
VIVER OU VIVENDO?
Um sorriso é tudo o que eu quero
mas a chuva só traz ironia, como bátegas fortes que me trespassam,
- cadáver andante -,
como espadas amoladas, reluzentes do sol irisdiscente,
da morte extemporânea da alegria breve.
Um abarço é tudo o que eu espero,
e que tal um "obrigado por existires".
Mas são punhais que me cravam a carne
como escarros que me amarelecem o cabelo;
- senilidade da existência -,
(como um cadáver que teima em viver)
tudo o que sou ou não sou - como pretenderem.
E o sorriso já não mora em mim, só sorrio pelo sorrir dos outros.
Uma porta abriu-se,
(ou será que se fechou?)
é que entre o fechar e o abrir há algo em comum
- o movimento.
Então nem sei se estou dentro ou fora do mundo
apenas sei que estou dentro de mim.
26/04/1995
António Paulo Gomes Rodrigues