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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Sociedade precária de mão dada com a fome


Numa era de globalização, em pleno século XXI, é difícil de acreditar que ainda exista na nossa sociedade uma pobreza assinalável. Quando pensamos em globalização, pensamos numa maior igualdade, onde todos nos compreendemos e ajudamos e onde todos temos os mesmos direitos e oportunidades.
Porém, tudo não passa de uma utopia, pois é cada vez maior a diferença entre o pobre e o rico, até porque para existirem ricos terá sempre de haver pobres. Na realidade a globalização veio vincar cada vez mais a diferença entre ambos. A economia está cada vez mais viciada, assistimos a uma conjuntura em que nada pode impedir os grandes grupos económicos de praticarem os preços que entenderem, os quais usam e abusam da falta de concorrência provocada pelos mesmos.
É certo que temos uma qualidade de vida bem melhor do que tínhamos à vinte anos atrás, mas será que o excesso de qualidade não põe em causa a nossa liberdade? As pessoas viviam com muito menos qualidade à vinte anos atrás, mas pareciam mais felizes e, será que hoje somos verdadeiramente felizes? Vivemos numa sociedade endividada, e desse grupo, destaca-se a classe média, que se tornou em grande parte escrava do dinheiro, por querer viver acima do que lhes é possível, por querer de alguma forma imitar os verdadeiros ricos com a influência dos “media”, e só consegue viver de algum “luxo” contraindo créditos atrás de créditos.
O mais grave não será o endividamento em si, mas sim o tempo desse mesmo endividamento. Se pensarmos que para comprar casa normalmente pagamos de vinte a quarenta anos, é tempo demais, e assim hipotecamos a nossa liberdade. É certo que temos de pagar, seja alugada ou comprada, mas condiciona a nossa liberdade, pois a responsabilidade é outra. Sabendo os bancos que ao contrair esse crédito por X anos teremos de pagar de uma maneira ou de outra, qual é o impedimento de subirem a taxa de juro sempre que queiram e ao valor que quiserem? Sabendo um patrão que um empregado está endividado e que necessita do vencimento por mais pouco que seja para pagar as suas dívidas, qual será a oportunidade que o empregado terá de negociar um melhor salário e as suas condições?
Então temos os ricos a ficarem cada vez mais ricos, a classe média a fingir que são ricos e caminharem para a pobreza sem o saberem, e os pobres cada vez mais sós neste mundo… uma sociedade global! Penso que não será este tipo de sociedade que queremos ter, não desta forma.
A importância dada ao dinheiro é obcecante… e na realidade o que é que vale? Compra na verdade muita coisa… mas será que compra o mais importante? Será que compra os verdadeiros valores da vida humana? Será que compra a verdadeira amizade? O verdadeiro amor? Será que o dinheiro nos ensina a partilhar?
O que na realidade tem valor é o que é raro…, o escudo já teve valor, e agora que valor tem? O ouro terá sempre valor, a prata, os diamantes… por mais que o mundo se destrua e que se extingue uma moeda, há valores que nunca se perdem, pois são raros. Quero incluir no valor de coisas raras a água e o alimento… não hoje, mas amanhã terá um valor bem mais alto se não tivermos consciência do seu valor hoje. Ainda hei-de ver o sal a ter um valor que já teve outrora. E porquê? Imaginem só um mundo sem electricidade…, lembrem-se dos hospitais, do que conserva a comida (frigoríficos), do que faz funcionar a indústria… e chegamos também à conclusão que a electricidade tem valor! E será que lhe damos o devido valor?
Cada vez mais são os habitantes na terra, cada vez menos são os produtores… com o melhoramento económico de alguns países como a Índia e a China, muitas pessoas desses países, felizmente, atingiram um nível de vida médio, que traz, como é óbvio, uma avidez no consumo, nomeadamente na qualidade alimentar. Só na China, quatrocentos milhões de habitantes atingiram um patamar médio de alimentação… Como chegamos aos supermercados e hipermercados e vemos as prateleiras cheias, nem damos conta de quem produz, e por quanto tempo irá durar a “fartura”… Claro que quem produz está preocupado com a realização de capital… produz-se para render dinheiro… não para alimentar os que passam fome! Então de onde parte o bom senso de combater a fome? De todos nós… racionalizar é preciso… não só para partilhar o que há de “fartura” hoje em dia, mas também para nos preparar para uma eventual escassez alimentar no futuro.
Chegamos então à conclusão que dependemos uns dos outros para (sobre) viver, e se dependemos uns dos outros, temos de aceitar as diferenças que existem entre nós, significa que temos de ser condescendentes uns com os outros, temos de saber perdoar, temos de ter a humildade suficiente para reconhecer quando erramos, pois o erro vive com o ser humano todos os dias. Errar não é grave, pois faz parte do equilíbrio humano. Com o erro aprendemos a não errar, a melhorar o que está mal. Assumir o erro é que se torna mais complicado, principalmente nos dias que correm… em que o erro se tornou o medo de todos, precisamente porque não somos condescendentes.
Quantas pessoas hoje em dia dizem que a vida está boa, que está tudo bem, quando perguntamos como é que a vida corre? Poucas! Para conseguirmos uma sociedade mais justa, temos primeiro de mudar a nossa mentalidade, temos de acreditar mais em nós, acreditar que somos capazes de superar as barreiras que nos são postas, uma vez que só assim avançamos para o nível seguinte…, acreditar que quem está ao nosso lado também consegue o mesmo ou melhor do que conseguimos.
É natural numa sociedade haver ricos e pobres, assim como terão sempre de existir estes dois extremos, haverá sempre o mal para praticarmos o bem, haverá sempre dor para termos prazer, é o ciclo inevitável da natureza, e o que podemos é encurtar os extremos e melhorar o que existe entre eles.
Não podemos mudar o passado, mas podemos melhorar o futuro…, pois compreender os erros do passado dá-nos respostas firmes para enfrentarmos o futuro. Tal como disse anteriormente, dependemos uns dos outros, o rico depende do pobre, o chefe depende do empregado, somos todos dependentes. Como tal, o mundo e a vida humana dependem do que cada um tem para oferecer e, se depender de mim, desejo uma maior dependência de todos nós. Reconhecer a dependência é aceitar e respeitar todos de igual forma, é aprender a viver em harmonia. Acreditem que a vida é bem melhor do que a que vivemos agora, basta acreditarem…

Não morras a pensar no que podias fazer, faz a pensar que vais morrer…

Pedro Lopes 10º Ano NA

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