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sábado, 26 de abril de 2008

Saudade

Parece que nasce um peso cá dentro e não conseguimos explicar, não conseguimos porque não soltamos sequer um ai.E suspiramos.Vemos o mundo lá fora e parece que não nos é nada, que não foi aqui que nascemos, como se nos tivéssemos perdido no caminho para casa.E … lembramo-nos dos outros, de nós, de como os outros eram, de como nós éramos. Às vezes temos saudades dos outros, dos que deixámos para trás e dos que nos deixaram. Dos que fizeram questão de nos provar que nada é eterno e que mesmo os mais próximos mais cedo ou mais tarde se afastam e nos desiludem. Às vezes temos até saudades daquilo que já fomos. Passamos em frente ao espelho e bloqueamos o tempo, corremos memórias de nós próprios, e queremos por vezes, mesmo que por escassos momentos, regressar atrás. Fugir para o passado, só para ter o prazer de também dele fugir.E … suspiramos.Às vezes nem damos conta do tempo a passar e quando percebemos certas coisas já é tarde demais para regressar. Mas porque é que o tempo não pára quando nós queremos que assim seja?Sentimos saudade do sol, da chuva, da lua escondida, do amigo que nunca mais deu notícias, do café que aquela pastelaria servia, e guardamos memórias, bilhetes de cinema, de comboio, e fotografias, montes e montes de fotografias porque sabemos
que cedo ou tarde o tempo apagará a memória e já nem a saudade nos deixará sentir.E … voltamos a suspirar.Sentimos saudade de paixões, e de tudo o que já nos fez antes vibrar, viver e explodir em emoção.Sentimos saudade do “amor” e mais parece que é o próprio amor que sente saudade de nós. Sentimos saudade até de sentir saudade. E, por vezes, parece que sentimos saudade do que nunca vivemos, do que nunca tivemos. Até o sentimos pelo que já nos fez sofrer, mas só porque em tempos nos fez sorrir. Damos o último suspiro, e uma vez mais, sentimos saudades da vida.

Ana Arêde Nº 5 10ºB

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