Que dizer de ti, Jesus
que já não esteja dito?
que já não esteja dito?
Ao menos, no Natal,
retiram-te da cruz
e retornas à riqueza da tua criação:
à luz das estrelas,
à verdura do musgo,
ao aconchego do burrinho
que carregou contente
o ventre quente de tua mãe,
às ovelhas e aos pastores
e ao curral, onde também
uma vaquinha com seu bafo
te agasalhou do fino frio
de Dezembro;
à àgua das lavadeiras,
e aos montes com neve,
e ao mistério da noite.
Não sei se houve pranto
nas hora em que saíste,
da doçura do manto,
mas na terra houve canto
e no presépio sorris
eternamente tranquilo,
sem o calvário de espinhos
e sem a pressa de cresceres
para a quaresma eterna.
Ao menos no Natal,
retiram-te da cruz
e dela todos fingem
o esquecimento,
até os das esmolas.
Deixam-te ser menino,
apenas menino de todos nós
(e isto desde a era dos avós!)
até que o novo ano chegue
e as janeiras se cantem
em dia de reis,
por memória tua.
Esquecem-te na cruz
e reverberas de luz
e faz-se a festa
do teu nascimento
com rabanadas de pão,
(algumas sofisticadas!)
e aletria e mexidos,
e bolo-rei, ó Rei menino,
e bolos conventuais
nas mesas mais frugais!
Abençoado sejas
por renasceres
sem te cansares,
menino Jesus.
Que nome lindo,
filho de Deus!
Podias vir mais vezes
e trazeres contigo as estrelas
e o mistério dessa noite.
Descansarias da cruz onde
te pregaram eternamente
e a gente amava-te sem chagas
em presépios de musgo
e de pastores.
Talvez ficasses livre do sacrifício
e a tua mãe pudesse sorrir
sem o horror da cruz onde
te pregaram eternamente,
amor em flor!
Dorme menino, dorme, Jesus,
que no presépio velam por ti
o burro, a vaquinha,
Maria e José
e os pastores
e as ovelhinhas,
e os meninos
que sonham contigo,
Jesus renascido!
Dorme, pérola nua
desafogada de crivos,
dorme "menino de sua mãe"
que ainda é dia
e a água é pura
na consoada.
Dorme, Jesus,
dorme tranquilo
sem dor nem mal
e que Deus te dê
um FELIZ NATAL!
Lia
Sem comentários:
Enviar um comentário