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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

“O ADVOGADO DO DIABO”, REFLEXÃO SOBRE O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO


Kevin Lomax (Keanu Reeves), é um jovem e brilhante advogado que nunca perdeu um caso, mesmo que não acredite na inocência das pessoas que defende. O sucesso é notado e recebe uma tentadora proposta para deixar a província (Gaisville), instalando-se em Nova Iorque numa poderosa firma de advogados dirigida pelo misterioso John Milton (Al Pacino), Mary Ann (Charlize Theron), a mulher de Kevin, é a primeira a insistir que algo está errado, tem estranhas visões demoníacas e gradualmente entra num estado de depressão, mas Kevin não se preocupa muito com isso, apenas pretende vencer caso após caso.
Este filme que fala sobre Direito e Lei funde-se perfeitamente numa esfera de escolhas e decisões, que é o livre-arbítrio tão retratado em diversas situações ao longo do filme.
Como já sabemos, o livre-arbítrio é a capacidade para arbitrar em liberdade. Somos livres quando o que fazemos resulta apenas das nossas deliberações, quando escolhemos que acção está mais de acordo com os nossos desejos, crenças e valores e quando sentimos que podíamos ter agido de modo diferente sendo as causas anteriores iguais. Sabemos também que ao agir livremente, somos moralmente responsáveis por tudo o que fazemos. Deste modo louvamos as pessoas solidárias, que se esforçam para o bem comum e que dão provas de valentia em situações adversas, e censuramos aquelas pessoas, que não respeitam os direitos dos outros, que são cruéis, e que causa sofrimento para satisfazerem os seus desejos e egoísmo. Sendo assim, a liberdade humana está ligada à consciência e por isso inserida em toda a acção intencional e consciente.
John Milton, de temperamento carismático e poderoso, é o homem que abre as portas de um mundo totalmente diferente para o jovem Kevin, um mundo de riqueza, de poder, de luxo, de fama, um mundo de infinitas possibilidades. A sua vida bem como as suas acções são totalmente controladas por John Milton (Diabo), o que coloca em risco a esposa, a felicidade e até a própria alma de Kevin, pois tendo aceitado um emprego, que parecia um paraíso, pode conduzi-lo para o inferno… Mas será que Kevin deixa-se ir pelo diabo?
Na última parte do filme, predomina a luta entre o bem e o mal assim como o livre-arbítrio. Kevin perde a sua mulher e descobre toda a verdade sobre o John Milton, de que ele é seu pai e ao mesmo tempo um demónio. Numa engenhosa conversa, John convence Kevin que ele próprio foi o responsável pela morte da sua esposa, pois sendo seu chefe teria-lhe oferecido várias oportunidades para deixar os casos e cuidar mais da sua mulher doente, porém a sua vaidade e ambição tinham, sido fortes. Outra das acusações que Kevin faz a John Milton, é que ele tinha manipulado os seus sentimentos, mas o diabo responde-lhe que a preocupação consigo próprio tinha sido o foco principal, esquecendo assim de Mary Ann. Kevin Lomax, consciente desta realidade arrepende-se, no entanto, Jonh não pretende o seu arrependimento, mas sim que ele tenha um filho com a sua meia-irmã, Christabella (Connie Nielson), a atraente senhora da empresa de advocacia. No entanto a decisão de Kevin tem de ser de espontânea e de livre vontade. Christabella tenta seduzi-lo com a sua beleza, mas ele recusa, não aceita pois sabe que o pai deseja pôr no mundo o Anti-Cristo. De seguida, olha para o seu pai e mata-se livremente, escolhendo o único caminho após tantos erros. A sua escolha resultou unicamente das suas ponderações. Por conseguinte, podemos dizer que ele foi livre. Entretanto, John mata a sua filha e por sua vez, grita e arde em chamas, transformando-se um anjo.
A cena volta ao início do filme, com Kevin na casa de banho do tribunal da pequena cidade da Florida onde o caso que mudaria a sua vida estava acontecendo. Numa fracção de segundo ele tem a oportunidade de olhar-se no espelho e vislumbrar o destino deste planeta dominado pelo egoísmo, pela vaidade e peça ambição desmedida e num estado de consciência e o alívio de ver Mary Ann, viva como antes, o estimula a tomar a decisão correcta de desistir do caso, uma vez que ele compreendeu que estava a defender o verdadeiro culpado e sai deste modo feliz do tribunal com a sua esposa, escolhendo o caminho do bem. Kevin percebe que durante todo o tempo estava a ser influenciado pelo seu pai, mas quando retrocede no tempo, pretende alterar o seu caminho e a sua vida, optando pelo bem. Quem, senão Deus pode dar uma segunda oportunidade àquele que errou e que manifesta ter optado por um caminho diferente?
Ainda quanto ao problema do livre-arbítrio, ele é considerado por muitos filósofos, um problema em aberto, pois não conseguem persuadir a maioria dos filósofos e consideram que não há qualquer resposta minimamente plausível.
Contudo não podemos viver sem o livre-arbítrio porque a experiência da liberdade é constitutiva da experiência de agir. Agir é pressupor o livre-arbítrio o que nos dá a completa autonomia para decidir a cada momento o que pretendemos realizar ao longo da nossa vida, qualquer decisão tomada por nós é da nossa inteira responsabilidade. Devemos interpretar correctamente o que nos é sugerido pois se dependêssemos somente do diabo e da sua egoísta e sombria visão perante o mundo estaríamos todos no inferno, no mundo do mal!

Viktorya Lizanets 10º C

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