Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 1 de abril de 2010

JORGE LUÍS BORGES ii


Dois clássicos da literatura policial e fantástica

Jorge Luís Borges está presente na Biblioteca da Escola através de dois títulos fundamentais da sua obra: Ficções e O Aleph. O primeiro, cuja primeira edição remonta a 1944, é composto por dois livros, inicialmente publicados em separado: O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam e Artifícios, cada um deles constituídos por pouco mais de meia dúzia de contos de temática policial ou fantástica. Alguns destes contos, pela sua originalidade e pela estranheza e inquietude que provocam no leitor, ganharam uma área quase mítica na comunidade imensa dos seus leitores e basta pronunciarmos o seu título para mergulharmos desde logo no seu universo. Por exemplo, Pierre Ménard, autor do Quixote fala-nos do trabalho literário realizado por um escritor francês (fictício), do início do século XX, justamente chamado Pierre Ménard, que resolveu reescrever o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, sem alterar nenhuma palavra, nenhuma vírgula do original. Os parágrafos são exactamente iguais mas, e este mas é importante, não se trata de uma cópia: Pierre Ménard escreve ao seu estilo (para o qual trabalhou imenso, produzindo muitos rascunhos), embora o resultado esteja exactamente o mesmo de Cervantes. Nisto reside a perplexidade da questão: cotejamos o texto de ambos e somos levados a crer que, sendo iguais, são completamente diferentes, porque são de autores diferentes, sem que um (Ménard) tenha copiado o outro (Cervantes). Outro conto emblemático e curioso, com que começa o livro, é Tlön, Uqbar, Orbis Tertius. É uma nota sobre um livro imaginário. Começa com a história acerca de um artigo enciclopédico sobre um enigmático país chamado Uqbar que aparece numa edição de uma determinada enciclopédia e que depois não volta a aparecer em mais nenhum livro. Seguindo a pista dessa edição chega-se à indicação sobre Orbis Tertius, uma conspiração para criar o mundo imaginário que é Tlön. Tudo isto, sendo pura ficção, adquire contornos de uma realidade incrível e ao mesmo tempo plenamente plausível e interessante. Estes dois contos são apenas um exemplo do génio de Jorge Luís Borges. Percorrendo os restantes podemos desfrutar da mesma mestria na abordagem a temas como o infinito, os enigmas, o poder da imaginação, a realidade versus a ficção, o “eu” e o destino, as conspirações e sociedades secretas, a natureza do sonho, etc.
O Aleph é também um livro de histórias curtas, com primeira edição em 1949. Inclui o conto com o mesmo nome, um dos mais conhecidos do autor. É por muitos considerada a sua obra-prima.
J.A.
BORGES, Jorge Luís, 1899-1986
Ficções / Jorge Luis Borges ;
trad. José Colaço Barreiros. - Porto : Público,, imp. 2003. -
158 p. 21 cm. - (Mil folhas ; 39). - Tit. orig.: Ficciones
ISBN 84-96075-62-1
CDU 821.134.2(82)-382
BOR FIC (EB23/SOF) – 8712

Sem comentários: