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sexta-feira, 23 de abril de 2010

QUANDO AS CRIANÇAS FILOSOFAREM ii


O Ponto de vista prático

" Se a filosofia está agora a encontrar o seu merecido lugar nas escolas básicas e secundárias, isso deve-se a educadores decididos que descobriram o prazer em que ela consiste para os alunos e de como isso contribui, de forma significativas, para o seu progresso educativo, inclusive na área das competências básicas, como sejam a leitura ou a matemática."
Estas palavras de Lipman remetem-nos para dois aspectos fundamentais quando falamos no trabalho de Filosofia para crianças:
a) o papel da Filosofia em Educação (interdisciplinariedade);
b) o carácter lúdico da Filosofia.
A interdisciplinariedade é um dos aspectos mais significativos do trabalho em Filosofia. Esta característica só é possível porque decorre desta disciplina uma preocupação pelo mundo circunstante que, do ponto de vista material (dos conteúdos), não marca fronteira, não restringe campos de aplicação, transporta, isso sim, hábitos de análise, de interrogação que, embora próprios desta actividade reflexiva, se vão implantar em outros campos do saber. Por outras palavras, do ponto de vista formal, são sobretudo atitudes e comportamentos que constituem a interdisciplinariedade deste trabalho. Esses comportamentos manifestam-se de forma mesclada em que perfis críticos se confundem com os éticos. (...)
Outro aspecto que se torna difícil de isolar na apreciação que as crianças fazem do seu trabalho em Filosofia, é o carácter lúdico que este traz consigo.
" Filosofia é o gosto de desenvolver o nosso pensamento e a nossa cultura geral." (Joana 9 anos)
Talvez seja pelo seu trabalho de (re)construção do Mundo, juntamente com as operações lógicas a ele inerentes - como a feitura de analogias, o estabelecer e classificar relações, detectar ilações e consequências, etc. - e pelo espírito de descoberta que lhes está subjacente, que constituem os ingredientes necessários a esse gosto pelo pensar, e que os faz considerar a Filosofia, simultaneamente, um tempo de divertimento e de dificuldade.
Filosofia pela Rádio, Colecção Philosophica -Debates, Edição Antena 2, Lisboa -1998

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