
Um começo...
Hoje é o último dia do ano. Um fim, um recomeço e tanta nostalgia. A vida é um continuum e, após a balada da meia-noite, nada terá mudado, a não ser, talvez, essa lufada de ânimo, essa vontade, mais vincada, mais presente, de mudar alguma coisa. E todavia, apesar do desejo de mudança, há tanta coisa, nas nossas vidas, que gostaríamos que durassem para sempre. No último dia do ano, eu vou escrever e talvez amanhã escreva de novo, e depois e depois…Escrever, escrever, escrever… como se nada tivesse sido escrito, como se todas as folhas estivessem em branco, como se a invenção da palavra fosse o aqui, o agora, o eu. O tudo, o nada, a mediocridade. Voar no topo da montanha ou no mais baixo do céu. Sempre preferi o nada à mediocridade, ao meio-termo, ao satisfatório. Hoje, reconheço que, por mais modestas que sejam as minhas palavras, elas definem uma parte importante do que sou. Eu vou escrever e ficar aquém, eu vou escrever e falhar, mas vou escrever.