"O quadro Paisagem de Aldeia com Luz Matinal (A árvore Solitária), de Caspar David Friedrich pode parecer à primeira vista bastante realista. No entanto, a composição não é produto de uma única impressão visual específica. (...) De formato paisagístico apresenta uma planície que se estende sem obstáculos até ao fundo, vista como se o espectador estivesse sobre a pequena elevação que começa nos cantos inferior esquerdo e direito. A partir deste ponto, podemos contemplar um pequeno lago - sem caminho que a ele conduz - e um enorme carvalho que, à primeira vista, parece estar bem perto. No entanto, logo que nos apercebemos também da pequena figura de um pastor encostado ao tronco, a árvore parece, subitamente estar mais afastada e, logo, ser gigantesca. Os aspectos relativos à proximidade e distância estão constantemente em oposição por todo o quadro, pelo que a experiência racional do dia-a dia é deturpada pela irracionalidade visual. Enquanto um idílio de natureza intacta se desdobra em volta do carvalho e do pastor, as aldeias e os pináculos da igreja local, erguidos pelo homem, ficam dessa forma, ocultos e comprimidos pelas montanhas e o céu no interior de um vale. Tudo isto aponta para um simbolismo geral em que o carvalho, elevado à categoria de protagonista, é uma metáfora do crescimento e decadência ou da vida humana em geral: quando o homem se entrega a esses factores elementares, como fez o pastor, pode emfim alcançar a harmonia e a paz."
Caspar David Friedrich, Juliane Steinbrecher - Taschen
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