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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

POESIA



Já não quero andar só – cada vez que caminho com pés de vida;
Já não suporto mais solilóquios.
Mas cada vez mais a minha companhia é a sombra da minha companhia
- eu sou o homem que não tem direito a sombra.
Caminho, mãos nos bolsos, cabisbaixo
olhando as profundezas da calçada,
retirando a filosofia do alcatrão,
a metafísica da luz eléctrica,
a ciência dos passos ocos
que ecoam nas profundezas da minha alma
- ainda estás aí? –
Aqui estou, miseravelmente aqui
enquanto a minha vontade alada se foi e nunca mais a vi.
Eu… Quem sou? – Já não há filosofia que me responda,
só a filosofia de estar aqui
chorando lágrimas – como se sofresse,
como se sofrer fosse a única coisa que soubesse fazer.

05/05/1995
António Paulo Gomes Rodrigues

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