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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Filosofia para Jovens

“Filosofia é um assunto que não interessa só ao especialista porque, — por mais estranho que isto pareça — provavelmente não há homem que não filosofe; ou pelo menos, todo homem se torna filósofo em alguma circunstância da vida. (…) o importante é que todos nós filosofamos, e até parece que estamos obrigados a filosofar”.
(BOCHENSKI)

Podem as crianças raciocinar sobre determinados temas?
Esta poderia ser a questão inicial sobre um possível projecto de filosofia para crianças ou jovens e foi com base nesta interrogação que o grupo de filosofia desta escola teve a “ousadia” de o propor, mesmo sabendo que o modelo padrão da prática educativa tradicional não segue percurso da reflexão e da investigação colectiva. É notório que ainda sofremos da metodologia mais voltada para o ensino expositivo/interrogativo, privilegiando a apreensão sistemática de conteúdos. Não que os conteúdos não sejam fundamentais, pois são evidentemente necessários, mas talvez seja importante reflectir sobre qual a melhor forma de os obter. Talvez seja mais estruturante, o desenvolvimento da leitura, a construção colectiva do conhecimento em sala de aula, as metodologias da descoberta, embora talvez isso implique uma mudança progressiva de paradigma. O que se pretende é desenvolver capacidades ao nível da deliberação, do diálogo, da argumentação, enfim, do raciocínio, uma vez que para filosofar é necessário saber como filosofar. Neste contexto, a capacidade argumentativa é realmente imprescindível, dado que para dialogar filosoficamente, temos que usar argumentos e estruturá-los de forma adequada para sustentar os nossos pontos de vista. Julgo que o desenvolvimento deste aspecto seria importante não só para a disciplina de filosofia, mas teria certamente reflexos positivos em todas as áreas disciplinares.
Para o sucesso deste projecto achamos como aspectos fundamentais a leitura e o diálogo filosófico como princípio educativo e estratégia filosófica, o “fazer filosófico” e a construção de conceitos em sala de aula, as aplicações da lógica no desenvolvimento das competências cognitivas de modo a preparar o aluno para aprender a pensar de forma autónoma e crítica. Se levarmos os jovens a reflectirem sobre temas de carácter introdutório na prática do filosofar, esse será o ponto de partida para que este realize o constante exercício de colocar questões a si mesmo sobre tudo o que o envolve e, mais concretamente, sobre os valores vigentes na sociedade.
A nossa expectativa é que os alunos consigam obter um melhor desempenho, tenham um posicionamento mais crítico, com melhores hábitos de compreensão e intervenção e consequentemente com mais sucesso escolar e com uma maior auto-estima.
Jorge Marques

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