaio de ontologia fenomenológica, que condensa todos os conceitos importantes da primeira fase de seu sistema filosófico.
Em 1945, ele cria e passa a dirigir com Maurice Merleau-Ponty a revista Les Temps Modernes (Tempos Modernos), onde são tratados mensalmente os temas referentes à Literatura, Filosofia e Política. Além das contribuições para a revista, Sartre escreve neste período algumas de suas obras literárias mais importantes. Sempre encarando a literatura como meio de expressão legítima de suas crenças filosóficas e políticas, escreve livros e peças de teatro. Entre estas obras destacam-se a peça Huis Clos (Entre quatro paredes) (1945) e a trilogia Les Chemins de la liberté (Os caminhos da Liberdade) composta pelos romances L'age de raison (A idade da razão) (1945), Le Sursis (Sursis) (1947) e Le mort dans l'âme (Com a morte na alma) (1949). No período mais prolífico de sua carreira escreve ainda várias peças de teatro e ensaios. Na década de 1950 assume uma postura política mais actuante, e abraça o comunismo. Torna-se activista, e posiciona-se publicamente em defesa da libertação da Argélia do colonialismo francês. A aproximação do marxismo inaugura a segunda parte da sua carreira filosófica em que tenta conciliar as ideias existencialistas de auto-determinação aos princípios marxistas. Por exemplo, a ideia de que as forças socioeconómicas, que estão acima do nosso controle individual, têm o poder de modelar as nossas vidas. Escreve então sua segunda obra filosófica de grande porte, La Critique de la raison dialectique (A crítica da razão dialéctica) (1960), em que defende os valores humanos presentes no marxismo, e apresenta uma versão alterada do existencialismo que ele julgava resolver as contradições entre as duas escolas. Sartre adaptava sempre sua acção às suas ideias, e o fazia sempre como acto político. Em 1963 Sartre escreve Les Mots (As palavras, lançado em 1964), relato autobiográfico que seria a sua despedida da literatura. Após dezenas de obras literárias, ele conclui que a literatura funcionava como um substituto para o real comprometimento com o mundo. Em 1964 ganha o prémio Nobel de literatura, que ele recusa pois segundo ele "nenhum escritor pode ser transformado em instituição". Morre em 15 de Abril de 1980 no Hospital Broussais em (Paris). O seu funeral foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas. Está enterrado no Cemitério de Montparnasse em Paris. (in Wikipedia)

sábado, 8 de novembro de 2008

SOBRE O FILME “GODSEND”


O “Enviado” (Godsend) é um filme deveras interessante que relaciona a ciência com o terror e o supense.
O filme desenvolve-se em volta de um casal que tinha um filho de 8 anos, Adam, que morre um dia depois do seu aniversário. No dia do funeral do seu filho, um ex-professor da mãe de Adam, Richard Wells, cientista, propõe a possibilidade de trazer Adam de volta, através da clonagem.
No início os pais de Adam não aceitam, porém momentos mais tarde voltam com a palavra atrás e decidem arriscar. Tudo decorre naturalmente até o menino completar os 8 anos e começar a viver uma vida que não lhe pertence. A partir daí o comportamento de Adam começa a mudar, trazendo dúvidas, medos e receios aos progenitores, que realmente têm razão para os terem, pois Adam parece alucinado.
Este filme fala-nos pois da clonagem. Sabemos que esta é ilegal mas mesmo assim Richard arrisca-se a experimentar. Podemos fazer uma reflexão acerca das vantagens e desvantagens da clonagem. Será que as vantagens superam as desvantagens? Depois de ter visto este filme penso que ainda reforcei a minha posição contrária á clonagem, pois as suas desvantagens são bastante assustadoras.
O que no início é um conto de fadas, pois recuperamos alguém de quem gostamos muito, pode vir a tornar-se num pesadelo, pois não sabemos realmente com quem estamos a lidar. Aqui reforça-se a ideia que cada um é como é e essencialmente é insubstituível, pois por mais que tentemos copiar uma pessoa, ela nunca será igual à sua matriz.
No decorrer do filme apercebi-me de um erro que ocorreu no diagnóstico do problema das perturbações de Adam. Diziam que a memória do primeiro “Adam” teria ficado guardada nas células retiradas deste. Isso é bem assim, pois a memória não são apenas impulsos nervosos mas igualmente actividade mental.
O filme focou igualmente algo que é deveras importante: a ética profissional e a necessidade de discutir melhor o problema da clonagem, tanto técnica como moralmente.
Não conhecia o filme, mas fiquei a gostar imenso, serviu-me para ficar com uma ideia mais completa e concreta do que é verdadeiramente a clonagem e quais os seus riscos.
Ana Raquel Cruzeiro 12º B

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

PROBLEMAS DE LÓGICA


1- Mostre o que está errado com a seguinte pergunta:
Apoias a liberdade e o direito de andar armado?

2- Identifique a seguinte falácia:
Se eu abrir uma excepção para ti, terei de abrir excepções para todos.


Resolução dos problemas do número anterior
1 – Mostre o que está errado com o seguinte argumento:
Todos os grandes artistas são loucos.
Dali é louco.
Logo, Dali é um grande artista.

O argumento é inválido, pois o termo médio louco não aparece distribuído em nenhuma das premissas.

2 - Identifique a seguinte falácia:
O Paulo, coitado, é um rapaz com muitos problemas pessoais; logo, merece passar de ano.

Trata-se do argumentum ad misericordiam.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

NETFILOSOFIA


http://hermes-ascese.blogspot.com/
No dia 3 de Setembro último, o grupo de Filosofia da EB2,3/S de Oliveira de Frades criou o blog Ascese, a juntar aos outros dois (Em Busca de Sophia e Katarsis). Este blog apesar de ter pretensões menos ambiciosas que os anteriores, já que se destina a divulgar as actividades do projecto Filosofia para Crianças, tem tido, apesar de tudo, algum relativo sucesso, sendo visitado por muitos falantes de português do outro lado do Atlântico. Apesar de jogarmos em casa mais uma vez Ascese é a nossa sugestão deste número da Katársis.
Transcrevemos o artigo com que se iniciou o blog:
Levar a reflexão filosófica, o pensamento livre e assumido racionalmente para níveis de ensino, onde a filosofia se encontra habitualmente desarredada, é uma aposta da escola, uma aposta que queremos ganhar e os professores envolvidos tudo farão para não desmerecer a confiança depositada neste projecto.
Iremos tentar fazer um trabalho profícuo com os alunos, tentando conciliar a metodologia da filosofia para crianças com a metodologia de trabalho de área de projecto.
Um instrumento de trabalho com os alunos do 7º ano, entre inúmeros outros, será o presente blog que pretendemos ser um veículo de intercâmbio não só com os alunos mas também com a restante comunidade escolar.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

“MAR ADENTRO” E O PROBLEMA DA EUTANÁSIA


Rámon é um tetraplégico que está preso a uma cama há 29 anos. A sua única janela para o mundo, é a janela do seu quarto, que o leva para o mar, mar onde Rámon ficou tetraplégico. O mar inunda mas a seguir engole, ele aproxima mas logo recua. Rámon mergulhou no mar quando este recuava e o resultado foi trágico: o pescoço partido; cabeça de um homem subitamente sem corpo. Apenas uma cabeça sonhadora, com sonhos de morrer. Rámon tornou-se um símbolo da luta pela morte.
Farto de estar há 29 anos preso numa cama, queria morrer, queria que o ajudassem a morrer. Há muito que Rámon luta pelo direito de pôr termo à sua vida, luta pelo direito à eutanásia.
Um tema tão polémico como a eutanásia não poderia ter sido tratado de uma forma tão simples, eficaz e bela como neste filme.
Na verdade ainda não tenho opinião definida sobre a eutanásia, que como o próprio nome indica é uma boa morte (“eu” e “thanatos”), em que uma pessoa acaba com a vida de outra para benefício desta. Este entendimento da palavra realça duas importantes características dos actos de eutanásia.
Primeira, que a eutanásia implica tirar deliberadamente a vida a uma pessoa.
Segunda, a vida tirada para benefício da pessoa a quem essa vida pertence é normalmente feita porque ela sofre de uma doença terminal ou incurável. Isto distingue a eutanásia da maior parte das formas de tirar a vida.
Além disso, quando o argumento acerca do significado moral da distinção entre matar e deixar morrer é apresentado no contexto do debate da eutanásia, tem de se considerar um facto adicional. Matar alguém ou deixar deliberadamente alguém morrer, é geralmente uma coisa má porque priva essa pessoa da sua vida. Mas quando se trata da questão da eutanásia é diferente. No caso da eutanásia a morte de uma vida é do interesse da pessoa. Isto significa que um agente que mata, ou um, agente que deixa morrer, não está a fazer mal, mas sim está a beneficiar a pessoa a quem a vida pertence.
Então, se os indivíduos acreditarem que a eutanásia seja uma forma de pôr fim ao sofrimento, porque não a eutanásia, já que se trata de uma escolha consciente do indivíduo?
Aqueles que defendem a admissibilidade moral da eutanásia apresentam como principais razões a seu favor a misericórdia para com pacientes que sofrem de doenças para as quais não há esperança e que provocam grande sofrimento e, no caso da eutanásia voluntária, o respeito pela autonomia.
Filipa Almeida 12º A

terça-feira, 4 de novembro de 2008

ENSAIO


A família Simões tem um filho de 7 anos que tem uma doença grave. Leucemia num estado adiantado. Ninguém da família é compatível e apesar da oferta de muitas pessoas, não aparece ninguém que tenha medula compatível.
A família Simões resolveu então conceber outro filho e com o auxílio da engenharia genética, puderam escolher um embrião completamente compatível com o filho mais velho. Assim nasceu a Joana, cujas células estaminais presentes no seu cordão umbilical salvaram a vida do João, o irmão.
Podemos considerar ético o comportamento dos pais em relação à Joana? Como se deve sentir a Joana sabendo que foi concebida unicamente para salvar o irmão?

Sim ou Não
Entende-se perfeitamente o facto de os pais quererem que o filho seja saudável, sendo totalmente natural, estes quererem o seu melhor e fazer de tudo para isso. Mas em jogo não está apenas a vida de um novo ser, mas a sua própria dignidade enquanto pessoa (Joana). Ao clonar-se as células do João, destrói-se a própria identidade da Joana, ou seja, a clonagem humana recebe um juízo negativo no que diz respeito à dignidade da pessoa clonada, que virá ao mundo em virtude do seu ser «cópia» (embora apenas cópia biológica) de outro indivíduo: esta prática gera as condições para um sofrimento radical da pessoa clonada, cuja identidade psíquica corre o uso de ser comprometida pela presença real, do seu «outro». E não vale a hipótese de se recorrer à conjura do silêncio, porque, seria impossível e igualmente imoral: visto que o ser clonado foi gerado para se assemelhar a alguém que «valia a pena» clonar, sobre ele recairão expectativas e atenções tão nefastas, que constituirão um verdadeiro e próprio atentado à sua subjectividade pessoal. No plano dos direitos do homem, uma eventual clonagem humana representaria uma violação dos dois princípios fundamentais sobre os quais se baseiam todos os direitos do homem: o princípio da paridade entre os seres humanos e o princípio da não-discriminação. A Joana poderia um dia mais tarde, reflectir sobre o assunto e chegar à conclusão que não passou de um objecto, mas também poderia pensar, que se não fosse a sua existência outro ser não teria uma «vida normal». Para os que entendem que o clone não implantado não é um embrião, os problemas éticos não têm relevância, já que o objectivo será melhorar ou curar doenças graves, o que em si é ético e louvável. Para os que não vêem diferenças entre o embrião “normal” ainda não implantado e o clone ainda não implantado, o problema ético é grave embora os fins sejam nobres. Em suma, o projecto da «clonagem humana» demonstra o desnorteamento terrível a que chega uma ciência sem valores, e é sinal do profundo mal-estar da nossa civilização, que busca na ciência, na técnica e na «qualidade da vida» os sucedâneos do sentido da vida e da salvação da existência. Eu pessoalmente, sentir-me-ia desconfortável se fosse um clone.
Ricardo Ferreira 12º A

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ENSAIO


A família Simões tem um filho de 7 anos que tem uma doença grave. Leucemia num estado adiantado. Ninguém da família é compatível e apesar da oferta de muitas pessoas, não aparece ninguém que tenha medula compatível.
A família Simões resolveu então conceber outro filho e com o auxílio da engenharia genética, puderam escolher um embrião completamente compatível com o filho mais velho. Assim nasceu a Joana, cujas células estaminais presentes no seu cordão umbilical salvaram a vida do João, o irmão.
Podemos considerar ético o comportamento dos pais em relação à Joana? Como se deve sentir a Joana sabendo que foi concebida unicamente para salvar o irmão
Manias de Sociedade

Joana é gerada com a finalidade de ajudar o seu irmão Pedro, com sete anos, à beira da morte porque a leucemia não o deixa viver. Os pais não são compatíveis, a família também não e não aparece ninguém que o consiga salvar. Só Joana, uma criança ainda não gerada o poderá salvar. Os pais decidem que dentro de nove meses o Pedro ficará bom, porque Joana, a sua irmã ira nascer para o salvar! E agora pergunto-me: Será esta atitude, uma atitude ética perante a sociedade? Penso que não.
Há muitos anos alguém definiu ética como a ciência que tem por objectivo o juízo de apreciação com vista à distinção entre o bem e o mal. E é isso que pretendo ao longo deste texto fazer, talvez desmistificar este quase problema que se impôs perante estes pais que para salvar o seu filho mais velho viram se na necessidade de gerar outro ser vivo! E qual é a finalidade desse ser vivo? A mesma que eu tenho, que tu tens ou que nós temos: percorrer um caminho que nos levará a algum lado. Todos nascemos com um propósito, com uma missão. Então, pensando bem será assim tão errado os pais terem decidido dar ao mundo ou novo ser? Não seria igualmente ingrato deixarem morrer aquele filho, havendo possibilidade de ele continuar a viver? E quem nos garante que aquela tal criança, a Joana não foi desejada por aqueles pais? Talvez ainda não tivessem encontrado o momento certo para a criança vir ao mundo, mas se (tal como aconteceu) pudessem juntar o útil (ter a criança) ao agradável (salvar o filho, mais velho) não se tornaria melhor? Voltando às evidências (da sociedade), que no meu ponto de vista não me pareceu assim tão evidentes. A sociedade acredita que a Joana não vai aceitar bem o facto de ter sido gerada pelos pais (também como a sociedade acha) apenas para salvar o irmão. Mas, quem nos garante ainda que a Joana um dia não se vai sentir orgulhosa de saber que salvou uma pessoa. Uma pessoa de nome Pedro que afinal era seu irmão.
Por que a nossa sociedade aceita normalmente uma doação de órgãos para salvar a vida a alguém e depois acha tão mal, ou põe ‘tantas limitações’ a este caso? Não se tratará praticamente da mesma coisa? Não será a Joana também a partir do momento em que foi gerada tão bem tratada como se não viesse ao mundo para ajudar o irmão?
Trata-se sem duvida de uma mania da sociedade, de não saber o que é eticamente correcto e o que é eticamente incorrecto.
Concluindo, eu fazia-o tal como os pais do Pedro fizerem. Tornar-se-ia uma dupla felicidade, sem dúvida.
E a sociedade que continue com a sua mania, afinal estes pais fizeram duas boas acções: Salvaram o Pedro e ainda geraram a Joana que concerteza se sentira imensamente feliz por ter salvo aquele irmão.

Filipa Almeida , nº11 12ºA

sábado, 1 de novembro de 2008

LIDO E REGISTADO


VER PARA LÁ DOS NOSSOS PONTOS DE VISTA

Quando éramos crianças fazíamos perguntas como as crianças as fazem, com total abertura. De onde viemos? Qual o objectivo da nossa vida? Qual a natureza do Universo em que vivemos? O que nos acontece quando morremos?Sabíamos que não sabíamos as respostas, e queríamos sabê-las. Não pressupúnhamos que as perguntas fossem irrespondíveis ou que estivessem para lá da nossa compreensão.
Enquanto crianças, estávamos cheios de espanto. O mundo espantava-nos. Como adultos pusemos de lado a nossa curiosidade infantil e vivemos numa estrutura de respostas que silencia as questões fundamentais que agora perderam o poder de nos agitar. Achámos as respostas, mas perdemos o mistério. Como é que isto aconteceu?
O problema não reside nas respostas práticas. Precisamos delas para viver bem. Muitas vezes, essas respostas são pressupostos profundamente escondidos que são tão basilares para as convicções que temos de nós próprios e do mundo que se torna até difícil de perceber que estamos a tomar algo como garantido. Muitas vezes esses pressupostos são respostas a perguntas que nem sequer chegámos a perguntar. No entanto, tais respostas metafísicas, imobilizadas pelo nosso anseio de segurança, acabam por nos imobilizar a nós.O principal obstáculo do estudo da filosofia não é ainda não sabermos o suficiente; longe disso. O principal obstáculo é já sabermos de mais. Este livro tem por objectivo ultrapassar tal obstáculo trazendo o leitor para o domínio da filosofia como o faria Sócrates se ainda estivesse entre nós: afastando-o das respostas durante o tempo suficiente, para que possa ter a experiência da sabedoria do desconhecedor.
A filosofia é uma actividade e não um corpo de conhecimentos. Como todas as actividades requer perícia. Que tipo de perícia? Em poucas palavras: a habilidade para nos vermos a nós próprios e ao mundo de muitas perspectivas diferentes.
O que é uma “perspectiva”? Uma perspectiva é, em termos aproximados, uma interpretação que vai para lá dos factos e que se apoia nos pressupostos, convicções ou valores da pessoa que faz a interpretação.
No nosso dia-a-dia, desenvencilhamo-nos perfeitamente bem ao apoiarmo-nos apenas nas nossas perspectivas. Mas mesmo no dia-a-dia, especialmente em alturas de conflito, a capacidade de abandonar as nossas perspectivas em prol de outras pode ser extremamente útil. Em filosofia, esta habilidade não é apenas útil, é essencial. Sem ela não podemos resolver problemas que são insolúveis no interior das nossas perspectivas habituais.
No fundo, sabemos que as nossas perspectivas não são as únicas válidas. Mas tendemos a expulsar esse acontecimento para a periferia da nossa consciência. Isto deixa-nos com um sentimento ameaçador e inconfortável, quando somos confrontados com pontos de vista contrários aos nossos. Quando admitimos que os nossos pontos de vista assentam, em última análise, em pressupostos questionáveis e baixamos os nossos escudos contra pontos de vista alheios, sentimo-nos inseguros. E assim deixamo-nos convencer a nós próprios de que os nossos pontos de vista são a única janela válida para a verdadeira realidade. E depois, quando precisamos de ver para lá das limitações dos nossos pontos de vista, ficamos confusos.
Obviamente, a solução é dissolver a cola que nos prende aos nossos pontos de vista familiares. Essa cola é a ligação emocional.
Kolak, Daniel e MARTIN, Raymond, Sabedoria sem Respostas – uma breve introdução à filosofia, 1ª edição, 2004. Lisboa: Temas e Debates Lda.,pp. 13-15