Pesquisar neste blogue

terça-feira, 29 de abril de 2008

Xadrez

“ A vida é um jogo e um jogo tem sempre dois fins: ou se ganha… ou se perde.”

Há quem diga que num jogo não é importante vencer ou perder, que o mais importante num jogo é… simplesmente jogar! Então qual é o propósito de um jogo? Não será testarmos a nossa capacidade de luta? Se estamos neste mundo para perceber se iremos perder mais do que vencer, ou vice-versa! Não será a nossa própria vida um jogo? Se pensarmos que para haver um vencedor terá de haver um vencido… então estamos no sítio certo…, no sítio que o homem identificou como Terra, Mundo!
Será que já alguém se questionou, uma vez que ao nascermos pertencermos já a esta sociedade, se queríamos ter um número que nos identificasse, se queríamos pertencer à mesma religião que os nossos pais ou conhecidos nos transmitiram? Quem somos nós, afinal? Que padrão nos foi passando de geração em geração para sermos semelhantes? Estamos nós a viver a vida de alguém? Será que a nossa decisão é verdadeiramente livre? São inúmeras as questões para as quais não há uma resposta objectiva. Por exemplo, quando tomamos consciência da vida social, das opções religiosas já estamos imbuídos de toda uma cultura que nos condiciona na forma de pensar e agir. Por outro lado, as nossas escolhas talvez não sejam verdadeiramente livres, pois somos influenciados determinantemente pela nossa cultura.
Na vida somos identificados muitas vezes não como pessoas, mas como objectos, somos colocados em prateleiras para depois sermos escolhidos..., mas por quem? Quem é que nos obriga a sermos assim para depois podermos entrar nas escolhas, que padrão é esse que tenta atingir a perfeição em cada geração que passa, que monstro é esse que nos vai obrigando a acreditar que a vida é só para os vencedores, que um dia deixará de existir vencidos. E, se esse dia chegar, o que será de nós depois de sabermos que somos sempre vencedores?
Nós somos o próprio espelho…, nós somos a sombra que tentamos fugir…, nós somos a verdade da própria mentira da nossa existência!
Fomos nós que criámos este padrão, e que com o passar dos tempos ficámos obcecados pela própria obra… da magnífica obra dos humanos…, o culminar da perfeição! Brincamos como as crianças…, destruímos para fazer de novo! É esse o nosso maior desejo…, a nossa maior vontade, é o que nos faz acreditar no amanhã…, naquilo que nos faz viver o dia seguinte.
Se ninguém pede ou implora para vir ao Mundo, então porque razão teremos de fazer parte desta humanidade? Alguns de nós vieram ao mundo pelo simples prazer dos nossos pais, de dizerem que têm um filho, porque é esse o padrão da sociedade!
Parece também ter de haver uma idade para tudo o que fazemos… casamento, filhos, mas em que idade é que nos vamos aperceber que tudo isto não passa de uma mentira, que na vida há algo mais para além disso?
Todos os dias pensamos como viver e às vezes como sobreviver. Todos os meses temos objectivos a cumprir, usando o dinheiro para pagar a nossa felicidade. Todos os anos temos o mesmo objectivo, isto é, que o próximo ano seja, pelo menos igual ou melhor que o anterior. Sempre, mais… sempre, melhor! Nunca estamos bem, nunca estamos satisfeitos! E pergunto eu: será que alguém com setenta anos e que caminha a passos largo em direcção a um fim de ciclo, quando olha para o caminho já percorrido e se apercebe que quase tudo o que fez ou tentou fazer se sente realizado? Não fará tudo parte de um padrão já pré-definido? Não será esse o padrão que nós por vezes resignados e cansados de lutar chamamos de… destino? Não será a coincidência, acção/reacção, ou seja, não será que colhemos o que semeamos?
Todos nós somos jogadores, jogamos (vivemos) um jogo como o xadrez, com regras, mas também com jogadas incertas e imprevistas que nos transmitem a atracção e o entusiasmo pelo viver. Somos como figurantes no filme da vida, em que todos somos actores, realizadores, espectadores, críticos e todos nós fazemos parte de um filme em que o “fim”… é cada um de nós!

Pedro Lopes – 10ºAno Na

Sem comentários: